Por esses dias publiquei um texto de Maria Violeta Pessoa que me foi enviado por seu neto Ângelo Emílio. A cronista se esmerou por escrever as suas memórias, de um tempo em que o nosso município “onde o amanhecer era uma festa e o anoitecer uma esperança”.
Lembrou de
muitas figuras do passado, de Pichaco e seu tabuleiro: “vendia guloseimas” –
escreve – “tinha uma voz bonita e cantava nas festas da igreja, outro era
proprietário de um carro de aluguel. Família numerosa, voz de ébano.”.
Pedro Dias
fez o seguinte comentário: imagino que o Pichaco em referência era o pai dos “Pichacos”
que conheci. Honório, Adauto (o doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o
mandrião).
Lembrei-me
do livro de João Thomas Pereira (Memórias de uma infância) onde há um capítulo
inteiro dedicado aos “Pichacos”.
Vamos aos fatos!
Luiz era um
retirante. Veio do Sertão carregado de filhos, rapazes e garotinhas de tenra
idade. Aportou em Esperança, como muitos que fugiam das agruras da seca. Tratou
de conseguir trabalho para si e sua prole. Já chegou aqui com esposa, dona Vera,
“mulher sofrida e mãe de família exemplar”.
Os
“Pichacos” não conheciam moleza. Tanto se esforçavam que o resultado não tardou
a chegar, tinham uma mesa farta apesar dos horrores da escassez.
João Thomas
narra que muitas vezes encontrou Luiz “cismando sozinho” e dizia de si para si:
- “Vejam
bem, quem foi Luiz de Vera! Morrendo de fome no sertão, com mulher e os filhos,
agora, bem vestido, com as riúnas (botinas) dependuras e engraxadas no torno
(cabide). Ora sim, quem foi Luiz de Vera!”.
Luiz era
vendedor de bolos. Quem os fazia era Dona Sinhá. Diziam-se deliciosos, “principalmente
o bolo Manuê, feito de mandioca puba e que representava a doidice da criançada
da época. O bolo de milho, uma delícia... As cocadas, feitas realmente de coco
e não arremedo do produto usando para dar o ‘gostinho’”, conta João Thomas.
É preciso complementar com as minhas pesquisas.
Zé Luiz morava
próximo ao cemitério. Ele tinha uma fábrica de sordas. Era conhecido por
festejar o “13 de maio” em Esperança. Seus irmãos, Adauto e Honório eram
calejados no coco (uma modalidade da cantoria). Honório possuía um taxi na
praça e fazia as “viagens” do Padre. Adauto, por sua vez, entregava água nas
casas. Tinha também João “Preto” e Silvina. Todos muito trabalhadores.
O canastrão
Pedro vivia de aprontar das suas nas feiras, cujas aventuras já foram por mim
publicadas em livro.
Rau Ferreira
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.