Pular para o conteúdo principal

50 Anos da Mercearia Andrade

Reportagem Especial

Pedro Lourenço (Foto: Blog Esperança de Ouro)
A Mercearia de seu Pedro José de Andrade [Pedro Lourenço] está completando 50 anos de existência. Este sólido empreendimento teve início nos anos 60 quando seu pai - José Joaquim de Andrade - comerciante e marchante em Lagoa de Pedra comprou um imóvel em Esperança na rua Floriano Peixoto, 192.
O velho Porfírio serviu de intermediário no negócio. O terreno estava bem situado e ficava próximo ao futuro Mercado Público que iria ser construído por Arlindo Delgado.
Na época ainda havia um alpendre que vendia lenha e carvão. Foi então que Pedro teve a idéia de abrir um comércio em sociedade com seu irmão Epitácio naquele local. O pai prontamente autorizou e os dois foram até Remígio comprar as instalações.
A mercearia vendia de tudo um pouco: bebidas, estivas e laticínios em geral, contudo o movimento era muito fraco pois o comércio apenas abria suas portas aos sábados, no dia da feira. Ainda no início Epitácio resolveu desfazer a sociedade e partir para o Rio de Janeiro, realizando assim um antigo sonho. Mas Pedro continuou o empreendimento auxiliado por um funcionário conhecido por “Boa tarde”.
E para adquirir seu estabelecimento seu Pedro teve que entrar para a política! O ex-prefeito Joaquim Virgolino era parente de Modesto Vitor e fez a proposta de candidatar um de seus dois filhos, que no entanto recusaram. Contudo, seu Modesto indicou o nome do genro Pedro Lourenço para a uma vaga de vereador pela Arena 2. No dia seguinte Joaquim Virgolino foi pessoalmente a casa de Pedro que lhe fez uma contra-proposta: “Eu aceito me candidatar se você vender o seu terreno que fica localizado no Campo de Aveloz!”. O problema é que Joaquim já havia vendido o terreno a outro que inclusive colocara um caminha de pedras no local. Enfim, Joaquim teve que indenizar o comprador e revender a Pedro.
Nas eleições de 68 seu Pedro obteve 218 votos, faltando-lhe apenas 30 para ser eleito. Segundo consta, nunca teve aula de oratória mas falava muito bem.
No final daquela campanha ele deu início a construção de sua casa naquele terreno, que depois trocou com o pai no edifício da mercearia.
Após esses episódios o Armazém Andrade se tornou um dos mais freqüentados e conhecidos da região. Passou a abrir diariamente e receber fregueses de todas as partes.
O ponto comercial sofreu algumas modificações. Uma delas na gestão de seu Luís Martins quando da abertura da rua José Andrade, onde uma parte foi demolida para alargamento desta avenida. E mais recentemente quando se construiu o edifício de três andares. Atualmente o terreno abriga além da mercearia dois outros pontos comerciais e um segundo piso residencial.
Muito habilidoso, seu Pedro chegou a fabricar os próprios produtos: vinho de caju e jurubeba, vinagre, sabão, pipocas e doces cristalizados de goiaba, fornecendo para outros lojistas. E conquistou ainda uma grande vitória: encaminhar todos os filhos no ramo comercial. Assim é que temos Jó Andrade da Granja e Farmácia Rosa Mística; Jailson proprietário da Bomboniere Andrade, Janilson com o Mercadinho Andrade e Jean com as Embalagens Andrade. Todos muito unidos e perseverantes no comércio.
Por tudo isso seu Pedro Lourenço se destaca como um dos grandes comerciantes de prestígio em nossa cidade, ao lado Zuza Nogueira, Jose Caetano da Silva, Jose Valério, Donato, Benício, Zé Belo, Manuel Cosmo, Paezinho da Bodega, Adauto Rodrigues, José Pessoa, Didi de Lita, Antonio Gogóia, Jeová da livraria, Patrício Bastos, Vilberto Leite, José Cicinato, Cabral, Eretiano e Arlindo da prestação.

Rau Ferreira

Referência:
- ANDRADE, Jailson. Família Andrade: um século de lutas, conquistas e vitórias. 3ª ed. Esperança/PB: 2009;
- Site TER/PB: Eleições de 1968, candidatos a vereador;

- Depoimento: Jailson Andrade via e-mail em 16/01/2011.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco

Hino da padroeira de Esperança.

O Padre José da Silva Coutinho (Padre Zé) destacou-se como sendo o “ Pai da pobreza ”, em razão de suas obras sociais desenvolvidas na capital paraibana. Mas além de manter o Instituto São José também compunha e cantava. Aprendeu ainda jovem a tocar piano, flauta e violino, e fundou a Orquestra “Regina Pacis”, da qual era regente. Entre as suas diversas composições encontramos o “ Novenário de Nossa Senhora do Carmo ” e o “ Hino de Nossa Senhora do Bom Conselho ”, padroeira de Esperança, cuja letra reproduzimos a seguir. Rau Ferreira HINO DE NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO (Padroeira de Esperança) VIRGEM MÃE DOS CARMELITAS, ESCUTAI DA TERRA O BRADO, DESCEI DE DEUS O PERDÃO, QUE EXTINGUA A DOR DO PECADO. DE ESPERANÇA OS OLHOS TERNOS, FITANDO O CÉU CÔR DE ANIL, PEDEM VIDA, PEDEM GLÓRIA, PARA AS GLÓRIAS DO BRASIL! FLOR DA CANDURA, MÃE DE JESUS, TRAZEI-NOS VIDA, TRAZEI-NOS LUZ; SOIS MÃE BENDITA, DESTE TORRÃO; LUZ DE ESPERANÇA, TERNI CLARÃO. MÃE DO CARMO E BOM CONSELHO, GLÓRIA DA TERRA E DOS