O tema aqui abordado é bem atual. Esperança vive uma das maiores crises de água e achamos por bem publicar este cordel do companheiro Evaldo Brasil, que nos ajuda a refletir essa situação caótica.
A ÁRVORE QUE CHOROU PEDINDO ÁGUA
Havia muito tempo
E uma gota não chovia
Um sereninho sequer
Suor e sangue de morte
A falta de água no norte
- era o deus Sol que ardia.
Havia muito sofrimento
Como nunca antes se via
Diarréia nas crianças
Pela água que se bebia
Insolação dos ousados
Quando não amparados
Ante o deus Sol que ardia.
Havia árvores secas
Perante o sol que ardia
Por não estar amparada
Pelas irmãs que pedia
Enquanto desmatando
O homem suicidando
Culpando o sol que ardia.
Mas uma árvore chorou
Pedindo chuva de dia
Pingava na sua sombra
E o poeta assim a via
E cada gota no chão
Era uma prece, oração,
Ato de grande magia.
Era Deus pai que lembrava
Que sempre nos atendia
Mas quem infringir a lei
Por seu crime pagaria
Mas se o erro reparasse
E a vida não desmatasse
Um novo mundo surgiria.
Era Deus naquela árvore
Se doando pra quem via
Era um filho sendo pai
Prenunciando a alegria
A árvore então chorou
Gotas de seiva – sangrou!
Assim a chuva anuncia.
E o desespero da gente
Em luz se transformaria
Em verdadeira esperança
Que em todos renovaria
Depois da chuva sagrada
Depois da copa lavada
Ela não mais choraria.
Esperança, 17/03/2008.
Evaldo Brasil
Ao fim da leitura, achei por bem rimar:
E o poeta faz frente
Ao sofrimento da gente
Ao povo doente
Que pede água!
A essa gente carente,
Que a sua sede sente
E a política ninguém salva!
Rau Ferreira
Fonte:
- BRASIL, Evaldo. Cordel 49.22. A árvore que chorou pedindo água. Feira Livre do Saber – Felis 2010. Escola “Irineu Jóffily”. Ed. Direção Escolar. Esperança/PB: 2010;
- FERREIRA, Rau. Pra acompanhar a rima. Comentários ao Cordel 49.22 de Evaldo Brasil. A árvore que chorou pedindo água. Esperança/PB: 2011.
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