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Maria Beleza*

* A pequenina flor brejeira
Cordel de Evaldo Brasil


I
Toda mulher se faz bela
Quando se faz verdadeira
Se na paixão se revela
Se não desce à rameira.
E se descer dá a volta
Por cima e, sem revolta,
Se faz gente de primeira.

II
Nos idos dos novecentos
Uma bela menina sonhou
Arranjou-se com parentes
Onde à promessa quedou.


Na loja do tio conhece
Uma paixão, lhe aparece
Um viajante a quem amou.

III
Viveram bons momentos
Mas reencontro demora
E à espera se alonga
E o desespero aflora.
Há quem alimente sonho
Mas pesadelo medonho
Reviraria essa história.

IV
Eis que se tranca no quarto
Numa rede, a pequenina,
à preocupação de todos
Já não se via a menina...
E depois de uma reclusão
Entrega-se à condição
Aceitando a sua sina:

V
Lá vem Maria Beleza
Caminhando levemente
Com toda a sua pureza
Vestida num de repente.
O retrato do seu amado
Em banhos, já desbotado
Numa caixinha, presente.

VI
Um sabonete por banho
Sempre toda maquiada
Espera sonho de antanho
Vida inteira enamorada.
Talco, batom e esmalte
Vestidos em escarlate
E todinha empulseirada.

VII
Lá vai a menina fanzina
Em seus trajes caminhando
Lá se foi Maria Beleza
Quem viveu só, esperando
Caminhou para o destino
Ao encontro do menino
Passo a passo, foi sonhando.

VIII
Eis pequena homenagem
Do espaço Mariabeleza
A uma bela personagem
Simbolizando a pureza.
Maria da nossa infância
A mocinha de Esperança
Que viveu sua natureza.

Evaldo Brasil

Fonte:
- BRASIL, Evaldo. Maria Beleza: A pequenina flor brejeira. Literatura de cordel. Edição: Maria Beleza Cabeleireiros. Impressão: Mércio Araújo. Distribuição gratuita por ocasião da inauguração do Centro Comercial Esperança Trade Center.

Comentários

  1. a historia dessa mulher é fantástica, evaldo me contou, uma verdadeira lenda, que pena a maioria das pessoas não se interessam pela história do nosso munícipio!!
    vlw!!!

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