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SOL: Por Emílio de Ibiarra

Emílio de Ibiarra em artigo especial para “A União”, escreve sobre o autor de “Sombra Iluminada”. O texto escrito em castelano, foi reproduzido neste diário paraibano para o deleite dos amantes da poesia onde se entrevê: “El Autor y el critico - El critico y el autor”, numa dualidade de forças que se anulam para transparecer a mais pura arte.
Na sua concepção, Silvino Olavo é um autor “a media luz”, assim como um entardecer de inverno. Ao que confessa: “Aveces creo que es su verbo, la escala sonora de una orquestra de Puccini, con diapasones de alegrias y de penas, en solfas del porvir...”
Em primeiro plano o crítico se apresenta e não assume a posição de réu ou de critico, procurando a sua imparcialidade e se colocando ao julgamento do leitor - “Este soy yó - un pobre critico temeroso de vuestro tribunal”. E ao analisar a peça, afirma em tom preciso:
Sombra Iluminada, no es ninguma metáfora sofistica; ni soy yo tan irrespetuoso, que quiera tener irreverencias con ella”.

E mais adiante:
Sombra Iluminada es un libro mais de versos... péro es un gran libro. - Su autor Silvino Olavo, es un architeta de la poesia, que demonstra tener una concepción una de la verdadera beleza. Es un poeta que no sacrileá la naturalidad de uma expresión expantosa, a la validad de un adorno”.

Para Ibiarra, o poeta se revela quando escreve “Meu canto é o canto da renúncia” (A legenda do último cisne) e pondera: “Hay muchas renuncias en el alma de este poéta”.
Ao longo de todo o artigo tece inúmeros elogios, cita seus poemas e faz referências a autores como Goethe, a quem compara o nosso vate esperancense “caregando sobre sus hombros, los harapos de la vida...”
Embora esta “Sombra Iluminada” tenha arrebada inúmeras críticas favoráveis e se vejam nos jornais diversos comentários, para nós é impreciso que um escritor estrangeiro venha comentar a obra recém estreada em 1927. Mas ao que parece a poesia não tem fronteiras!

Rau Ferreira

Fonte:



  • In: Jornal “A União”, órgão Oficial do Governo do Estado da Paraíba, Suplemento Arte e Literatura, Maio de 1928.

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