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Coisas da minha terra, por Maria Violeta

  Novas lembranças, publicado no jornal “O Norte ”. Texto cedido por Ângelo Emílio , neto da autora.   É lá na Esperança, onde os homens que acreditam em Deus se firmam na esperança dos que alimentam a fé pisando na terra firme e abençoada que lhe serviu de berço, concentrando suas vidas, seus sonhos, alegrias e esperanças dos que vivem na Esperança. Quantas gratas recordações da minha terra. Dona Teté Rodrigues em sua beleza angelical era um exemplo de fé e dignidade. Dedicou toda a sua vida à religião, trabalhando para Igreja, ensinando catecismo as crianças e jovens. Dona Júlia Santiago era outra pessoa ligada à Igreja, ornamentando jarros, ensinando religião e com sua mão de fada pintando lindas coisas com arte e dedicação. E dona Celina Coelho? Esta era demais para mim, pois eu adorava e assimilava feliz todas as aulas de catecismo que ela ministrava além de admirar as lindas flores feitas pelas suas mãos que revelavam a arte. Esta e outras pessoas serviam a comun...
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A saída do Padre João Honório

O Monsenhor João Honório de Melo administrou a Paróquia de N. S. do Bom Conselho de 01/01/1937 à 20/01/1951, sendo responsável por grandes reformas na Igreja Matriz, fundação do Ginásio Diocesano de Esperança e criação da Irmandade do Santíssimo. O Dr. João Batista Bastos , em seu blog “Revivendo Esperança”, coloca-o como “ Austero, de voz retumbante, severo nas pregações, enérgico nas suas decisões ”, porém elogiando a sua atuação paroquial: “ Com a chegada do Padre João Honório de Melo, a Igreja de Esperança começou a ter novo impulso e sinais de renovação, quanto à sua estrutura física e aumento de sua capacidade de acolhimento dos fiéis. Sinal, também, de desenvolvimento, não apenas material, mas espiritual, sob a orientação do novo administrador paroquial ”. O também blogueiro Jailson Andrade , que escreve para o “Esperança de Ouro”, publicou um texto em que resume a personalidade do Monsenhor João Honório: “ Sacerdote de formação   ultramontana de forte personalidade e ...

Gemy Cândido

Gemy era filho de seu Severino e dona Francisca, mais conhecida por “Chiu”. O seu pai era barbeiro e sua mãe feirante. Ele foi o terceiro de nove irmãos, nascido em Esperança, no dia 26 de agosto de 1943. Escritor e crítico literário, verbete da Biblioteca do Congresso Americano, era também sociólogo, bibliófilo e historiador. Foi o primeiro a receber por um produto literário na Paraíba. Exibia com orgulho o cheque emitido pela União Companhia Editora de Cr$ 475,00 em razão de um conto e três comentários publicados no Correio das Artes, mencionados na crônica de Gonzaga Rodrigues: “Do gênero essencialmente literário, laborando o conto ou o bosquejo crítico, esse foi, sem dúvida, o seu primeiro ganho. Não o ganho de Gemy, fazendo jus a algum esforço de redação, mas o ganho do produto [...]” (O Norte, 19/11/1975). E complementa Luiz Augusto Crispim: “ Ninguém escreveu com mais sinceridade sobre criação paraibana do que Gemy Cândido. Até mesmo nas injustiças que comete ” (O Norte: 13/0319...

Esperança, de outrora (Pedro Dias)

Retratando um texto de Violeta Pessoa (Esperança), escreve Pedro Dias : “ Imagino que o Pichaco em referência era o pai dos pichacos que conheci: Honório, Adauto (doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o mandrião). Quanto ao Chico Pintor, era um baixinho de excelente qualidade em pintura e que também era um baita de um Artesão, como mostra alguns dos seus trabalhos. A Elvira em referência era "Elvira Doida" uma pedinte que vivia rua acima, rua abaixo. De Celestino, não lembro. O Messias citado (por Violeta), era o "Garrancho" do qual já falei dele noutro texto. Sobre os cartazes dos filmes a passar, também lembro. O sr. ZUCA era o ZUCA Ferreira, pai de Zé de Zuca que tinha uma concertina (um fole) que era chamado para tocar nos bailes dos sítios e na cidade... Borboleta não é ave, borboleta ave é, borboleta só é ave na cabeça da mulher. Na época, o Sr. Benício já marcava as quadrilhas. Seu titico com o seu violino era uma atração em festas e no coral ...

Luiz Pichaco

Por esses dias publiquei um texto de Maria Violeta Pessoa que me foi enviado por seu neto Ângelo Emílio. A cronista se esmerou por escrever as suas memórias, de um tempo em que o nosso município “ onde o amanhecer era uma festa e o anoitecer uma esperança ”. Lembrou de muitas figuras do passado, de Pichaco e seu tabuleiro: “vendia guloseimas” – escreve – “tinha uma voz bonita e cantava nas festas da igreja, outro era proprietário de um carro de aluguel. Família numerosa, voz de ébano.”. Pedro Dias fez o seguinte comentário: imagino que o Pichaco em referência era o pai dos “Pichacos” que conheci. Honório, Adauto (o doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o mandrião). Lembrei-me do livro de João Thomas Pereira (Memórias de uma infância) onde há um capítulo inteiro dedicado aos “Pichacos”. Vamos aos fatos! Luiz era um retirante. Veio do Sertão carregado de filhos, rapazes e garotinhas de tenra idade. Aportou em Esperança, como muitos que fugiam das agruras da seca. Tratou de co...

Francisco Tancredo Torres

Francisco Tancredo Torres   Francisco Tancredo Torres nasceu no município de Esperança, Estado da Paraíba, no dia 17 de abril de 1928, embora conste em seu registro o dia 18 como sendo o seu natalício. Era filho único do casal Joaquim Vitório Torres (seu Quincas) e Leonélia de Gouveia Torres (dona Nely). Foram seus padrinhos Antônio D’Ávila e Yayá, sua tia paterna. O seu pai era proprietário de uma fazenda na Lagoa de Pedra até que, em meados de 1913, foi nomeado Guarda Civil e, em 1918, foi trabalhar em uma estrada que estava sendo construída entre Soledade e Santa Luzia do Sabugi. Retorna nos anos 20 do Século passado para a Lagoa do Remígio, se estabelecendo no comércio de tecidos e miudezas em geral, com a loja “Flor da Serra”. Mas devido a violência, transfere-a para Esperança. É o próprio Dr. Tancredo quem relata: “Não teve vida longa, foi efêmera a sua existência. Germinou em Remígio, transplantou-se para Esperança [...]. Era uma das mais destacadas casas comerciais da f...

Esperança, por Maria Violeta Silva Pessoa

  Por Maria Violeta da Silva Pessoa O texto a seguir me foi encaminhado pelo Professor Ângelo Emílio da Silva Pessoa, que guarda com muito carinho a publicação, escrita pela Sra. Maria Violeta. É o próprio neto – Ângelo Emílio – quem escreve uns poucos dados biográfico sobre a esperancense: “ Maria Violeta da Silva Pessoa (Professora), nascida em Esperança, em 18/07/1930 e falecida em João Pessoa, em 25/10/2019. Era filha de Joaquim Virgolino da Silva (Comerciante e político) e Maria Emília Christo da Silva (Professora). Casou com o comerciante Jayme Pessoa (1924-2014), se radicando em João Pessoa, onde teve 5 filhos (Maria de Fátima, Joaquim Neto, Jayme Filho, Ângelo Emílio e Salvina Helena). Após à aposentadoria, tornou-se Comerciante e Artesã. Nos anos 90 publicou uma série de artigos e crônicas na imprensa paraibana, parte das quais abordando a sua memória dos tempos de infância e juventude em e Esperança ” (via WhatsApp em 17/01/2025). Devido a importância histór...

O destino de um poeta

  Oscar de Castro Por esses dias deparei-me com uma produção textual de Oscar Oliveira Castro, consagrado médico, natural de Bananeiras, nesse Estado da Paraíba. Presidiu a Academia Paraibana de Letras e também fundador da Cadeira nº 02 daquela Casa, hoje ocupada pela professora Maria do Socorro Silva Aragão. Foi uma coincidência enorme encontrar no Volume 4, do ano de 1948 na revista da APL, após algumas buscas na web, com o título: “Destino de um poeta”. A cópia veio-me pelas mãos benfazejas de Cícero Caldas Neto, este colega que acumula a presidência do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica (triênio 2024/2027) com a instalação do Instituto Histórico de Guarabira. De pronto chamou-me a atenção a poesia “O meu palhaço”. Não duvidei. Era de Silvino Olavo quem Oscar discorria em sua espetacular crônica. Há muito conhecera o poeta esperancense. Fizeram o secundário juntos e participaram do jornal “A Arcádia” do Colégio Pio X. Nessa escola atuaram em pelo menos duas peça...

Ser professora, lembrada ou não

  Por Glória Ferreira Quantas vezes passam por mim, e eu digo este(a) foi meu aluno, não me reconhece, nem olha para mim muitos em seus carrões, nem sequer um “bom dia” me dão... fico triste, pois lembro o nome e onde estudou comigo. Outro dia falei com um ex-aluno, disse-lhe o nome dele e onde estudou. Ele respondeu: “como a senhora tem a memória boa”. De fato, lembro-me de tudo daquele aluno que me dizia: “eu quero só aprender contas!”. “Mas tenho que ensinar todas as matérias!”, retrucava-lhe. Hoje ele é um empresário. Fico muito feliz quando eles passam e sou lembrada como a “professora Glória”. Ser reconhecida é tão bom. Alguns moram em outros Estados, mas quando me encontram em Esperança me dizem “que tempo bom foi aquele. A senhora era tão dedicada com nossa turma”, outros dizem “dei tanto trabalho a professora Glória”. Isso me alegra, pois existem ainda alunos que lembram de mim e, de certa forma, me homenageiam como fizeram na Escola “Irineu Jóffily”. Em uma das au...

Zé Leal em Esperança

  José Leal da Silva nasceu em Alagoa Nova, cidade do brejo paraibano, aos 20 de dezembro de 1924. Passou pela redação d’A União, órgão oficial do governo do Estado. Trabalhou na Revista da Semana e na Noite Ilustrada; foi repórter d’O Cruzeiro e d’O Globo. Na reportagem que lhe valeu o Prêmio Esso de Jornalismo (180 dias na fronteira da loucura) ele foi o protagonista e o próprio escritor. Por seis meses esteve internado no Sanatório Público do Rio de Janeiro lutando contra um vício. A série foi iniciada em 16 de julho 1956 e, segundo a premiação, se “constitui num libelo contra os abusos a que eram submetidos os pacientes” (Esso, 1995:17). Essa minha pesquisa surgiu a partir das memórias de Pedro Dias, amigo pessoal do jornalista, que escreveu o seu “Requiém”, publicado também no livro “Esperança de Cantos e Encantos” (Ideia: 2024). No texto de Pedro, ele fala da passagem de Zé Leal por Lagoa do Remígio, pela cidade de Areia e a Capital paraibana... então indaguei-lhe: e qu...

Esperança de cantos e contos, livro de Pedro Dias

O Município de Esperança ganha mais uma obra poética com crônicas que nos remete ao seu passado. Pedro Dias do Nascimento, que muito tem contribuído para o resgate histórico de nossa cidade, publica agora o seu primeiro livro “Esperança de Cantos e Contos”. Nele ele canta as suas musas, lembra dos lugares, parentes e amigos; as brincadeiras da infância e os namoros da adolescência com muito entusiasmo. A felicidade é um encanto a parte, com homenagens às mães, às flores e as manhãs... A natureza é vista no “Baobá solitário” e no “Cajueiro amigo”. O “Irineu Jóffily” é revisitado, assim como a casa de seu Dogival, onde morava o seu querido “Bufé”. E nisso sou grato pela homenagem. Nós sabemos bem o quanto ele privava de sua amizade. Guarde na memória aqueles bons momentos da rapaziada... São muitos personagens da velha guarda, como os Pichacos, Estelita, Três Motor, Maria Beleza e Farrapo, os quais são mencionados com um ar de saudosismo. E o “Palhaço Alegria”? Que crônica imperd...

Pelas brechas das janelas - Beinha e as serestas

Havia muita ingenuidade na Esperança de outrora. Os rapazes costumavam fazer serenatas para as moças, coisa que não era permitido, pois se proibia o barulho na cidade e as luzes eram desligadas às 22 horas. O que não era empecilho para a trupe de amigos: Beinha, Fernando Bezerra e Eleusio Freire. Eles não cantavam nada, não tinham voz. No entanto, carregavam uma “vitrolinha” e punham para tocar músicas de Nelson Gonçalves, Orlando Silva ou Roberto Carlos para as suas namoradas. Eles chegavam por volta da meia noite ou uma hora da manhã. Como eram em trio, dois ficavam nas esquinas “pastorando” a polícia, pois se fossem pegos poderiam receber algumas bordoadas e até mesmo serem presos por perturbação ao sossego alheio. Quando ouvia o silvo do guarda de quarteirão imediatamente desligavam o som e corriam para a casa de outra namorada, assim conseguiam escapar da ação policial e fazer a alegria das “meninas”. “ Tudo no escuro, mas a gente via que as meninas acordavam, porque ficávam...

Centenário da Capelinha do Perpétuo Socorro

  Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira O Município de Esperança, no Estado da Paraíba, abriga a menor capela do mundo sob invocação de N. S. do Perpétuo Socorro, conhecida como “Capelinha das Pedras”, por se encontrar erigida sobre o lajedo do Araçá (lugar onde primeiro se avista o sol), que neste ano (2025) completa o seu centenário. A construção se deu por iniciativa de Dona Esther Fernandes de Oliveira (1875-1937). Esa senhora era esposa de Manoel Rodrigues (1882-1950), o primeiro prefeito da cidade, a qual havia feito uma promessa preconizando o final da “Cholera morbus”. A doença chegou à Província da Paraíba em 1861, alastrando-se por todo o Estado, e alcançando a sua forma epidêmica por volta de 1855, fazendo com que o Presidente deste Estado adotasse algumas medidas drásticas, pois não havia condições de combater aquele mal, tais como limpeza de ruas, remoção de fezes e outros focos de infecção que exalavam vapores capazes de propagar a epidemia. As condições eram pr...