Poeta, jornalista e escritor Silvino Olavo da Costa destacou-se em publicações na imprensa da Parahyba, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Silvino
nasceu na Lagoa do Açude, muito distante da sede do município. O seu pai era
fazendeiro. Naquele tempo, devido a distância e outros fatores, os
proprietários "contratavam" professores para lecionarem aos seus
filhos e filhos dos moradores. Esses mestres passavam a residir na propriedade
e a sala da Casa Grande lhes servia de escola. É provável que isto tenha
acontecido ao poeta.
A
educação "formal", por assim dizer, ele iniciou no Externato do casal
Joviniano Sobreira e Maria Augusta, em Esperança (1915).
Presume-se
que já sabia ler, assim como fazer contas simples; não se exigia muito além da
tabuada e algumas operações matemáticas. De maneira que o seu ingresso escolar,
neste município, no meu entender foi para complementar a sua educação, pois ele
só poderia prosseguir para o ginásio se passasse pelo ensino primário.
A
menção que se faz, quando se diz que ele “teve o primeiro contato com as letras
e à oratória”, é no sentido da literatura clássica, pois o costume da época,
entre os sitiantes, era a leitura de folhetos de cordéis, uma poesia mais
rústica e popular.
É
o próprio Silvino quem nos diz: “Em casa de meu avô era matéria obrigatória
de serões a leitura desses folhetos em que se pagavam em justas, ao som da
viola, esses improvisadores geniais, sempre ciosos da sua força satírica diante
do adversário, em jamais se confessarem vencidos, um ao outro” (A União:
1926).
Iniciou
os estudos secundário no Colégio Pio XI, em João Pessoa. Naquela escola fora
agraciado com a medalha de honra por sua dedicação estudantil, sendo ainda
muito atuante no grêmio “A Arcádia”. O grêmio mantinha uma revista redigida
pelos alunos daquele diocesano, para o qual o poeta sempre escrevia.
Foi
redator-chefe do “O Jornal”, órgão da imprensa paraibana, pertencente a Horácio
Rabello, e que era dirigido por José Gaudêncio. Nessa época, foram seus
companheiros de redação Eudes Barros, Orris Fernandes Barbosa, Peryllo
Doliveira e Ayres Alves.
Na
Parahyba escreve ainda para a revista “Era Nova” (1921-1926) e publica alguns
artigos n“A União”, sendo um dos primeiros a atuar no Suplemento “Arte e
Literatura” daquele folhetim, avulso que se publicava aos domingos.
O
esteta da poesia também colaborou, por algum tempo, com a imprensa pernambucana.
Destaca-se as suas participações nos periódicos: Estrellas de Junho,
Brasil-Portugal, Pé de Moleque, Diário da Manhã, Jornal do Commercio, Diário da
Tarde, Revista Pernambucana e A Rua (revista editada no Recife que veio
substituir o periódico “O Fogo”).
No
Rio de Janeiro publica em jornais, revistas e folhetins, que lhe deram certa
notoriedade, como ele próprio confessou: “lutara lá pela vida, pela
conquista de uma carta de advogado e pela publicação de alguns poemas tradicionalistas”.
Na
então capital federal, os seus textos podiam ser lidos: n’A Crítica, dirigida
por Franco Vaz; Diário Carioca, que tinha Salles Filho como redator-chefe;
Brasil Social, magazine dirigido por P. A. Soares; Fon-Fon, revista idealizada
por Gonzaga Duque; Gazeta de Notícias; Ideia Ilustrada; Mundo Literário, sob a
direção de Théo-Filho e Agrippino Grieco; Nação Brasileira, de propriedade de
Alfredo Horcades; A Época, revista da Faculdade de Direito, dirigida por Oscar
Saraiva e n’A Província.
Não
obstante, encontramos textos de sua autoria na Revista da Cidade (PE), Revista
Pio X (PB), Revista Flamma (SP), Revista Souza Cruz (RJ), Revista Phoenix (RJ),
Revista Para Todos (RJ) e Revista de Guarabira (PB).
Aderindo
às ideias modernistas, escreve para a REVISTA DE ANTROPOFAGIA - publicação que
tem origem no Manifesto Antropófago escrito por Oswald de Andrade:
“Estou
simpatizando danadamente com a ‘Antropofagia’ de vocês, e cá por essas bandas
também pratico o meu credo. (...).
Do
professorado que não substitui nos programas o ensino de Camões por um curso
completo de Macunaíma faço um sarapaté de arromba e gozo de novo o parati de
Caxitú com estalinhas na língua.
Tudo
isso me parece matéria mais ou menos subsidiária do programa antropofágico. Não
é?” (Edição N° XII, p. 12. 26 de junho. São Paulo/SP: 1929).
Há
alguns textos críticos de cunho político. Um dos mais polêmicos foi "A
Questão dos Impostos Parahybanos" publicado n'A União. A matéria, que foi
republicada na Paraíba pelo órgão oficial do governo, ocupava duas páginas da
edição do dia 06 de junho daquele ano. E trouxe um importante relato do governo
paraibano na defesa de seus interesses: “O que a Paraíba está fazendo
atualmente não é nada mais nada menos do que resistir com um ato instintivo de
conservação”, escreveu Silvino.
Mas
há também textos literários nos quais discorre sobre importantes figuras e
obras de seu tempo. Destaca-se a resenha como título "O Romance do
Nordeste", sobre o livro "A Bagaceira" de José Américo de
Almeida.
O
texto foi publicado no Jornal “A União”, edição de sábado dia 21 de abril de
1928. Segundo narra, ele foi um dos primeiros a receber o monumental livro e
“talvez, o primeiro a proclama-lo entre os amigos um dos maiores romances
brasileiros, senão o maior”, escreveu.
Na
sua opinião, “'A Bagaceira' é obra sem modelo no nosso país. Sua forma
estará sempre presente a seu próprio espírito. E dele não se separará jamais.
[...]. A própria linguagem, um produto genuíno do clima e do solo, é a
linguagem da raça que começou a falar. Como são saborosos os tons de mesiçagem
dessa lingua! Que admirável condensação de pitoresco! Que riqueza de
incrustrações maravilhosas à velha lingua dos nossos pais portugueses!”,
escreve.
O
nosso poeta foi o primeiro a ler e comentar essa obra magnífica, que inaugurou
por assim dizer o regionalismo nordestino. Ele próprio levou o volume ao
Presidente João Suassuna - de quem era franco amigo - para publicar o livro do
então desconhecido Zé Américo.
Outras
vezes nos deparamos com suas ideias sobre “Política e Democracia” e seus
conceitos de habeas corpus em “Vamos acertar os relógios”. Por fim, temos os
textos biográficos de "João do Rio" e de seu colega de redação
Peryllo D'Oliveira (“Criadores e Criaturas”).
Trazendo
à memória os efeitos da I Grande Guerra Mundial e a busca de soluções escreve
sobre o "Cooperativismo de Consumo no Brasil" para A União em 01 de
janeiro de 1929. Este artigo foi citado pelo historiador José Octávio no livro
"O Brasil da Primeira Guerra ao Estado Novo" (1988).
No
entanto, Silvino mostra-se versátil, pois trata de assuntos como o
Evolucionismo (Revista A Época: 1923), Comércio Marítimo (Diário da Manhã:
1923), Folclore, e sobre os Violeiros do Norte (A União: 1926), Crédito
Agrícola, A Indústria Falimentar, A Usura, O Sistema Raiffeisen e o Imposto
Territorial (A União: 1928), além d'A Função Social da Fortuna (A União: 1929)
e muitos outros.
Não
posso deixar de citar o texto silvinolaviano “As razões do négo parahybano”
publicado no Diário Carioca em 24 de agosto de 1930, que trata sobre a decisão
de João Pessoa Calvalcanti negar apoio ao candidato apresentado por Washington
Luis.
Ele
fez parte da Associação de Imprensa Brasileira fundada no Rio e que era
presidida pelo Dr. Alvim Horcades, assumindo a Direção da Delegação Paraibana
em 1928.
Rau
Ferreira
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