Pelo que sei, o português Marinheiro Barbosa não
passou muito tempo aqui. É que os índios Cariris eram muito valentes, a
história da Paraíba nos conta isso. Eles resistiram bravamente à colonização portuguesa,
inclusive quanto a criação da "Filipéia de Nossa Senhora das Neves"
(atual João Pessoa).
O tanque do Araçá, como hoje o conhecemos, era o
único reservatório d'água potável e incluía todo o açúde Banabuyé. Quando este
marinheiro se instalou em nossa cidade, certamente, ficou próximo a este
manancial. A história narra que ele ocupou parte das terras onde se localiza a
Beleza dos Campos. Nesse aspecto, podemos crer que houve certo conflito entre o
português (e seus parentes) e os índios. Já li em algum lugar que ele não se
"adaptou" ou "não passou muito tempo nessas terras". Na
verdade foi afugentado pela violenta investida dos índios.
Meus avós contavam uma história de um português que
caiu nas mãos dos silvícolas, e eles estavam prontos para devorá-lo; então,
muito perspicaz, cobriu de promessas uma índia e fugiu com a nativa, chegando
até uma fazenda onde ela foi deixada para trás. Ele escapou daquele final
trágico.
Outro mito diz respeito a "Pedra do
Cabloco", nas proximidades do Sítio Cabeço. Esta propriedade pertenceu a meu
avô materno durante muito tempo e os moradores da região já comentavam. A pedra
parece ter o formato dum sapo, a boca esconde um funda caverna onde os índios
moravam. Quem já entrou lá diz que as pedras - de difícil acesso - forma
degraus enormes! Eu mesmo já tive oportunidade por duas vezes de subir naquele
local, mas a descidas só com cordas de rapel.
Então, contam os antigos que ali era uma fazenda
duma senhora e esta era criadora de gado; sempre que matava um animal ela cedia
os "bofes" (miúdos) para os índios se alimentarem. Certo dia, ela
sacrificou um animal e não deu aquela iguaria aos silvícolas. Ocorre que, na mesma
noite, eles adentraram a fazenda e dizimaram algumas criações. A fazendeira
procurou os capitãs do mato que cercaram a pedra. Resultado, os índios morreram
de fome e sede após algumas semanas, e quem tentava escapar era fuzilado a
balas.
Até pouco tempo atrás ainda se podia ver os
ossinhos deles, bem branquinhos...
No interior da pedra há registros rupestres:
figuras, escritos etc. Mas também de pessoas aculturadas que ali passaram, por
exemplo Cunha Lima. O interior é pouco explorado e inóspito. Dizem, já serviu
até como observatório militar durante a intentada comunista de 1932.
Há ainda a lenda Caricé, acerca de uma índia
insulada por um português donatário das Sesmarias originais e que teve um filho
desse amor.
Quanto à emancipação do Município, o poeta Silvino
Olavo e o Coronel Elísio Sobreira (patrono da polícia militar da Paraíba e
grande combatente de Teixeira), usaram de sua influência para elevar a Vila.
Um detalhe: enquanto vila pertencia a Alagoa Nova,
mas a Comarca era Areia, da qual pertencia também Alagoa Nova. Esta última,
termo judiciário. Não havia "Paço Municipal". Esta história é muito
florida. Veja bem, se estudarmos a instalação da Câmara, a história nos diz que
ela funcionou numa casa emprestada, salvo engano, na Rua do Boi... Então, da
mesma forma, a prefeitura, que NA VERDADE instalou-se na casa de Manoel
Rodrigues de Oliveira. Daí que a "derrubada" daquela residência para
se construir o Banco do Brasil foi o maior crime histórico que já ocorreu entre
nós. Parece-me, apenas Dr. João de Deus reclamou e, a população inerte, aceitou
a "evolução tecnológica em linhas geométricas do pós-modernismo". Por
fim, construíram um prédio sem nenhuma novidade arquitetônica...
Desculpe se fui prolixo demais.
Um abraço,
O Índio Banabuyé
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