Manoel Batista de Morais (1875-1944) ficou mais conhecido pela alcunha de Antônio Silvino. Movido pelo sentimento de vingança dos assassinos de seu pai, o cangaceiro liderou o bando do seu finado tio Silvino Ayres e atuou em diversas cidades do compartimento da Borborema, entre elas Esperança.
Era identificado como Leão do Norte, Rifle de Ouro, Mestre da Morte e outros epitetos. Sua conduta porém, destacava-se dos demais bandoleiros: roubava dos ricos, fazia justiça às moças defloradas e jogava moedas para os pobres.
Segundo relatos, certa vez Antonio Silvino apeou seus cavalos nas proximidades do SESP enquanto um de seus cabras procurou os comerciantes locais que lhe forneceram a ajuda necessária, no compromisso de abster-se de pertubar estas paragens. Alcançado o intento saiu sem deixar rastros. O “Capitão” considerava esta uma terra “onde a gente é muito mansa” (Chagas, p. 128).
A vida e as proezas de Antonio Silvino foram contadas em versos por Francisco das Chagas Batista (A Vida de Antonio Silvino, 1904). Em alguns versos de cordel que se atribui façanhas ao “herói do norte”, encontramos a seguinte menção da presença deste cangaceiro na cidade:
“- 31 -
E entrei, no dia seguinte,
Na povoação de Esperança.
Na povoação de Esperança
Dois macacos eu prendi,
Como êles não se opposeram
Soltei-os, não os offendi;
Então dos negociantes
Os impostos recebi.
Que exigi somma guardada
Do commercio ninguém pense:
Recebi só os impostos
Porque isto a mim pertence,
Até que um dia o governo
De perseguir me dispense
Da Esperança dirigi-me
A Villa de Soledade,
Ahi, de José Coito,
(com quem tenho inimizade)”.
Por três vezes Antonio Silvino tentou a reabilitação, tendo inclusive procurado o Padre Francisco Gonçalves de Almeida, vigário de Esperança, e aos padres José Paulino e Custódio de Santa Luzia, para que estes interviessem em seu indulto. O resultado foi um acordo, em 1912, entre Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco para acabar com o Cangaço a qualquer pretesto.
Foi preso em 1914 ele cumpriu pena na Casa de Detenção do Recife onde permaneceu por 22 anos. Liberto em 1937, veio residir em Campina Grande, onde faleceu e foi enterrado.
Rau Ferreira
Fonte:
- Livro do Município de Esperança, Ed. Unigraf: 1985, p. 35;
- FERNANDES, Raul. Antônio Silvino no RN. Ed. Clima: 1990, p. 56;
- BATISTA, Francisco das Chagas. Literatura popular em verso. Casa de Rui Barbosa: 1977, p. 83/84;
- GRUNSAN-JASMIM, Élise. Trad. Maria Celeste F. Marcondes e Antonio de Pádua Danesi. Lampião: senhor do sertão. Editor Universidade de São Paulo: 2006, p. 27;
- MAIOR, Mário Souto. Antônio Silvino, capitão de trabuco. 2ª Edição. Bagaço: 2001, p. 57.
- CARVALHO, Rodrigues. Serrote Preto: Lampião (e seus sequases). 2ª Edição. Sedegra: 1974, p. 376;
- CURRAN, Mark J. História do Brasil em cordel. Edusp: 1998, p. 67.
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