Pular para o conteúdo principal

Rádio Cidade Esperança - 1310 AM


Lembro-me quando entrou no ar a Rádio Cidade de Esperança. Passei a tarde sintonizando a sua frequência em uma rádio-vitrola, na expectativa de ouvir a primeira estação do município. Foi por volta das 18 horas que consegui identificar a modulação 1.310 Khz, tendo aumentado o volume para registrar aquele momento histórico.

A sua inauguração se deu em janeiro de 1989, fundada que foi pelo médico Dr. Armando Abílio Vieira e pelos irmãos Gadelha.

A Rádio Cidade Esperança AM Ltda exibia 10 KW a partir de um transmissor TEEL instalado no Sítio Cruz Queimada, potência essa considerada alta para os padrões da época, irradiando o seu sinal para todo o compartimento da Borborema.

A cidade estava em festa ao som da A ZYI-691, com grandes nomes da radiofonia como Cleude Lima, Nando Fernandes, Barbosa Santos e Jota Júnior. Alguns eram egressos da Rádio Clube Pernambuco ou Jornal do Comércio do Recife, a exemplo de Rudy Barbosa, os quais estavam sob a Direção Artística de Germano Ramalho. Os estúdios funcionavam na rua Monsenhor Palmeira nº 471.

Pereira Nascimento, em seu livro “História da Radiodifusão na Paraíba” é quem melhor relata esses primeiros anos da emissora:

“Durante os cinco primeiros anos, a Rádio Cidade Esperança AM Ltda se identificava com seu público ouvinte, pois cumpria fielmente o seu papel de emissora regional. Quando se iniciaram as divergências políticas entre o Dr. Armando Abílio e os Gadelhas, causou o afastamento dos acionistas Celso Abílio e Gabino Donato, provocando uma disputa pela direção, de um lado Geraldo Batista e do outro o radialista pernambucano Rudy Barbosa pelos Gadelhas. Finalmente, assumiu a Direção da Rádio a não muto experiente Silvana.

Dessa época para cá ficaram como seus principais acionistas os senhores Dalton Gadelha e Renato Gadelha, tendo como sócio majoritário o Dr. Armando Abílio” (Editora Persona: 2003, pp. 320/321).

Em 1997, a rádio se coligou com a CBN – Central Brasileira de Notícias, especializando-se em matérias jornalísticas, e se afastando da programação artística e cultural. No entanto, essa parceria foi breve, encerrando-se em 10 de dezembro de 1998, quando a rádio retornou com a sua grade habitual.

Por esse tempo experimentou problemas técnicos, entrando em funcionamento o transmissor reserva Bandeirante de 1 KW. Nascimento Pereira, em sua obra, registra que nos meses de novembro e dezembro de 2002, a emissora saiu do ar “por vários motivos, principalmente políticos” (Editora Persona: 2003, pp. 322).

Porém, no ano seguinte, passou por uma revisão técnica, tendo sido contratado o poeta João Dantas para assumir a superintendência da rádio, o qual providenciou a instalação de um estúdio auxiliar em Campina Grande, no 1º Andar do Edifício Valença, situado à rua Bento Viana nº 29, onde passou a ser feita a maior parte da programação.

Na ocasião, era Diretor-presidente o Dr. Renato Gadelha, enquanto que o locutor Joseildo Monteiro era encarregado da direção técnica e Juarez Amaral o responsável pelo jornalismo, sendo radialistas: José Laurentino, Reinaldo Costa, Polion Araújo, Carlos Magno, Edil França, Paulo Roberto, Geovaldo de Carvalho e Rinaldo Rocha. Era operadores de rádio: Joilson Santos, Edson Lucena, Dorgival Curvelo (Doginho) e Nando Fernandes. A secretária era a Srta. Andreza Cunha Pereira.

O programa matinal era “Votos e vidas” às 05:00 horas, e o primeiro jornalístico “Jornal da Verdade”, por volta das 05:45 horas, seguido pelo musical “Manhã Total”, com início às 09:00 horas, até emendar ao meio-dia com o “Jornal da Cidade”, que dava lugar para o musical “Tarde da Cidade”, pelas 13:30 horas até às 18 horas, quando se iniciava “A Voz dos Municípios”. Depois, ouvia-se a “Cidade em Revista”, com a “Voz do Brasil” pelas 20 horas, com um musical até às 22 horas, e o “Programa Evangélico” encerrando as suas atividades diárias.

 

Rau Ferreira

 

Referências:

- NASCIMENTO, Pedro. História da radiodifusão na Paraíba. Editora Persona: 2003.

- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes Historiográficos do Município de Esperança. A União. Esperança/PB: 2015.

 

Comentários

  1. Feliz com o registro e triste pelas razões do fim dessa primeira rádio da cidade. Sinto a necessidade de supor que o transmissor era STEEL, ou seja, de aço inox, pela resistência e durabilidade; bem como de dizer que o ZYI-691 era a identidade da emissora junto a ANATEL... Em conversa com Antonio Barbosa, ele me disse estar sintonizando na frequência 1310 uma programação evangélica. Testei em meu radinho e, de fato. Só ainda não sei qual emissora e se é apenas um interferência, já que as faixas AM oficialmente estão desativadas.

    Evaldo Brasil
    Via WhatsApp, em 08/10/2025, 10:18 horas

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

Antes que me esqueça: A Praça da Cultura

As minhas memórias em relação à “Praça da Cultura” remontam à 1980, quando eu ainda era estudante do ginasial e depois do ensino médio. A praça era o ponto de encontro do alunado, pois ficava próxima à biblioteca municipal e à Escola Paroquial (hoje Dom Palmeira) e era o caminho de acesso ao Colégio Estadual, facilitando o encontro na ida e na volta destes educandários. Quando se queria marcar uma reunião ou formar um grupo de estudos, aquele era sempre o ponto de referência. O público naquele tempo era essencialmente de estudantes, meninos e moças na faixa etária de oito à quinze anos. Na época a praça tinha um outro formato. Ela deixava fluir o tráfego de transporte de carros, motos, bicicletas... subindo pelo lado direito do CAOBE, passando em frente à escola e descendo na lateral onde ficava a biblioteca. A frequência àquele logradouro era diuturna, atraída também pelas barracas de lanche que vendiam cachorro-quente e refrigerante, pão na chapa ou misto quente, não tinha muita ...

Centenário da Capelinha do Perpétuo Socorro

  Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira O Município de Esperança, no Estado da Paraíba, abriga a menor capela do mundo sob invocação de N. S. do Perpétuo Socorro, conhecida como “Capelinha das Pedras”, por se encontrar erigida sobre o lajedo do Araçá (lugar onde primeiro se avista o sol), que neste ano (2025) completa o seu centenário. A construção se deu por iniciativa de Dona Esther Fernandes de Oliveira (1875-1937). Esa senhora era esposa de Manoel Rodrigues (1882-1950), o primeiro prefeito da cidade, a qual havia feito uma promessa preconizando o final da “Cholera morbus”. A doença chegou à Província da Paraíba em 1861, alastrando-se por todo o Estado, e alcançando a sua forma epidêmica por volta de 1855, fazendo com que o Presidente deste Estado adotasse algumas medidas drásticas, pois não havia condições de combater aquele mal, tais como limpeza de ruas, remoção de fezes e outros focos de infecção que exalavam vapores capazes de propagar a epidemia. As condições eram pr...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...