Por essa época, foi iniciada a
construção de uma estrada que viria a beneficiar Esperança. Os estudos foram
iniciados em 17 de novembro de 1920, e concluídos a 13 de fevereiro de 1921. O trecho
seria: Alagoa Grande - Areia – Esperança. O seu ponto terminal seria a Lagoa
Salgada, que hoje pertence ao Município de Montadas, mas à época era território
esperancense.
Segundo consta no IFOCS:
“O ponto terminal desta
estrada é Esperança – povoado no município de Alagôa Nova. O terreno deste
município divide-se em brejos e caatigas. É regado o território deste município
pelos rios Mamanguape e Riachão. Há diversas lagoas, e muitos açuces. Os seus habitantes
cultivam em grande escala a mandioca, o milho e o feijão” (Estradas de
Rodagens: IFOCS, 1919-1925).
No traçado foram projetadas “curvas de
raio mínimo de 60 metros e rampa de 3 a 4%, com excepção do Kilômetro 20, onde
existem rampas de 10 a 15% chega ao local Lagoa Salgada, situado na estrada
carroçável de Pocinhos a Esperança, distante da povoação de Pocinhos 11 Kilômetros
e da cidade de Campina Grande, sede do município do mesmo nome, cerca de 32 Kilômetros” (Estradas de Rodagens: IFOCS, 1919-1925).
Este seria o segundo trecho da
estrada, sendo o primeiro trecho Alagoa Grande -Areia. Além desta via
principal, havia uma série de ramificações que interligavam a sede do Município
de Esperança (PB) aos seus distritos e povoados, os quais estavam a cargo da prefeitura
municipal de Alagoa Nova e, após a emancipação (1925), foram empreendidas uma
série de implementos nos governos que se seguiram. Os estudos de pavimentação
apenas foram viabilizados na metade do século passado.
No livro “Motor Roads in Latim
America” consta que a estrada Alagoa Grande a Areia e Esperança tinha a largura
de seis metros e 8,5% de rampa, com 30 metros de curva de raio em alguns pontos.
O estudo do Departamento de Comércio Americano também registrava que 14 Km eram
transitáveis o ano todo e que o resto precisava melhorar.
A Lagoa Salgada é considerada “uma
das maiores reservas fósseis da Paraíba” (NERY: 2015), onde foram
descobertos primitivas ossadas de preguiça e tatu gigantes e até mesmo um
mastodonte a pouco menos de 70 cm, em uma área do tamanho de um campo de
futebol.
Não sabemos se o traçado da
estrada carroçável é o mesmo em que foi feita a pavimentação, já que pode ter
havido alguma modificação ao longo dos anos, como a BR 104, no trecho do Riacho
Amarelo, em que foi abandonado a antiga estrada vicinal, para se adotar aquela
que conhecemos hoje.
Rau Ferreira
Referências:
- CURRAN, Frank B. Motor Roads in
Latim America. Trade Promotion Series nº 18. Department of Commerce. Washington/DC:
1925.
- DNOCS, Relatório:
1924. Exemplares 60/61. Rio de Janeiro/RJ: 1924.
- IFOCS, Estradas
de rodagem e carroçáveis construídas no Nordeste brasileiro: 1919 a 1925. Imprensa
Oficial. Exemplar 61. Rio de Janeiro/RJ: 1927.
- NERY, Janiele França. Paleontologia
na Paraíba: potencialidades e perspectivas. 1ª Edição. Jonvile/SC: 2015.
- VIAÇÃO, Ministério (da). Relatório:
1921. Imprensa Oficial. Rio de Janeiro/RJ: 1922.
Ontem e hoje. Muito bom. Pena que o aspecto paleontológico não foi potencializado por nenhum dos município aos quais se vincula.
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