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Esperança: topônimo e registros documentais

O vocábulo “Topônimo” designa o nome próprio ou geográfico de uma região, é seu nome de origem na geografia territorial. Irineu Jóffily em seu livro “Notas sobre a Parahyba” (1892) nos informa que Banabuyé sempre foi o nome deste Município, e acrescenta que este era mais auspicioso do que a sua atual denominação.

A história registra que o povoado se desenvolveu no entorno do açude de mesmo nome, nas proximidades do Tanque do Araçá. A palavra indígena sofreu mudanças: Boa Esperança (1872) e, finalmente Esperança (1908).

Porém, quais seriam essas fontes? Debrucei-me e, em vista de alguns elementos coletados, me propus a fazer um breve estudo sobre os termos empregados desde a sua origem em relação ao Município de Esperança.

Assim, consultei não apenas as leis provinciais, como também livros, revistas, cartas, notas em jornais pois, não podemos dispensar a documentação existente à época, que igualmente menciona este topônimo e que nos dá uma ideia de sua evolução ao longo dos anos.

Pois bem. O manuscrito do Capitão-mor Clemente de Amorim Souza, desbravador da 4ª Companhia de Cavalaria de Ordenanças do Cariri de Fora de Campina Grande, datado de 31 de maio de 1757, apresenta o “Sítio chamado Banabuié situado à beira de um açude” (R. IHGP-1953, p. 10-13).

Na forma da Lei nº 339, de 27 de novembro de 1869, a citação é “Banabuyé do termo de Alagoa Nova”; e na Lei nº 771, de 12 de setembro de 1874, nos aparece como “povoação da Esperança do termo de Alagoa Nova”. Enquanto que a Portaria nº 344, de 21 de março de 1872, cria o Distrito de Banabuié.

Devemos ainda consideração, na formação deste topônimo, as Sesmarias que eram concessões de terra pela Coroa Portuguesa. Exemplo disso, é que encontramos o requerimento de Luís Barbosa da Silva (Tombo nº 759) a doação de terras no “Riachão”, cuja propriedade fazia “limites com as dos herdeiros de João da Rocha, no lugar banabuié” (SALES: 1990, p. 24).

A Sesmaria nº 569, cedida em 1762, pertencente a Bartholomeu Gomes e Ayres Gomes Correia, que confrontava pelo poente com as “as terras da fazenda Banaboé Cariá pelo norte” (TAVARES: 1910, p. 302).

Em 1789, Manoel Gonçalves Diniz, José Barbosa, Veríssimo Freire, e Francisco Barbosa recebiam a sesmaria nº 930, cuja extensão dava do Sertão das Alagoas (Remígio) até Banaboié (sic). A eles eram concedidas uma possessão entre as terras de João Morais, no Rio Araçagi, e a Data de Riachão de Banaboié, com as seguintes confrontações:

Manoel Gonçalves Diniz, José Barbosa, Veríssimo Freire, e Francisco Barbosa dizem que no sertão das Alagoas até Bonaboié, entre as ilhas de João de Morais, no rio do Araçagy, Data do Riachão de Banaboié, se acham sobras devolutas, pegando na testada do dito João de Morais, pegando do nascente para o poente, Lagoa do Genipapo, Lagoa dos Freitas, Olho D´água das Cajázeiras, Lagoa do Mato, Riacho dos Porcos, Tanque Grande e Riacho do Boi, e porque necessitam para seus gados de três léguas de comprimento e uma de largo, ou vice-versa, pedem se lhes concedão por sesmaria” (SERAFIM: 1992, p. 19/20 - grifei).

 

A primitiva Sesmaria do Olho d´Água da Prata (1763), no atual município de Alagoa Nova, também se confrontava “com terras de João da Rocha (Banabuié)” (SALES: 1990, p. 161), assim como encontramos na Sesmaria de Manoel Gonçalves Diniz, José Barbosa, Veríssimo Freire e Francisco Barbosa, concedida em 16 de outubro de 1789, uma referência à “Banabuié”.

É certo que Amarinha Pereira de Araújo e seu esposo João da Rocha Pinto “estabeleceram-se em Lagoa Verde (Banabuê – no brejo), cerca de oitenta quilômetros da fazenda Santa Rosa. N’esse lugar teve início a cidade de Esperança” (MEDEIROS: 2003, p. 52).

A Sesmaria de João da Rocha foi concedida em 1713, e revalidada em 1753, para a Sra. Rosa Maria, viúva de Balthazar Gomes, que a possuía há cerca de 40 anos, com a denominação de “sítio lagôa Bonaboiji por data que dele lhe fez seu pai João Gonçalves Seixas” (TAVARES: 1910, p. 229).

Consta do “Dicionário Geográfico do Brasil” (1884) o verbete “Banabuihé ou Banabuyé”, como sendo um povoado do termo de Alagoa Nova. E em nota de jornal, destaca-se a nomeação da Sra. Martyniana Gonçalves Pereira para trabalhar na “agência do Correio de Banabuyé” (Gazeta do Sertão: 12/06/1889).

Trazemos à baila o trabalho do historiador e genealogista Ismaell Bento que, em suas pesquisas, fez o levantamento da documentação eclesiástica relativa a essa povoação, nos livros de Tombo paroquiais, com relação ao período oitocentista.

Assim está registrado no primeiro casamento a expressão “no lugar Banabue”, a partir de 1851 e, posteriormente, “no Povoado de Banabuié” (1867), acrescentando Ismaell que nas “buscas nos livros de casamento, pelo menos até o ano de 1865 o padre não fazia menção ao povoado, apenas ao ‘lugar’ e ao ‘sítio’ Banaboé” (BENTO: 2019).

O leitor ao se deparar com as datas e informações poderá dizer que há uma aparente contradição. Nesse ponto é importante destacar o escrito do historiador, quando nos diz:

As datas do documento não desmentem os historiadores citados acima, mas corrobora com suas falas, trazendo dados aproximados do período que se desenvolveu o povoado de Banaboé. Como em seus livros não é citado os registros paroquiais, apenas relatos orais, as fontes trazidas por nós ajudam a fortalecer a narrativa a respeito dos primeiros anos de povoamento da região” (BENTO: 2019).

 

A menção à Capela de Esperança nos surge em um assento de casamento celebrado por Frei Joaquim da Santíssima Trindade Cordeiro, dos nubentes: Renovato Barboza dos Santos e Getrudes d’Athaide Cavalcante, datado de 05 de janeiro de 1873.

A sua construção, segundo a tradição oral, se iniciou em 1860, sendo concluída dois anos depois, sob a invocação de N. Sra do Bom Conselho.

A denominação “povoado de Esperança” também aparece em dois casamentos realizados em 1877 e 1881, enquanto que “Boa Esperança”, nos documentos eclesiais, é citado em um assentamento de casamento vinte anos depois (1891).

Na “Carta de Ferino de Góis à Romano”, escrita em 1891, é citada em seus versos o lugar “Boa Esperança”. Um outro registro nos vem da Revista do IHGP, do início do Século passado, que igualmente menciona às fls. 358: “Boa Esperança”, no brejo paraibano.

Finalmente, por força da Lei Emancipadora (Lei nº 624/1925), de forma definitiva, adotou o nome “Esperança”. Essa são, em linhas gerais, as denominações adotadas na escala cronológica, que pude levantar até a presente data.

 

Rau Ferreira

 

Referências:

- BENTO, Ismaell Filipe da Silva. DÔSO, Milena de Farias. De Banaboé a Esperança – PB: o povoamento do lírio verde da Borborema através dos livros paroquiais de Alagoa Nova. I Semana Nacional de História. UEPB: 2019.

- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes historiográficos do Município de Esperança. SEDUC/PME. A União. Esperança/PB: 2016.

- LEIS PROVINCIAIS, Coleção (das). Parahyba do Norte: 1869.

- LEIS PROVINCIAIS, Coleção (das). Parahyba do Norte: 1884.

- MEDEIROS, Coriolano (de). Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba. 2ª ed. Imprensa Nacional: 1950.

- MEDEIROS, Tarcísio Dinoá (de). Freguesia do Cariri de Fora. São Paulo: 1990.

- PERÍODO IMPERIAL, Leis e Regulamentos da Instrução da Paraíba. Inep/Sbhe. Brasília/DF: 2004.

- SALES, José Borges (de). Alagoa Nova – Notícias para sua história. Fortaleza Gráfica e Editora: 1990.

- TAVARES, João de Lyra. Apontamentos para a história territorial da Parahyba. Edição fac-similar. Coleção Mossoerense. Vol. CCXLV. Senado Federal: 1982.


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