Até meados do Século XIX, a povoação de Esperança não tinha onde sepultar os seus mortos. Era preciso se deslocar às cidades mais próximas: Areia e Alagoa Nova. Esta última tinha o percurso de 12 Km em linha reta, mas poderia distar cerca de 18 Km de veículo.
Os defuntos eram carregados em padiolas ou redes,
não haviam estradas situação que dificultava o translado, de maneira que muitos
deles eram enterrados nos sítios, a exemplo de um antigo cemitério que existia
no Distrito de São Miguel. Os mais abastados entretanto, eram enterrados nas
igrejas mediante vultosas doações à paróquia.
Segundo
a tradição, foi o Padre José Antônio de Maria Ibiapina o construtor do cemitério
público de Esperança, motivado pelo surto de “Cholera Morbidus”. A obra teria sido empreendida em 1862, sob a denominação
de “Campo Santo”, na mesma época em que foi erguida a “Casa de Caridade” de
Alagoa Nova (R.IHGP: 1974).
O Padre Ibiapina ao chegar numa localidade pregava a
palavra de Deus e, em seguida, fazia uma assembleia, convocando os homens a
construir em forma de mutirão cacimbas, cemitérios e casas de atenção aos
necessitados.
De
fato, o missionário encontrava-se hospedado em casa do Padre José Antunes
Brandão, então vigário d’Alagoa Nova. Nesse município, teria erguido um
cemitério em 1856.
O
religioso era conhecido da região, já que antes advogada no Brejo d’Areia
(1838), se notabilizando na área criminal, em defesa dos pobres. A sua obra
social porém, só foi iniciada em 1850, quando assumiu as missões nos Estados da
Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
No jornal O NORTE encontramos a seguinte anotação
sobre o Padre José Ibiapina: “obra sua são
os desenvolvimentos de certas povoações como Esperança, Soledade”.
O certo é que, onde pregou o Padre Ibiapina,
construiu também. O Estado não estava presente e dificilmente atendia as
municipalidades.
Acerca do cemitério e de sua provável data, encontramos
o registro de sua existência em 1889, constante no “Almanak Administrativo da
Parahyba”.
Nesse aspecto, o pesquisador Ismaell Bento afirma
que “Os primeiros registros oficiais são
os da paróquia, que datam de 1908. Porém, com certeza deve ter algo de antes”,
constando como primeiro sepultado a Sra. Ana Maria da Conceição, falecida aos
oito dias de junho daquele ano, com a idade de 27 anos, casada com José Anselmo
Raymundo.
A extinta se confessou com o Padre Francisco de
Almeida e o corpo depois de encomendado foi sepultado no cemitério da paróquia.
Esperemos que em suas buscas este se depare com os
documentos que confirmem a data de sua edificação e autoria, para que não paire
mais dúvida a respeito.
Rau Ferreira
Referências:
-
BENTO, Ismaell. Acervo Paroquial de Alagoa Nova, Pesquisa em 17 de abril.
Paraíba: 2019.
-
JOFFILY, Irineu. Notas sobre a Paraíba. Edição fac-similar de 1892. Ed.
Thesaurus: 1977.
-
JÚNIOR, Luiz Araújo Pinto. O Padre Ibiapina, precursor da opção pelos pobres na
Igreja do Brasil. Revista Eclesiástica Brasileira. Vol. XLIII. Editora Vozes
Ltda: 1983.
-
MEDEIROS. Coriolano (de). Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba. 2ª ed.
Departamento de Imprensa. Rio de Janeiro: 1950.
-
O NORTE, Jornal. Edição de 21 de abril. Parahyba do Norte: 1918.
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