A
máquina do Tempo de certa forma já existe
“Coisas de Cinema”
Por
Martinho Júnior
Mais
um dia comum, saio de casa para resolver assuntos corriqueiros, quando de
repente passo na calçada do comércio de um Senhor muito conhecido na cidade, em
especial pelos de sua geração. Trata-se de Geraldo “Leiteiro” ele se aproxima
de mim e me diz:
-
Eu não posso ver você.
-
Eu? Respondo. Por que o senhor está com algum problema de vista? (por um
instante pensei que ele estivesse ficando cego).
-
Sr. Geraldo: Eu não posso lhe vê que lembro de Martinho, seu pai.
Seu
Geraldo e eu então começamos a conversar e aquelas recordações dele ao conviver
com meu pai quando jovens, muito me interessam, memórias de valor afetivo que
agora na impossibilidade de tê-lo aqui neste plano terreno da existência humana
se tornam preciosas a cada dia,um interesse todo próprio e pessoal meu.
Ambos
planejavam e foram juntos ao Recife-PE, eram jovens de mente sadia em busca de
um lazer saudável, foram assistir um jogo de futebol cuja partida era de nível
nacional um grande campeonato da época, se hospedaram num hotel muito bem
conceituado e num dado momento foram ao Cineteatro São Luiz e apenas ao chegar
souberam que para entrar naquele ambiente era obrigatório o uso de terno
(paletó e gravata), estavam eles na época de ouro do cinema e quase perderam a
oportunidade de conhecer melhor a cidade
e seus espetáculos, não fosse por um primo do Sr. Geraldo que trabalhava na
empresa daquela fascinante sala de projeção, resolveu o acesso para os amigos e
ainda os convidou para conhecer a praia na qual logo próximo morava em seu
apartamento.
Seguiu-se
o seguinte diálogo entre os amigos:
Martinho
e Geraldo: - Nós não vamos ficar porque estamos hospedados num hotel
Primo
do Geraldo: - mas vocês não estão com as chaves!? Dormem aqui e depois voltam
para lá.
E
assim o fizeram.
Eu
o fiz recontar essa história pois há muitos anos o meu pai recordara em nossos
diálogos domésticos o passeio com o amigo e o episódio do Cinema São Luiz no
qual o terno era obrigatório, ficava admirado como eram diferentes os costumes da época, me viam
pensamentos de como eram exigentes na elegância,às vezes se não estavam
“julgando o livro pela capa” então provoquei a conversa porque eu queria
escrever essa crônica de memórias e fazer uso da internet como se fosse uma
máquina do tempo para me transportar àqueles
lugares naquela época por onde andaram
meu querido, meu velho, meu amigo pai em convivência com seus amigos que
o mesmo sempre me ensinou, a respeitá-los.
Voltei
noutro dia e mostrei a foto daquela sala de projeção: o Cineteatro São Luiz no
Recife em Pernambuco foi inaugurado no mês de setembro do ano de 1952. Ele
lembrou confirmando aquele era o mesmo. Era uma daquelas épocas de glamour da
sétima arte e lá no site de pesquisa estava fotografias em preto e branco, fotos
coloridas e mais recentes, artigos de jornais a exemplo do diário de Pernambuco
evidenciando toda àquela existência e historicidade, mexendo com a imaginação, puder
visualizar como era aquela arquitetura que um artigo define de Art Déco, os
detalhes em vitrais, motivos decorativos.
Imaginei
e só de pensar sorri, será ou ao menos seria uma “grande viagem no tempo”
encontrar numa dessas fotos históricas de tal patrimônio cultural, aliás o único
dos 80 cinemas que ainda resiste na Veneza Brasileira foto com a presença
deles, inclusive fato assim já é possível acontecer com outros personagens, outras
cidades, a máquina do tempo quase já existe!
Martinho
Júnior
Historiador/Sócio
do IHGE
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