É inegável a contribuição de Irineu Jóffily
(1843/1902) no mapeamento que deu contorno ao Estado da Paraíba. Em suas notas
de viagem, registrou os limites estaduais corrigindo os equívocos outrora
existentes, para definir a paisagem paraibana e suas confrontações.
O que pouca gente sabe, é que outro esperancense (Jóffily
também o é), igualmente ilustre, também colaborou com o seu trabalho, para a
definição do mapa da Paraíba. Estamos falando em José Gomes Coelho (1898/1954),
autor de “Escorço de Chorographia da Parahyba” (1919).
A ideia do livro nasceu, por assim dizer, quando o
professor foi designado para participar de uma comissão (1915), que tratava
sobre a questão dos limites entre Ingá (PB) e Itambé (PE).
É que os moradores de Serrinha (Município de Ingá/PB)
reclamavam contra a intervenção dos agentes fiscais de Itambé (Pernambuco), que
insistiam em cobrar, indevidamente, impostos municipais para o vizinho Estado. José
Coelho apresentou um esboço topográfico, delimitando a região, o que facilitou
os trabalhos de cobrança tributária.
A sua escolha para figurar na dita comissão, se
atribui ao fato dele ser o pioneiro da turma de Agrimensores do Lyceu
Parahybano.
A obra que veio à lume quatro anos depois (1919),
com uma miniatura de mapa e o apanhado geral do Estado da Paraíba, mereceu
elogios, e foi referendada pelo IHGP – Instituto Histórico da Paraíba, e pelo
Conselho de Instrução do Estado, sendo posteriormente adaptada para as escolas
públicas estaduais.
O próprio IHGP analisou a obra com os seguintes
comentários:
“ESCORÇO DE
CHOROGRAPHIA DA PARAHYBA— 2ª edição correta e aumentada, por José Coelho — Parahyba,
1920.
Num opúsculo de 61 páginas
deu-nos o sr. prof. José Coêlho um escorço, para uso das escolas primarias, da
chorographia da Parahyba (sic), fazendo acompanhar o seu interessante e
prestativo trabalho de uma carta do Estado, também de sua autoria, na qual vem
corrigidos alguns enganos da carta de Lane.
Como tudo que sai da
amestrada pena do prof. José Coêlho, o citado opúsculo é claro, metódico, e
feito com segurança de informação.
O seu uso cedo
generalizou-se não só nas escolas, como fora delas, tornando-se livro de
consulta cotidiana.
Para comprovar o
mérito desse meticuloso trabalho didático e geográfico basta dizer que foi o
mesmo aprovado pelo Instituto Histórico e Geográfico Parahybano e pelo Conselho
Superior de Instrução.
O prof. José Coelho
dá à Parahyba a superfície de 58.000 kilômetros quadrados, aproximadamente,
afastando-se assim da estimativa dos autores anteriores, que tratam desse
assunto” (R.IHGP: 1920).
Na opinião de José Americo de Almeida (A Paraíba e
seus problemas), o livro do Professor José Coelho completou as obras de Irineu
Jóffily (Notas sobre a Parahyba) e de Coriolano de Medeiros (Dicionário
Corográfico).
Eis um pequeno trecho do livro:
“O cimo do
Estado (de 1.100m) fica na Serra do Açaí, seção dos Cariris Velhos, nos limites
com Pernambuco” (Escorço de Corografia da Parahyba, p. 26).
E adiante, ao tratar da hidrografia, escreve:
“A serra da Borborema,
com as suas principais ramificações, divide o território paraibano em duas
bacias principais: a do Rio Paraíba do Norte, a sudeste e a do Rio das
Piranhas, a oeste”.
José Gomes Coelho era diplomado pela Escola Normal
da Paraíba, Bacharel em Direito pela Faculdade do Recife, além de formado de
ser como Agrimensor.
Ocupou os cargos de Professor do Lyceu Parahybano e
da Escola Normal, tendo assumido ainda a Direção destes educandários; lecionou
no Instituto Underwood e na Faculdade de Ciências Econômicas da Paraíba. Foi
Inspetor Fiscal do Ensino, Secretário da Fazenda do Governo Argemiro de
Figueiredo, e Juiz do Tribunal Regional Eleitoral.
Rau Ferreira
Fontes consultadas:
- ALMEIDA, José Américo (de). A Paraíba e seus problemas. Edições do
Senado. Volume 172. Brasília/DF: 2012.
- IHGP, Revista. Ano XIV, Volume V. Imprensa Official. Parahyba: 1922.
- LEAL, José. Dicionário Bibliográfico Paraibano. FUNCEP: 1990.
- MACEDO, Camilo. Nomes que fizeram e fazem a história da Paraíba. Vol.
I. A União Cia. Editora. João Pessoa/PB: 2017.
- PINTO, Luiz. Homens do Nordeste e outros ensaios. Editora Minerva: 1950.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.