Pular para o conteúdo principal

Uma ilustre esperancense


*psdedória


Nestes últimos dias, passando para rever parentes e alguns amigos contemporâneos da boa terra os quais não via há algum tempo, caminhei a passos lentos por entre ruas e calçadas, e até pela feira e mercado público; ali, apreciando a desenvoltura do bucólico palavreado dos feirantes existentes, dirigida aos seus clientes.
Dali, seguindo em direção à antiga rua do Sertão, mais precisamente rumo à calçada da balaustrada depois de mais alguns preguiçosos passos, deparei-me com uma ilustre figura esperancense a quem não via há longos anos e a quem todos conhecemos.
Êpa! de súbito, me aparece na parte interna da sua área residencial o rosto inconfundível dessa alma impoluta idealizadora de inúmeros eventos sociais esperancense, arquiteta e executora do mais tradicional e maior presépio natalino mais bem elaborado de todos os tempos da boa terra; uma das fundadoras das “AMIGAS DO LAR”, a nossa estimada e benfazeja INACINHA CELESTINO.
Ali se encontrava ela, na parte interna da sua área gradeada, apreciando os transeuntes que por ali passavam. “Foi um presente do destino estar ali naquele momento para acontecer esse encontro” - disse ela. 
A princípio, não me reconheceu, claro, depois de tanto tempo! Quase quarenta e oito anos de ausência, sem vê-la! Depois da minha identificação, logo lhe veio à mente a minha pessoa.
Conversamos o bastante sobre dona Juliana, sua saudosa mãe, e das suas frequentes caridades quando assumia, com os próprios punhos, os preparativos funerais dos mais pobres que para a eternidade partiam. Recordamos do Cinema de “Seu Titico” e da sua oficina mecânica; do seu violino e do seu calhambeque; dos namoros “calientes” da cabine do cinema, dos “Shows” havidos e das músicas e cantores mais preferidos da época; dos prefixos e sufixos musicais da difusora do cinema; da tranquilidade que havia na pacata Esperança; das matinês aos domingos e dos seriados de “Flash Gordon” e “A Deusa de Joba”; dos jovens colegas adolescentes “Xexeiros” do cinema e das matinês, dos quais eu fazia parte, (reservo-me o direito de não expor aqui nomes de colegas), aliás, ela está mais lúcida do que muitos de nós!
Lembrou bem quando me disse: - “eu me fazia que não via” - quando nós passávamos por detrás daquela cortina vermelha, (o famoso xêxo) com as luzes do cinema já apagadas e ela, apenas reclamando com a sua meiguice, dizia: - Ei, neguinho...!, (já começando a película).
Grande e generosa INACINHA! Foi muito gratificante e um enorme prazer te rever! Que o nosso Pai Celestial te adicione mais uma quota significativa de anos que estarão por vir, claro, com bastante saúde e com toda esta lucidez que te assegura o comportamento e as palavras com as quais te define como uma grande líder e incansável colaboradora do meio social esperancense que foste.
Enquanto todos nós estamos trilhando por este solo da “Escola da Vida” e por este espaço de tempo que se nos resta, fiquemos sob a sombra aconchegante da infinita misericórdia do nosso Pai Celestial: “O Grandioso e Amabilíssimo Deus!”
Um singelo e fraternal abraço de um velho amigo que não te esquecerá jamais!

P.S. de Dória

*Anagrama do nome do autor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...

A minha infância, por Glória Ferreira

Nasci numa fazenda (Cabeço), casa boa, curral ao lado; lembro-me de ao levantar - eu e minha irmã Marizé -, ficávamos no paredão do curral olhando o meu pai e o vaqueiro Zacarias tirar o leite das vacas. Depois de beber o leite tomávamos banho na Lagoa de Nana. Ao lado tinham treze tanques, lembro de alguns: tanque da chave, do café etc. E uma cachoeira formada pelo rio do Cabeço, sempre bonito, que nas cheias tomava-se banho. A caieira onde brincávamos, perto de casa, também tinha um tanque onde eu, Chico e Marizé costumávamos tomar banho, perto de uma baraúna. O roçado quando o inverno era bom garantia a fartura. Tudo era a vontade, muito leite, queijo, milho, tudo em quantidade. Minha mãe criava muito peru, galinha, porco, cabra, ovelha. Quanto fazia uma festa matava um boi, bode para os moradores. Havia muitos umbuzeiros. Subia no galho mais alto, fazia apostas com os meninos. Andava de cabalo, de burro. Marizé andava numa vaca (Negrinha) que era muito mansinha. Quando ...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Esperança, por Maria Violeta Silva Pessoa

  Por Maria Violeta da Silva Pessoa O texto a seguir me foi encaminhado pelo Professor Ângelo Emílio da Silva Pessoa, que guarda com muito carinho a publicação, escrita pela Sra. Maria Violeta. É o próprio neto – Ângelo Emílio – quem escreve uns poucos dados biográfico sobre a esperancense: “ Maria Violeta da Silva Pessoa (Professora), nascida em Esperança, em 18/07/1930 e falecida em João Pessoa, em 25/10/2019. Era filha de Joaquim Virgolino da Silva (Comerciante e político) e Maria Emília Christo da Silva (Professora). Casou com o comerciante Jayme Pessoa (1924-2014), se radicando em João Pessoa, onde teve 5 filhos (Maria de Fátima, Joaquim Neto, Jayme Filho, Ângelo Emílio e Salvina Helena). Após à aposentadoria, tornou-se Comerciante e Artesã. Nos anos 90 publicou uma série de artigos e crônicas na imprensa paraibana, parte das quais abordando a sua memória dos tempos de infância e juventude em e Esperança ” (via WhatsApp em 17/01/2025). Devido a importância histór...

Luiz Pichaco

Por esses dias publiquei um texto de Maria Violeta Pessoa que me foi enviado por seu neto Ângelo Emílio. A cronista se esmerou por escrever as suas memórias, de um tempo em que o nosso município “ onde o amanhecer era uma festa e o anoitecer uma esperança ”. Lembrou de muitas figuras do passado, de Pichaco e seu tabuleiro: “vendia guloseimas” – escreve – “tinha uma voz bonita e cantava nas festas da igreja, outro era proprietário de um carro de aluguel. Família numerosa, voz de ébano.”. Pedro Dias fez o seguinte comentário: imagino que o Pichaco em referência era o pai dos “Pichacos” que conheci. Honório, Adauto (o doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o mandrião). Lembrei-me do livro de João Thomas Pereira (Memórias de uma infância) onde há um capítulo inteiro dedicado aos “Pichacos”. Vamos aos fatos! Luiz era um retirante. Veio do Sertão carregado de filhos, rapazes e garotinhas de tenra idade. Aportou em Esperança, como muitos que fugiam das agruras da seca. Tratou de co...