É preciso
ler muitas vezes os belíssimos versos, porque são de uma subjetividade à toda
prova.
Mas dá
vontade de ler e reler. Dá vontade de descobrir o porquê das palavras contidas
nos versos, que, acredito, são fruto de incontida catarse poética, as mais das
vezes ininteligível dada a profunda subjetividade, esta, por sua vez, eivada de
perturbações intelectivas e espirituais sufocantes.
Os versos
de BADIVA são de difícil compreensão, porém de rara beleza intelectual, mesmo
que de uma expressividade esdrúxula.
Quase não
se sabe qual é a conexão entre o título e o poema. Mas sabe-se que há alguma
mensagem subliminar.
Enfim,
conhecendo como conhecemos a loucura do grande e amado poeta, há que considerar
que, verdadeiramente, existe uma morbidez intelectual nesses versos.
Bem
diferentes dos versos de CISNES/SOMBRA ILUMINADA, onde a gente encontra objetividade
nas palavras e ligação lógica e léxica entre o título e o desenrolar do poema.
É o meu
comentário neste momento. Pode ser que, mais tarde, depois de muito degustar
BADIVA, eu tenha outra opinião.
Lendo e
relendo com amor.
B A D I
V A*
Estudar
teus versos loucos para mim é um mergulho
Na
imensidão do teu intelecto puro e sombrio
E
faço-o eu com fé aguda, infectada de orgulho
De
ver-me diante desse descomunal desafio.
Quem
poderá achar o fio dessa línea meada
Que
se entrelaçou nos fios desses lívidos mantos
Quem
ousará chegar bem perto dessa lírica alçada
Ficar
junto de ti, chorar contigo os teus prantos?
Seria
eu a perscrutadora desses mui místicos cânticos
A
tatear o esmalte desses difíceis contextos cêntricos
Onde
vejo docemente emoldurados os teus escritos?
As
minhas noites insones me mostrarão os entremeios
Embrenhar-me-ei
nos cafundós dos teus rodeios
Até
que não mais me falte a redescoberta dos teus mitos.
BADIVA.
Eis o sonho irrealizável de qualquer poeta
Ou
escritor voltário que lhe atribua conjecturas
Um
nome feito de volúpia, de coração, de amarguras
Ver-se-á
de antemão que nenhum deles lhe atingiu a meta.
Eu
prefiro enveredar por teus mistérios, BADIVA
E
pensar profundamente nas noites fálicas, furtivas
Dentro
de becos chuvosos, pecadores, inspiradores
Onde
o poeta imaginava a posse fantasiosa de sua Diva.
E,
num átimo de saudade e veloz prazer, balbuciara ele
A
expressão léxica, BAH, de espanto, gozo e luxurioso alívio
Em
meio à água da chuva e ao jorro volátil de branca neve
Lembrando
sem maldade a musa inspiradora, a amada, a Diva
O
poeta aglutinara os dois nomes num só, com a alma rediviva
Nascendo
assim o nome que o completava, que lhe urgia a vida: BADIVA
Graça Meira
*
Inspirado no poema Forças Eternas, de Silvino Olavo Cândido Martins da Costa.
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