![]() |
Caldeirão, inscrição. Crédito da imagem: Thomaz Bruno - SPA |
O
Sítio Caldeirão, há
aproximadamente 12 km da sede do Município de Esperança, seguindo pela estrada
de Camará, esconde um mistério pouco explorado. Trata-se de uma
importante Itacoatiara com gravuras produzidas sob a técnica da meia-cana que
muito se assemelham as da Pedra do Ingá.
Os petrogrifos,
segundo dizem, foram “feitos por um povo
misterioso que habitou a Paraíba e que deixou sua história gravada em pedras
espalhadas por vários municípios”.
Segundo levantamento
procedido pelo historiador Vanderley de Brito e estudos da Sociedade Paraibana
de Arqueologia – SPA, transcritos no livro “Paraíba – meu passado, meu
presente”, este lajedo é formado:
“(...) por plataformas em sete degraus, no
leito do riacho Doce. Na primeira queda d’água formou-se um belíssimo caldeirão
na meia encosta e há um lago, abaixo, que recepta as águas que excedem do
caldeirão. Muitas gravuras rupestres entalhadas nesse painel já foram
desgastadas pela cascata que é praticamente constante nessa área do brejo. A
composição do painel tem incrível semelhança com as Itacoatiara do Ingá, tanto
na técnica de gravar quanto na composição dos símbolos”.
Para o Professor Juvandi de Souza (2014):
"Trata-se de um lajedo em
gnaisse, com aproximadamente 130 metros de comprimento e cerca de 30 de
largura, sob o qual corre o riacho Ribeiro, que nos meses chuvosos mostra-se
especialmente bonito formando pequenas cachoeiras ao longo do lajedo, assim como
pequenos e diversos reservatórios".
Há quem diga que essas inscrições seriam o
marco da presença dos fenícios no Brasil. Esta tese é defendida pelo
catedrático Padre Rolim, pelos pesquisadores Ludwig Schwennhagen e Bernardo de
Azevedo da Silva Ramos, e pela escritora Fernanda Palmeira (História Antiga do
Brasil). Alguns teóricos preferem dizer respeito à presença dos indígenas da
tribo Cariri. Já os defensores da literatura fantástica atribuem a obra
extraterrestre, supondo tratar-se de uma tábua astronômica.
Os fenícios habitavam a costa mediterrânea
(2.500 a.C.), numa faixa de terras de 30Km hoje pertencente ao Líbano. Foram
escravizados pelos Egípcios, recebendo influência dos Babilônios. Eram
marinheiros e comerciantes em sua maioria, supondo-se terem navegado diversas
partes do planeta e, inclusive, aportado no Brasil.
Os Índios Cariris que ocupavam o litoral
quando, por volta de 1500 d.C. foram expulsos pelos Tupis-guaranis e forçados a
se estabelecerem no Planalto da Borborema. Primatas ferozes, eram originalmente
nômades e viviam da caça e pesca, não praticavam a agricultura e diziam ter
vindo de um grande lago. Em Esperança fixaram-se nas proximidades do Tanque do
Araçá, um importante reservatório de água potável, mas há registros de sua
passagem em Lagoa de Pedra onde se encontram algumas inscrições rupestres.
As gravuras do “Caldeirão” estão dispostas no lado esquerdo
do curso d’água, na parte mais alta do lajedo nas coordenadas: L.S. 07001’55.8”
e L.O. 35047’55.0”. A figura principal assume a forma de um círculo com haste
formando algo parecido como uma âncora, mas podemos encontrar o desenho de um
círculo talhada na pedra.
Os desenhos gravados na rocha - denominados de
capsulares - se encontram entre a primeira e segunda queda d’água. Acredita-se
que havia outras inscrições que certamente foram “apagadas” pelo desgaste e erosão das águas. Em épocas chuvosas o
volume encobre parcialmente a visibilidade das figuras.
O lugar seria propício para o turismo
ecológico, necessitando de incentivo do poder público para este empreendimento.
Rau
Ferreira
Referências:
- BRITO, Vanderley de. A Pedra do Ingá: Itacoatiaras da Paraíba.
5ª ed. Maxgraf. Campina Grande/PB: 2012.
- ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf. Esperança/PB: 1985.
- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes da Historiografia do
Município de Esperança. Esperança/PB: 2015.
- OLIVEIRA, Iranilson. e OLIVEIRA, Catarina. Paraíba – meu passado, meu presente.
História. FNDE. 4° e 5° Ano. ISBN: 978-85-7905-679-6. Base Didáticos:
2010.
- SANTOS, Juvandi de Souza. Estudos da Tradição Itacoatiara
na Paraíba: Subtradição Ingá? Ed. Cópias & Papéis. Campina
Grande/PB: 2014.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.