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Pedro e o pau da fogueira

Véspera de S. Pedro. O velho pichaco tinha que aprontar das suas. Percorria as fogueiras da rua de baixo, uma a uma pegando lenha:
- É uma promessa que eu fiz! Fazer uma fogueira sem comprar pau algum. Quem puder ajudar tudo bem; quem não puder não faz mal, acerte lá com o santo – dizia o mandrião.
Mas ninguém se opõe quando o dito é promessa, pois sendo assim a vergonha é justificada:
- É prá alcançar uma graça – dizia Eulália, filha de Benedito.
- É ‘paga’ de promessa, num posso negar – exclamava Josefa.
- Coitado, tem tanta fé esse moço... concluía Severina.

E recolhendo de pau em pau fazia uma grande fogueira, gabando-se dos seus irmãos que teria comprado por tanto e tanto mais; enquanto Honório desconfiado, olhava de rabo de olho:
- História é esse Pedro, comprasse coisa nenhuma. Será que não te conheço!!
É, comprei não – confessou o fanfarrão – peguei na rua de baixo, foi paga de promessa!
- Promessa, irmão?
- Fiz uma promessa pra mim mesmo que esse ano fazia fogueira sem gastar um tostão, besta quem acredita.
Assim aprontava das suas, se e verdade não sei. Parafraseando Chicó: “Só sei que foi assim”.

Índio Banabuyé

Comentários

  1. E assim ele mostrava com quantos paus se faz uma fogueira! Sem ter nenhum no bolso, sem levar nenhum no lombo!

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