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Bem antes da emancipação

Bem antes da nossa emancipação política, os futuros dirigentes de nosso Município já exerciam cargos em Alagoa Nova. Assim é que encontramos Theotônio Tertuliano da Costa, nosso segundo prefeito, exercendo a suplência de Juiz Municipal em 1911.
Naquele mesmo ano, eram juízes de paz do 2º Distrito de Esperança: Thomaz Rodrigues de Oliveira, Eneas Valdevino da Trindade, José Irineu Diniz (Zezé Cambeba) e Joaquim Cavalcanti. Para a subdelegacia havia sido indicado Sulpino Agripino de Souza.
Já a instrução primária contava com os professores José Pereira Brandão e Maria Ávila Lins de Vasconcelos.
A Paróquia estava a cargo do Padre Francisco d’Almeida, sendo sacristão Lindolpho d’Araújo Sobreira. Nessa comunidade, funcionava a Irmandade de N. S. do Bom Conselho.
No comércio havia nomes como José de Christo Pereira da Costa, Manoel Pereira da Costa e Porfírio Pereira de Araújo (tecidos); José de Araújo Souto, Francisco Jesuíno de Lima e Cassemiro Jesuíno de Lima (molhados).
Registrava-se o engenho “Caldeirão”, pertencente a Francisco de Araújo Souto. Na agricultura ainda aparecia Bento Olympio Torres, proprietário do engenho Cruz em Alagoa Nova.
O quadro acima se repete em 1913.
No ano seguinte (1914), Theotônio Tertuliano da Costa assumia a prefeitura de Alagoa Nova, sendo vice José de Christo Pereira da Costa.
O 2º Distrito de Paz estava assim constituído: Enéas Valdevino da Trindade Cunha, José Irineu Diniz, Sebastião Nicolau da Costa e Thomaz Rodrigues de Oliveira. Era subdelegado Manoel Martins de Oliveira. Na religião e no comércio se mantinham as mesmas pessoas.
Para o ano de 1915 não houve grandes mudanças. No 2º Juizado de Paz, passa a figurar como oficial de justiça e carcereiro Armínio Genuíno de Araújo. A Paróquia que era conduzida pelo Padre José Vital Bessa, enquanto que o comércio aparece bem melhor dividido do que nos classificados anteriores:

Calçados:
Manoel Rodrigues de Oliveira
Theotônio Tertuliano da Costa
Chapéus:
José de Araújo Souto
José Christo & Cia
Manoel Rodrigues de Oliveira
Theotônio Tertuliano da Costa
Estivas:
Antônio Alves de Almeida
Antônio Florentino de Araújo
Francisco Batista Júnior
João Adeliano Sampaio
Joaquim F. de Lima
José Antônio de Araújo
José Bezerra Cavalcanti
José Camilo Lacerda
José Tonel de Albuquerque Silva
José Virgolino Sobrinho
Manoel Joaquim Candido
Manoel Thomaz Pereira
Osório Eneas Maribondo
Pedro Gonçalves Filho
Sebastião Batista Júnior
Sebastião Rodrigues Cavalcanti
Fazendas/Tecidos:
Anízio Evangelista dos Santos
Francisco Martins de Oliveira
Joaquim Santiago
José de Araújo Souto
José de Christo & Cia
Manoel Martins de Oliveira
Manoel Pereira & Cia
Manoel Rodrigues de Oliveira
Sebastião Nicolau da Costa
Theotônio Tertuliano da Costa
Ferragens:
Cassimiro Jesuíno de Lima
Francisco Jesuíno de Lima
Oscar Passos da Silva
Sebastião Batista Júnior
Miudezas:
Anízio Evangelista dos Santos
Antônio Florentino de Araújo
Antônio Santiago
Francisco Batista Júnior
Joaquim Santiago
José Bezerra Cavalcanti
José de Christo & Cia
Jovino Pereira Brandão
Manoel Pereira & Cia
Manoel Rodrigues de Oliveira
Theotônio Tertuliano da Costa

Os comerciantes se repetem, pois naquela época, era comum ser proprietário de casas de arrancho onde se vendia de tudo um pouco (chapéus, calçados, miudezas etc), não obstante estes também possuíam bancas na feira (a exemplo de Jovino Pereira Brandão) e ainda representantes em outras praças, atuando como “caixeiros”.
Acrescenta-se a este rol Joaquim Manoel com o jogo de bilhar, Manoel Joaquim Candido com padaria, Antônio de Athayde Cavalcante com farmácia e Olyntho de Andrade Santiago na hotelaria.
A situação se mantém a mesma em 1915 e 1917.
Em 1918 ingressa no quadro de professores, em substituição a José Pereira Brandão, Olyntho de Andrade Santiago.
Nesse ano a paróquia figura com as irmandades do Bom Conselho, S.S. Coração, do Rosário, Coração de Jesus e Sant’Anna, mas não podemos afirmar que existissem de fato, à exceção da primeira.
Pouco muda em 1922, mantendo-se até o início de 1925: Theotônio continua prefeito de Alagoa Nova, e José de Crhisto vice; Manoel Martins de Oliveira subdelegado do 2º Distrito de Esperança e Jovino Pereira agente fiscal. São conselheiros municipais Manoel Pereira da Costa e Manoel Rodrigues de Oliveira, sendo suplentes João Clementino de Farias Leite, acrescido de Severino Donato de Maria. Na paróquia, é vigário o Padre Joaquim Agra.

Rau Ferreira

Referências:

- LAEMMERT, Almanak. Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial. Edições 1911, 1913, 1914, 1915, 1917 e 1922. Rio de Janeiro/RJ.

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