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Barbeiros Esperancenses

Zé Costa fazendo a barba de Chico Braga
Narrando as suas memórias, o ilustre João de Patrício relata a extinção dos barbeiros, cujo texto está publicado no seu blog “Revivendo Esperança”. Neste, relembra Zé Costa, que também atuou no município como Fiscal de Menores, função que muito se assemelha àquela que é realizada pelos Conselheiros Tutelares.
Assim, gostaria de dar a minha contribuição, lembrando os antigos barbeiros que atuaram em Esperança: Zé Calor, no início da rua do Sertão; Luiz Barbeiro, casado com dona Terezinha; Pedro Barbeiro, ao lar do Bar de Basto Finfa; Antônio Barbeiro, que durante muito tempo trabalhou vizinho à Didi de Lita, e depois se mudou para o lado da Igreja; Raimundo da Madeireira, que por um tempo também cortou cabelo, e Antônio Barbeiro, pai de Mané Galego.
Cícero Clementino
Dentre estes, escolhi o Sr. Cícero Clementino dos Santos para homenagear. Seu Cícero ingressou na profissão aos 17 anos, e trabalhou por mais de 55 anos como barbeiro. Lembro-me de seu salão na Travessa Clemente de Farias, n° 75, de duas portas e uma meia-parede pintada. Era um senhor alto de bigode simpático e educado. Devo ter cortado cabelo com ele umas duas ou três vezes, mas meu avô Antônio Ferreira foi freguês assíduo. Ele faleceu aos 72 anos.
O curioso é que nessa arte o profissional perde o seu sobrenome, ficando conhecido pelo epíteto de “Fulano Barbeiro”. O próprio Dr. João nos informa os barbeiros Josias e Severino de dona "Chiú", além do inesquecível Rangel que, como disse em seu artigo, é um capítulo a parte da nossa história.
O corte da época era o “alemão”, passado à máquina zero, ou o “ameríndio”, aquele que mais parecia um recorte de uma cuia. Já o salão não tinha nada de sofisticação, apenas uma cadeira própria para o serviço e bancos de espera, alguns espelhos e uma mesinha que servia para guardar pentes, tesouras, espuma de barbear e a loção pós-barba. Essas casas lotavam aos sábados, véspera da missa dominical.
Em atividade apenas três remanescem: Neguinho, na rua Dr. Silvino Olavo, que é da família Alexandre; Manoel Galego, no início da Solon de Lucena, e Assis que é pai do Padre Carlos, próximo à Marquinhos da Xerox.
Hoje, como diz a citada matéria, essa profissão está em extinção, pois a moda é freqüentar os salões unisex, e ninguém mais faz a barba em casa, preferindo assim os estojos portáteis. Isso fez surgir outra figura nesse ramo, a do “Cabeleireiro”, que somente se ocupa da parte superior da cabeça, da cabeleira por assim dizer, deixando de lado barba e bigodes.


Rau Ferreira

Comentários

  1. Realmente uma profissão que hoje está extinta, mas é muito bom relembrarmos os nossos antepassados que fizeram parte da história de nossa cidade. Parabéns bom trabalho.

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  2. Verdade falar dos barbeiros porque não lembrar de meu avo cicero clementino dos santos conhecido por cicero barbeiro homem simples e digno muito religioso,trabalhou não só como barbeiro mas como agricultor um dos grandes produtores de batatinha da cidade de esperança na e poca ...

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