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Um livro sobre Silvino Olavo (Roberto Cardoso)

Do Guia G2, Coluna "Tá Ligado?"
Em 14/11/2010.

Esperança vai ganhar um livro sobre uma figura ilustre da terra, o poeta Silvino Olavo. Há vários livros escritos sobre o poeta e sua obra, mas dessa vez, é diferente. A iniciativa nasce na própria terra onde o poeta ensaiou os seus primeiros passos e “jogou os seus jogos pueris”. As novas gerações vão conhecer mais sobre um personagem que fugiu jovem de casa para estudar e se projetar na vida. Não fosse a esquizofrenia que o acometeu, certamente a História do município seria contada de forma bem diferente. Estou ansioso para ler este livro que está no prelo e que brevemente circulará.
A iniciativa da publicação é de Rau. Rau nada. Hasenclever. E não estou falando de Walter Hasenclever, o dramaturgo e poeta alemão do início do século passado. Estou falando de Hasenclever Ferreira Costa. Sujeito de jeito para as coisas de cultura. Mantém blog’s sobre história (historiaesperancense.blogspot.com; memoep.tk, entre outros) e está sempre antenado quando o assunto é literatura, poesia, artes e patrimônio cultural. Com idéias e recursos próprios Rau, ao lançar este livro, está se inscrevendo na galeria dos intelectuais que se preocupam com o futuro cultural da cidade. A partir deste feito, ele se consolida como o único esperancense com ousadia e arrojo para, individualmente, empreender um projeto dessa envergadura. O futuro desde já lhe agradece.
Hasenclever Ferreira Costa é filho do meu saudoso amigo Elzo Dias Costa  Beinha. Beinha morou na minha rua. Serviu à Aeronáutica, em Natal, capital potiguar. Trabalhou como apontador da construtora Camargo Correia, durante a construção da BR 104 Norte - Anel do brejo - feito em 1970, durante o governo João Agripino. Por longos anos usei os seus serviços como atendente da Empresa Viação São José, no mesmíssimo lugar onde continua hoje, número 43 da Rua Manuel Rodrigues. Largou nosso convívio prematuramente, há 22 anos, depois de padecer por longos meses com um câncer de colo intestinal. Quem ocupa o seu lugar na São José são os irmãos Djalma e Djair.
Ao contrário de Sapé, Areia ou Monteiro, cujos administradores sempre tiveram zelo pela cultura e preservação do patrimônio artístico e cultural, Esperança é meio infeliz nesse aspecto. Ao longo da sua história tem delapidado o patrimônio arquitetônico por falta de uma legislação preservacionista. Atualmente nosso legislativo é composto por homens com bastante respaldo popular mas sem muita noção do seu papel na Câmara Municipal. Tanto é que estamos defasadíssimos quando o assunto é atualidade legislativa. O teste aplicado ao deputado mais votado do Brasil – o palhaço Tiririca -, em São Paulo, caberia também a alguns parlamentares mirins.
Infelizmente - coisas da democracia - a cidade tem uma tradição de colocar no poder sempre pessoas pouco afeitas às iniciativas culturais. Pois bem, nesse aspecto, Esperança está forjando um herói. É preocupado com a história do município, escreve para jornais, tem blog sempre atualizado com perfis de figuras do povo que vem construindo a história da cidade.
Editar um livro não é uma tarefa fácil. Envolve, além da habilidade com as letras, um seleto grupo de profissionais das artes gráficas. Nisto consiste transformar idéias em forma palatável e útil para um segmento da população. Cada livro tem um público específico. Da seleção e preparação dos originais, passando pelo projeto gráfico, até a impressão vai um bocado de tempo e muita torração de paciência.
Rau, quero aqui deste espaço saudá-lo pelo projeto. Sua iniciativa tem a virtude de não ser pela sua projeção pessoal. Muito antes pelo contrário, visa o coletivo. Soube que você procurou apoio no Executivo municipal, onde foi recepcionado com pompa e circunstância, mas recebeu um sonoro NÃO. Claro que esse NÃO, não lhe arrefeceu os ânimos. Parabéns! Estou para apoiar e contribuir.


Roberto Cardoso

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