Pular para o conteúdo principal

Banabuyê: Borboletas fervilhando

Banabuyê foi sempre o nome deste lugar. Na opinião de Irineo Joffily, o nome indígena prefere a Esperança e deveria ter-se mantido por mais auspicioso que este fosse. O topônimo tem origem na língua Tupi Guarani e significa brejo ou pantana das borboletas.
Em “Notas sobre a Parahyba” (1892), o autor descreve as terras como sendo as melhores do município de Alagoa Nova, a quem pertenciam. Localizada três léguas a Oeste, ao pé de uma grande rocha “que se estende encoberta por baixo de suas casas” (p. 208).
O Capitão-mor Clemente de Amorim e Souza, relacionando os lugares e povoações desta Capitania da Paraíba, escreve em 1757 que: “E da Campina Grande distância de duas léguas está o sítio das Antas situado a beira de uma algoa e daí quatro léguas está o sítio do Oriá (?) a beira de um açude e daí duas léguas está o sítio chamado Banabué situado a beira de um açude” (grifo nosso).
E assevera JOFFILY: “Esta povoação não tem ainda trinta anos, era simplesmente uma fazenda de criação, quando pela sua feliz situação foi escolhida para o estabelecimento de uma feira de gêneros alimentícios, que foi a sua origem.
De fato, Amarinha Pereira de Araújo e João da Rocha Pinto ao se casarem “Estabeleceram-se em Lagoa Verde (Banabuê – no brejo), cerca de cento e oitenta quilômetros da fazenda Santa Rosa” (Boa Vista de Sancta Roza, p. 52).
Ainda segundo JOFFILY, “As gameleiras com que a rua principal está arborizada foram estacas dos currais da fazenda.”
Em fotos antigas dos anos 30 a cidade é vista arborizada próximo a capela do Bom Conselho, construída em 1860. Onde se supõe que estas antigas “gameleiras” se encontram.
Banabuié havia sido habitada pelos Índios Cariris que forçosamente se retiraram para o interior. Nas suas imediações existia um reservatório d'água que fora denominado pelos colonos de “Tanque do Araçá”, onde o português Marinheiro Barbosa fez a sua morada.
Irineo Joffily registra em sua obra que “No terreno que está Banabugê em seu distrito há numerosos tanques ou cavernas obstruídas”.
E é muito provável que a “grande pedra” mencionada por ele fosse o próprio Britador, donde se sabe que foi retirado material para a pavimentação da BR-104, restando um grande buraco.
E Por fim conclui ele que o local “Possui uma espaçosa e bonita igreja, a melhor da freguesia e a sua feira é uma das mais frequentadas”.
No detalhe da foto, o antigo Açude Banabuyê em vista aérea.


Rau Ferreira

* Matéria publicada no jornal "A Folha", Esperança: março de 2010.
Fonte:
- Notas sobre a Parahyba, Editora Typographia do "Jornal do Commercio": 1892, p. 208/209;
- Freguesia do Cariri de Fora, Tarcízio Dinoá Medeiros, São Paulo: 1990, p. 40 e 43;
- Boa Vista de Sancta Roza: de fazenda à municipalidade, Francisco de Assis Ouriques Soarres, Ed. Unigraf, Campina Grande: 2003, p. 52;
- Wikipédia: Banabuiú e Esperança (http://pt.wikipedia.org/), acesso em 23/01/2010;
- Livro do Município de Esperança, Ed. Unigraf: 1985, p. 33/34;
- Jornal Novo Tempo, Ano IV, nº 23, Edição Especial Comemorativa: Nov/Dez 95, p. 03.
- Foto: Acervo do jornalista Evaldo Brasil.

Comentários

  1. É mais uma ve~rsão há respeito do surgimento de nossa cidade, parabéns pelo brilhante trabalho de pesquisa.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...

A minha infância, por Glória Ferreira

Nasci numa fazenda (Cabeço), casa boa, curral ao lado; lembro-me de ao levantar - eu e minha irmã Marizé -, ficávamos no paredão do curral olhando o meu pai e o vaqueiro Zacarias tirar o leite das vacas. Depois de beber o leite tomávamos banho na Lagoa de Nana. Ao lado tinham treze tanques, lembro de alguns: tanque da chave, do café etc. E uma cachoeira formada pelo rio do Cabeço, sempre bonito, que nas cheias tomava-se banho. A caieira onde brincávamos, perto de casa, também tinha um tanque onde eu, Chico e Marizé costumávamos tomar banho, perto de uma baraúna. O roçado quando o inverno era bom garantia a fartura. Tudo era a vontade, muito leite, queijo, milho, tudo em quantidade. Minha mãe criava muito peru, galinha, porco, cabra, ovelha. Quanto fazia uma festa matava um boi, bode para os moradores. Havia muitos umbuzeiros. Subia no galho mais alto, fazia apostas com os meninos. Andava de cabalo, de burro. Marizé andava numa vaca (Negrinha) que era muito mansinha. Quando ...

Esperança, por Maria Violeta Silva Pessoa

  Por Maria Violeta da Silva Pessoa O texto a seguir me foi encaminhado pelo Professor Ângelo Emílio da Silva Pessoa, que guarda com muito carinho a publicação, escrita pela Sra. Maria Violeta. É o próprio neto – Ângelo Emílio – quem escreve uns poucos dados biográfico sobre a esperancense: “ Maria Violeta da Silva Pessoa (Professora), nascida em Esperança, em 18/07/1930 e falecida em João Pessoa, em 25/10/2019. Era filha de Joaquim Virgolino da Silva (Comerciante e político) e Maria Emília Christo da Silva (Professora). Casou com o comerciante Jayme Pessoa (1924-2014), se radicando em João Pessoa, onde teve 5 filhos (Maria de Fátima, Joaquim Neto, Jayme Filho, Ângelo Emílio e Salvina Helena). Após à aposentadoria, tornou-se Comerciante e Artesã. Nos anos 90 publicou uma série de artigos e crônicas na imprensa paraibana, parte das quais abordando a sua memória dos tempos de infância e juventude em e Esperança ” (via WhatsApp em 17/01/2025). Devido a importância histór...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Luiz Pichaco

Por esses dias publiquei um texto de Maria Violeta Pessoa que me foi enviado por seu neto Ângelo Emílio. A cronista se esmerou por escrever as suas memórias, de um tempo em que o nosso município “ onde o amanhecer era uma festa e o anoitecer uma esperança ”. Lembrou de muitas figuras do passado, de Pichaco e seu tabuleiro: “vendia guloseimas” – escreve – “tinha uma voz bonita e cantava nas festas da igreja, outro era proprietário de um carro de aluguel. Família numerosa, voz de ébano.”. Pedro Dias fez o seguinte comentário: imagino que o Pichaco em referência era o pai dos “Pichacos” que conheci. Honório, Adauto (o doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o mandrião). Lembrei-me do livro de João Thomas Pereira (Memórias de uma infância) onde há um capítulo inteiro dedicado aos “Pichacos”. Vamos aos fatos! Luiz era um retirante. Veio do Sertão carregado de filhos, rapazes e garotinhas de tenra idade. Aportou em Esperança, como muitos que fugiam das agruras da seca. Tratou de co...