Evaldo Brasil é uma das mentes mais brilhantes que Esperança possui atualmente. Ele passeia por várias atividades culturais dando um show em cada uma delas.
Ele vai da pintura à fotografia, sem tirar o olhar. Do jornalismo à poesia, sem perder o ritmo das palavras. Da cena às salas de aulas e ainda assim é o mesmo: simples, contente, amigo... Difícil é eleger suas qualidades (poeta, escritor, jornalista, ator, humorista, redator, professor etc).
E certamente a vaidade não é uma delas! Certa vez numa conversa informal ele me disse que não quer ser o andor, mas não vê nenhum problema em ajudar a carregar o santo.
Nesta 6ª Edição da Revista Comercial, ele dá mais uma demonstração de sua genialidade com o Cordel 49.127, escrito em novembro do ano passado.
Em sete estrofes ele consegue resumir todo um sentimento coletivo. Mas é preciso ler para conhecer e saber o que ele pensa. E pensando nisso, transcrevo neste artigo este trabalho da maneira como foi publicado. E a reflexão fica por conta do leitor!
Rau Ferreira
O SONHO DE IRACEMA
(Ao herdeiro renovado, o assuma, viva e sonhe)
I
Não me deixa a história
Mentir diante dos fatos
Envolvendo gato e ratos
Os abastados e a escória,
Frango, galinha e patos
Pé, chuteiras e sapatos
No resgate da memória.
II
Os agentes que fizeram
Surgir o nosso mequinha
Ora unidos ora em rinhas
Mantê-lo nunca puderam
Pois casarão e casinha
Não mantiveram a linha
Diante do que esperam
III
A luta, apoio e descaso
Envolvidos no esquema
Colocava num dilema
Poetas em seu parnaso.
O sonho de Iracema
Não previa estratagema
Para evitar o ocaso.
IV
Heróis e desbravadores
Amantes do futebol
Giraram no ao redor
Da valia e dos valores.
Deslumbraram um sol
Entre muitos e um só
Entre glória e dissabores.
V
E o América virou musa
De exploração e jogadas
Aos gritos, nas caladas,
Onde a gente se lambuza.
Iracema, entre pernadas
De outras tantas renegadas
Por tanta gente intrusa.
VI
Caobe, AME, Campestre
Cenpre e tantas crianças
Ficaram como heranças
Em mãos de filho agreste
Ou morreram como lança
Cujos alvos não alcança
Ou rastejam no que reste:
VII
E o modismo se sobrepõe
Ao sonho antes sonhado
Aos corações; planejado
Assanho que se interpõe.
Mas ao herdeiro renovado
Em seu espírito recriado
O assuma, viva e sonhe.
Evaldo Brasil
Cordel 49.127, em 21/11/2009.
Fonte:
- Revista Comercial nº VI, Ed. Fernando Rocha: Esperança/PB, dezembro de 2009, p. 26/27.
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