Pular para o conteúdo principal

Silvino Olavo escreve sobre João do Rio


Num texto assinado em 05 de julho de 1921, Silvino Olavo escreve sobre o jornalista, cronista, escritor e teatrólogo fluminense João Paulo Emílio Cristovão dos Santos Coelho, conhecido por João do Rio (1881-1921).
Ele inicia seu comentário noticiando o falecimento do literato cujo coração “rompeu-se, numa exaustão de sangue”. Ele, a quem a imprensa carioca denominara de o “radium”, “consoante a sua habilidade insuperável de jornalista e a sua inexcedível sutileza de repórter”.
De fato, João do Rio faleceu no dia 23 de junho de 1921, de enfarte do miocárdio.
Na redação silvinolaviana, a cidade maravilhosa o havia negado no sagaz noturno de seu mister, um jato de ar e vida, que perturbou o ritimo da respitação. E diz: “Não só dos homens reponta a ingratidão, que refolhadamente retalha e punge com o seu travor malvado. Também as coisas que muito amamos podem nos ser ingratas”.
Para ele, João do Rio foi um intelectual com uma forte paixão pelos aspectos sociais da vida. Convicto, nunca se entregou a “crítica intrepida dos homens e dos partidos” e “jamais se desfazer em lisonjarias indecorosas”.
João, que em patriotismo foi caluniado, compreendia que não se podia dispensar a cultura alienígena e defensia a aproximação luso-brasileira.
E ao final conclui que “O ideal de João do Rio era visto com antipatia por muitos, mas é admirável a fé, a resolução e a coragem, com que nele se engolfara”.
As obras mais festejadas de João do Rio foram: os livros “Era uma vez...”, em parceria com Viriato Correia (1909) e “A mulher e os espelho” (1919); as peças “Chic-chic” (1906) e “A bela madame Vargas” (1912), além da tradução para o português do livro “Intenções”, de Oscar Wilde.

Rau Ferreira

Fonte:
- Revista “Era Nova”: 05 de julho de 1921, “João do Rio”, texto de Silvino Olavo;
- Wikiédia: João do Rio (http://pt.wikipedia.org), acesso em 12/09/09.

Comentários

  1. patrimonio intelectual esquecido e descriminado. hb. brodoski

    ResponderExcluir
  2. pbens vc eh o 1 que faz o resgate da nossa hist. m sg no twiter. bjs.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

Algumas histórias de Esperança, por Odaildo Taveira

“Existia em Esperança – uma coisa muito interessante, pra juventude tomar conhecimento – aqui em frente, onde havia uma loja, morava seu Joaquim Soldado; ele tem um filho que é seu Zé Soldado, ele tá com 95 anos. E seu Joaquim tinha um jumento, e ele ia sempre aqui para o Cabeço, no nosso município, vizinho a Pocinhos, e seu Joaquim vendia pão, vendia aliado, que eram uns biscoitos grandes assim, que as padarias não vendem mais, e seu Joaquim vendia um bocado de coias. Ele chegava nos trabalhadores do sítio e aí encostava a jumenta e os cabras só comendo, os trabalhadores, comendo, comendo e daí a pouco um pedaço, na hora de pagar, aí seu Joaquim, calado perguntou: - Tu comeu, quanto? E o cabra respondeu: - Eu comi dois. - E você? Dizendo com outro. - Eu só comi um, respondeu. Aí seu Joaquim escutava tudinho e puxava um crucifico assim de uns 40 cm e dizia: tu jura? Tu jura? Eu sei que eles tinham que dizer a verdade. São algumas figuras folclóricas da cidade de Esperan...

Magna Celi, escritora e poetisa

Esperança pode não ser uma cidade de leitores, mas certamente é um município de grandes escritores. Na velha guarda, encontra-se o poeta Silvino Olavo, e mais recente, a escritora e poetisa Magna Celi. Filha do casal Maria Duarte e José Meira Barbosa; irmã do Dr. João Bosco, Benigna, Graça Meira e Paula Francinete. Casada com o eminente Professor Francelino Soares de Souza, que assina uma coluna nesse jornal aos domingos; ela tem se destacado com inúmeras publicações. Graduada em letras pela UPFB, Mestra em Literatura Brasileira e com especialização em língua vernácula inglesa. Estreou nas letras em 1982, com “Caminhos e Descaminhos”. Desde então têm inscrito o seu nome entre os grandes nomes da poesia paraibana. É ela mesma quem nos fala sobre as suas origens: “Nasci na cidade de Esperança, brejo paraibano, de clima frio, chamada, no princípio de sua fundação, de Banabuié. Aconteceu na rua da Areia, nº 70. Fui batizada pelo Padre João Honório, na Igreja Nossa Senhora do Bom ...

Esperança: fatos da política em 1933

1933 : 04 de janeiro, o juiz preparador das eleições envia ao TRE telegrama informando o recebimento da circular sobre a consulta se deveria aceitar títulos eleitorais do antigo alistamento como prova de idade.   1933 : 31 de maio, O desembargador Souto Maior, com a palavra, declara que lhe fora distribuído um recurso referente à secção de Esperança e, como a lista dos eleitores está omissa, pede para que seja requisitado o livro de inscrição dos eleitores daquele termo, a fim de relatar o processo. O Tribunal resolve, por unanimidade, requisitar, ao respectivo cartório, o aludido livro. 1933 : 03 de junho, o sr. Presidente comunica aos seus pares que o livro de inscrição dos eleitores do município de Esperança, requisitado, por solicitação do desembargador Souto Maior, ainda não foi remetido, pelo respectivo cartório. 1933 : 07 de junho, o sr. Presidente comunica aos seus pares haver a Secretaria recebido o livro de inscrição de eleitores do município de Esperança, há dias r...

A Energia no Município de Esperança

A energia elétrica gerada pela CHESF chegou na Paraíba em 1956, sendo beneficiadas, inicialmente, João Pessoa, Campina Grande e Itabaiana. As linhas e subestações de 69 KV eram construídas e operadas pela companhia. No município de Esperança, este benefício chegou em 1959. Nessa mesma época, também foram contempladas Alagoa Nova, Alagoinha, Areia, Guarabira, Mamanguape e Remígio. Não podemos nos esquecer que, antes da chegada das linhas elétrica existia motores que produziam energia, estes porém eram de propriedade particular. Uma dessas estações funcionava em um galpão-garagem por trás do Banco do Brasil. O sistema consistia em um motor a óleo que fornecia luz para as principais ruas. As empresas de “força e luz” recebiam contrapartida do município para funcionar até às 22 horas e só veio atender o horário integral a partir de setembro de 1949. Um novo motor elétrico com potência de 200 HP foi instalado em 1952, por iniciativa do prefeito Francisco Bezerra, destinado a melhorar o ...

Severino Costa e sua harpa "pianeira"

Severino Cândido Costa era “carapina”, e exercia esse ofício na pequena cidade de Esperança, porém sua grande paixão era a música. Conta-se que nas horas de folga dedilhava a sua viola com o pensamento distante, pensando em inventar um instrumento que, nem ele mesmo, sabia que existia. Certo dia, deparou-se com a gravura de uma harpa e, a partir de então, tudo passou a fazer sentido, pois era este instrumento que imaginara. Porém, o moço tinha um espírito inventivo e decidiu reinventá-la. Passou a procurar no comércio local as peças para a sua construção, porém não as encontrando fez uso do que encontrava. Com os “cobrinhos do minguado salário” foi adquirindo peças velhas de carro, de bicicleta e tudo o mais que poderia ser aproveitado. Juntou tudo e criou a sua “harpa pianeira”, como fora batizada. A coisa ficou meia esquisita, mas era funcional, como registrou a Revista do Globo: “Era um instrumento híbrido, meio veículo, meio arco de índio: uma chapa de ferro em forma de arc...