Novas lembranças, publicado no jornal “O Norte”.
Texto
cedido por Ângelo Emílio, neto da autora.
Quantas
gratas recordações da minha terra. Dona Teté Rodrigues em sua beleza angelical
era um exemplo de fé e dignidade. Dedicou toda a sua vida à religião,
trabalhando para Igreja, ensinando catecismo as crianças e jovens. Dona Júlia
Santiago era outra pessoa ligada à Igreja, ornamentando jarros, ensinando
religião e com sua mão de fada pintando lindas coisas com arte e dedicação. E
dona Celina Coelho? Esta era demais para mim, pois eu adorava e assimilava
feliz todas as aulas de catecismo que ela ministrava além de admirar as lindas
flores feitas pelas suas mãos que revelavam a arte.
Esta e
outras pessoas serviam a comunidade com desprendimento sem receberem
remuneração. Era tudo espontâneo, feito com devotamento e sabedoria.
Em minha
terra parecia que não existia maldade, pareia que a confiança e a solidariedade
eram tão grandes que aconteciam coisas incríveis.
Pichaco,
aquele de quem já falei em uma outra crônica, além de trabalhador e inteligente
tinha uma memória invejável. Ele levava o seu tabuleiro de doces para o grupo
escolar, vendia lanches para meninada. Muitas crianças não pagavam. Está
achando impossível? Não. É verdade, as crianças não pagavam e o preto anotava
em seu cérebro as contas de todos. Depois do recreio passava na casa das
crianças e recebia dos pais o pagamento da continha de cada filho. Nenhum pai
duvidava da conta apresentada por esta mente abençoada e assim continuava
Pichaco no seu trabalho honesto a cuidar de sua numerosa família e servir os
mais privilegiados.
No dia em
que o cinema funcionava, eram duas sessões, claro que não era sessão das 18 e
20,30 horas, como na Capital. Lá as duas sessões eram a um só tempo. Primeira
sessão das pessoas pagava mais caro e entravam pela porta da frente do cinema.
Segunda sessão os menos favorecidos pagavam mais barato assistiam o filme, tudo
invertido. Imaginem quando o filme era de legenda! Mesmo assim eles se
divertiam, torciam pelo mocinho aplaudiam e até associavam de felicidade quando
o artista em um final feliz vencia o bandido.
Outra
figura maravilhosa de minha terra era Joel, rapaz alvo, brincalhão, associava
com graça e adorava crianças. Tinha um poder de imitar as pessoas, decorava
sermões, discursos e os repetia com precisão e humor.
Um prefeito
da nossa cidade foi inaugurar a feira de Areial. Logo após a missa subiu em um
tamborete na frente da Igreja e fez seu discurso de inauguração. Lá estava Joel
e antes que o prefeito regressasse a cidade todo mundo já sabia do conteúdo do
discurso transmitido por Joel com aquele jeito que lhe era peculiar. O prefeito
foi avisado, não gostou e queria pegar Joel pelo desaforo.
Um
dia lá vai Joel passando em frente a casa do prefeito. A primeira dama, pessoa
simples e pura, nem pensava em vaidade, era realmente uma santa. Viu Joel e o
chamou. Pediu para ele fazer o famoso discurso. Claro que Joel não queria
repetir pois sabia das ameaças. Ela insistiu e quando Joel falava empolgado
entra o prefeito e grita: “Peguei”. Joel pula muito rápido corre pela porte da
cozinha, entre o medo e o riso contava a todos mais uma aventura.
Silvino
Olavo, advogado, poeta, secretário do presidente joão Pessoa, cantou nossa
terra com lindos versos, infelizmente a enfermidade levou a sua memória e
quando voltou a Esperança, era a sombra que se imortalizou no “Lírio Verde da
Borborema”.
Assim
era minha terra uma eterna esperança para aqueles que confiam no futuro dos que
foram alimentados da Esperança.
M.
Violeta Pessoa
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