Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2025

Ser professora, lembrada ou não

  Por Glória Ferreira Quantas vezes passam por mim, e eu digo este(a) foi meu aluno, não me reconhece, nem olha para mim muitos em seus carrões, nem sequer um “bom dia” me dão... fico triste, pois lembro o nome e onde estudou comigo. Outro dia falei com um ex-aluno, disse-lhe o nome dele e onde estudou. Ele respondeu: “como a senhora tem a memória boa”. De fato, lembro-me de tudo daquele aluno que me dizia: “eu quero só aprender contas!”. “Mas tenho que ensinar todas as matérias!”, retrucava-lhe. Hoje ele é um empresário. Fico muito feliz quando eles passam e sou lembrada como a “professora Glória”. Ser reconhecida é tão bom. Alguns moram em outros Estados, mas quando me encontram em Esperança me dizem “que tempo bom foi aquele. A senhora era tão dedicada com nossa turma”, outros dizem “dei tanto trabalho a professora Glória”. Isso me alegra, pois existem ainda alunos que lembram de mim e, de certa forma, me homenageiam como fizeram na Escola “Irineu Jóffily”. Em uma das au...

Zé Leal em Esperança

  José Leal da Silva nasceu em Alagoa Nova, cidade do brejo paraibano, aos 20 de dezembro de 1924. Passou pela redação d’A União, órgão oficial do governo do Estado. Trabalhou na Revista da Semana e na Noite Ilustrada; foi repórter d’O Cruzeiro e d’O Globo. Na reportagem que lhe valeu o Prêmio Esso de Jornalismo (180 dias na fronteira da loucura) ele foi o protagonista e o próprio escritor. Por seis meses esteve internado no Sanatório Público do Rio de Janeiro lutando contra um vício. A série foi iniciada em 16 de julho 1956 e, segundo a premiação, se “constitui num libelo contra os abusos a que eram submetidos os pacientes” (Esso, 1995:17). Essa minha pesquisa surgiu a partir das memórias de Pedro Dias, amigo pessoal do jornalista, que escreveu o seu “Requiém”, publicado também no livro “Esperança de Cantos e Encantos” (Ideia: 2024). No texto de Pedro, ele fala da passagem de Zé Leal por Lagoa do Remígio, pela cidade de Areia e a Capital paraibana... então indaguei-lhe: e qu...

Esperança de cantos e contos, livro de Pedro Dias

O Município de Esperança ganha mais uma obra poética com crônicas que nos remete ao seu passado. Pedro Dias do Nascimento, que muito tem contribuído para o resgate histórico de nossa cidade, publica agora o seu primeiro livro “Esperança de Cantos e Contos”. Nele ele canta as suas musas, lembra dos lugares, parentes e amigos; as brincadeiras da infância e os namoros da adolescência com muito entusiasmo. A felicidade é um encanto a parte, com homenagens às mães, às flores e as manhãs... A natureza é vista no “Baobá solitário” e no “Cajueiro amigo”. O “Irineu Jóffily” é revisitado, assim como a casa de seu Dogival, onde morava o seu querido “Bufé”. E nisso sou grato pela homenagem. Nós sabemos bem o quanto ele privava de sua amizade. Guarde na memória aqueles bons momentos da rapaziada... São muitos personagens da velha guarda, como os Pichacos, Estelita, Três Motor, Maria Beleza e Farrapo, os quais são mencionados com um ar de saudosismo. E o “Palhaço Alegria”? Que crônica imperd...

Pelas brechas das janelas - Beinha e as serestas

Havia muita ingenuidade no Município de Esperança nos tempos de outrora. A cidade era uma calmaria e seguia vigiada pelos guardas de quarteirão que faziam suas rondas noturnas. Os rapazes costumavam fazer serenatas de forma clandestina, pois não se permitia qualquer espécie de barulho à noite. O rigor daquele tempo o exigia. O fornecimento de energia se dava por um motor a combustão que iluminava as principais ruas, mas por ordem do prefeito apagavam-se as luzes às 23 horas. O “toque de recolher” era marcado pelo sino da Matriz. O que não era empecilho para uma trupe de amigos: Beinha, Fernando e Eleusio, que se aventuravam para galantear as suas pretendidas com muito charme e elegância. Segundo dizem, eles não cantavam nada. No entanto, carregavam uma “vitrolinha” a pilha e punham para tocar músicas de Nelson Gonçalves, Orlando Silva ou Roberto Carlos para as suas namoradas. Chegavam por volta da meia noite ou uma hora da manhã. Como eram em trio, dois ficavam nas esquinas “past...

Centenário da Capelinha do Perpétuo Socorro

  Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira O Município de Esperança, no Estado da Paraíba, abriga a menor capela do mundo sob invocação de N. S. do Perpétuo Socorro, conhecida como “Capelinha das Pedras”, por se encontrar erigida sobre o lajedo do Araçá (lugar onde primeiro se avista o sol), que neste ano (2025) completa o seu centenário. A construção se deu por iniciativa de Dona Esther Fernandes de Oliveira (1875-1937). Esa senhora era esposa de Manoel Rodrigues (1882-1950), o primeiro prefeito da cidade, a qual havia feito uma promessa preconizando o final da “Cholera morbus”. A doença chegou à Província da Paraíba em 1861, alastrando-se por todo o Estado, e alcançando a sua forma epidêmica por volta de 1855, fazendo com que o Presidente deste Estado adotasse algumas medidas drásticas, pois não havia condições de combater aquele mal, tais como limpeza de ruas, remoção de fezes e outros focos de infecção que exalavam vapores capazes de propagar a epidemia. As condições eram pr...

Desventura, reportagem de Roberto Cardoso

  Por esses dias, em pesquisa na Web, sobre o nosso poeta Silvino Olavo, maior representante do simbolismo na Paraíba, encontrei uma reportagem n’A União que falava sobre o seu aniversário e as comemorações que se seguiam no Município de Esperança. Dizia o artigo que, nos anos 30 começara as desventuras, conta Roberto Cardoso: “Numa viagem acompanhando o Dr. João Pessoa ao Rio, para a composição da chapa do Partido Liberal, Silvino Olavo sofre o primeiro ataque esquizofrênico quando retornava e foi internado por João Pessoa em Salvador, Bahia. Dias depois, recuperado, retornou à Paraíba e, novamente, ocupou o cargo de Oficial de Gabinete. Os dias agitados que precederam a Revolução de Trinta tornaram-no predisposto às psicopatias, o que realmente ocorreu, meses depois, quando a fatal e lancinante tragédia vitimou João Pessoa”. E prossegue a reportagem: Segundo o expositor, Silvino Olavo enviuvou em 1945, período em que já vivia na Colônia Juliano Moreira. Cinco anos mais ta...