José Leal
da Silva nasceu em Alagoa Nova, cidade do brejo paraibano, aos 20 de dezembro
de 1924. Passou pela redação d’A União, órgão oficial do governo do Estado.
Trabalhou na Revista da Semana e na Noite Ilustrada; foi repórter d’O Cruzeiro
e d’O Globo.
Na
reportagem que lhe valeu o Prêmio Esso de Jornalismo (180 dias na fronteira da
loucura) ele foi o protagonista e o próprio escritor. Por seis meses esteve
internado no Sanatório Público do Rio de Janeiro lutando contra um vício. A
série foi iniciada em 16 de julho 1956 e, segundo a premiação, se “constitui
num libelo contra os abusos a que eram submetidos os pacientes” (Esso,
1995:17).
Essa minha
pesquisa surgiu a partir das memórias de Pedro Dias, amigo pessoal do
jornalista, que escreveu o seu “Requiém”, publicado também no livro “Cantos de
Cantos e Encantos” (Ideia: 2024).
No texto de
Pedro, ele fala da passagem de Zé Leal por Lagoa do Remígio, pela cidade de
Areia e a Capital paraibana... então indaguei-lhe: e quanto a Esperança? Nisso
contou-me o escritor esperancense a sua passagem por esse município.
“Ele passou
poucos dias em Esperança. [...] andou pela zona rural e usou um jeep de Boneco,
o marido de minha cunhada Creusa”, confessou Pedro.
Cícero
Pereira da Costa era mais conhecido por “Boneco”. Ele alugou o carro a Zé Leal
para que fizesse os seus passeios.
Numa das
ocasiões, quis conhecer o Matadouro Público, “mas como estava tomando umas
pingas na bodega de Edrísio” – conforme relato de Pedro –, bodega essa que
ficava na esquina da rua do Boi (rua Senador Epitácio Pessoa), naquele beco que
segue em direção ao Açude Banabuyé.
O próprio
Boneco não queria pegar essa viagem, pois além de ter tomado uns drinques,
ensinava Eva Jacinto a dirigir. No entanto, Zé Leal tomou a chave do veículo
que estava sobre o balcão sem que o proprietário percebesse e o escondeu
próximo aos tanques de pedra que ficava por trás da rua de Areia (rua Antenor
Navarro), onde ficava a Sambra (hoje, rua Sebastião Araújo) de Antônio Nogueira
(Nogueira & Cia).
Era o sítio
de Damião, irmão de Santino da Sorveteria, e de Liga da “Barraca de Gelada”,
onde havia dois barreiros que a molecada da época tomava banho escondido, com
medo de levar “carreira” do dono.
Cícero
(Boneco) entrou em desespero com a artimanha de Zé Leal, que havia escondido o
seu carro, imaginando quem pudesse ter levado o veículo.
“Essa foi
uma das presepadas feita por Zé Leal”, concluiu Pedro Dias.
Rau Ferreira
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