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Mostrando postagens de setembro, 2022

Onde está o ouro de Esperança?

  Quando menino, na casa de meu avô paterno, Dogival Costa, descobri um poço que ficava em baixo de uma videira. O meu desejo por um cacho de uvas despertou-me a curiosidade do foço em forma de anel, com tampa de madeira, onde minha avó Nevinha buscava água “para o gasto”, como se diz aqui no Nordeste, quando esse fluído é usado para qualquer coisa que não seja na alimentação. Aproximei-me da tampa e, nem bem a levantei, quando ouvi os gritos de minha avó, chamando-me a atenção: “Cuidado menino!”. Era um poço fundo, cavado há muitos anos, com uns oitenta centímetros de diâmetro, o suficiente para entrar uma lata de zinco, utensílio muito usado na minha terra para coletar água. Passado o susto, fiquei sabendo da construção daquela casa, do quanto meus avós se empenharam; seu Dogival puxando agave para construir a casa da Juviniano Sobreira nº 144, e minha vó Nevinha o ajudando nas feiras (pois ele também era comerciante de roupas) e fazendo artesanato. Foram dias difíceis, contavam

Barbeiro, uma das profissões em extinção (por João de Patrício)

  A modernidade faz desaparecer fatos, coisas, transforma atividades informais e apaga certas imagens que vivemos no passado, não existem mais como fato concreto, nem na nossa lembrança. As fotos resgatam esses fatos, nos levam ao passado, mas é preciso preservar como documentos, não apenas como lembranças. A foto acima é uma das milhares escondidas nos baús de muita gente. Era a década de 60, ainda não havia chegado à nossa sociedade salões de beleza, requintados, movidos à internet, aos utensílios eletrônicos, ao ar condicionado e às ornamentações exóticas que são chamadas de modernas. A imagem que vemos retrata a época romântica do uso de barbearia, em que só os homens frequentavam para fazer a barba, cortar o cabelo e ajeitar o bigode. O barbeiro não recebia o nome de cabeleireiro. Usava-se a espuma de barba, a loção pós-barba, a tesoura apropriada para barbeiro, a navalha era importada, de preferência da marca alemã. O barbeiro era bem vestido, usava roupa esporte fino, gravat

Donatila Lemos e o Externato São José

  Donatila Lemos Pereira de Melo nasceu no Engenho Olho d’Água de Areia-PB, no dia 30 de julho de 1912. Era filha de Manoel Felix Pereira de Melo e Toinha Lemos (Dona Finfa). Querelas políticas fizeram com que seus pais deixassem a terra natal, vindo residir em Esperança em janeiro de 1939, quando passou a lecionar na Escola “Irineu Jóffily”. Possuía uma didática rígida, fazia uso da palmatória e exigia que seus alunos apresentassem boa compostura, obedecessem a moral e os bons costumes. A sua base educacional era a religião cristã e o conservadorismo que aprenderam com a professora Lídia Fernandes nessa cidade, e dona Amália Veiga Pessoa Soares em Areia-PB. Fundou, dirigiu e ensinou no Externato São José que funcionava na sua residência, na rua Manoel Rodrigues de Oliveira (Chã da Bala). As lições tinham início na Cartilha do ABC, seguido de textos de autores diversos para compreensão da língua materna, como a didática da Antologia Nacional de coautoria de Fausto Barreto e Carlo

Novel acadêmico: Rau Ferreira, Silvino Olavo (por Ailton Eliziário)

Reproduzo a seguir texto do professor e membro da Academia de Letras de Campina Grande – ALCG, Ailton Eliziário, publicado no “paraibaonline” que antecedeu a minha posse na Cadeira nº 35 que tem como patrono o poeta Silvino Olavo da Costa. Na ocasião, havia concorrido à vaga deixada pelo falecimento de Paulo Gustavo Galvão. Eleito, tomei posse no dia 17 de novembro de 2017, no auditório da Associação Comercial de Campina Grande – Paraíba.   Novel acadêmico, Por Ailton Elisiário (*) Nesta próxima sexta-feira 18 a Academia de Letras de Campina Grande estará empossando mais um acadêmico. Trata-se de Rau Ferreira, que foi eleito para ocupar a vaga de Paulo Galvão, na Cadeira n. 35 cujo patrono é Silvino Olavo. Silvino Olavo era poeta e nasceu em 27.04 1897, na Fazenda Lagoa do Açude, em Esperança. Em 1921 foi para o Rio de Janeiro, onde lá se formou em Direito e escreveu para alguns periódicos. Em 1924 publicou Estética do Direito e Cysnes, seu primeiro livro de poesias. Retor