O texto a seguir foi
transcrito de dois trabalhos do escritor Orlando Tejo, uma reportagem publicada
no Correio Braziliense e uma passagem do seu antológico livro “Zé Limeira – poeta
do absurdo”, que retrata o cantador esperancense João Viana dos Santos, ou João
Benedito Viana. Eis o registro:
“João Benedito Viana, outro
iluminado, nasceu em Esperança, ali nos arredores de Campina Grande. Mulato franzino,
retraído e grandioso. O coronel Eufrásio Câmara, numa venda de Alagoa Nova,
entrega-lhe um copo de cachaça e ordena, de rebenque em riste: “É pra glosar de
quinze a um”. E o poeta:
É quinze, é quatorze, é treze,
Doze, onde, dez e nove,
Só faz lama quando chove,
Corre água no Gramum,
Pássaro preto é anum
Que no bico traz um vinco,
Oito, sete, seis e cinco,
Quatro três e dois e um”.
O próprio Orlando Tejo
registra o ressentimento de Zé Limeira porquanto já “botaro João Benedito” nos
livros, enquanto que o “poeta do absurdo” era praticamente desconhecido:
“Apois é, mestre, um dia os filósofo bota eu no
livro, por modo já botaro João Benedito, Pinto do Monteiro, Louro Batista, e um
magote de camarada que canta que nem eu”.
Na lista dos grandes poetas e cantadores,
na opinião de Orlando Tejo, encontramos o Benedito Viana entre Romanos Elias da
Paz, Mergulhão de Souza, João Siqueira de Amorim, Aleixo Dantas, Severino
Pinto, Canhotinho, José Ayres Mendonça, Rogaciano Leite e tantos outros.
Orlando Tejo (1935/2018) além
de escritor, foi ensaísta e poeta inspirado, nascido em Campina Grande (PB).
João Benedito (1860/1943), cantador respeitado, homeopata, nascido em Esperança
(PB).
Rau Ferreira
Referências:
- BRAZILIENSE, Correio. Cantoria, coice
divino. Edição de 07 de agosto. Brasília/DF: 1980.
- TEJO, Orlando. Zé Limeira:
poeta do absurdo. Cia. Pacífica. Recife/PE: 1997.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.