Pular para o conteúdo principal

Você conhece a "Praça Dogival Costa"?


Quem passa na frente da Escola “Irineu Joffily” nem imagina que aquele espaço entre o educandário e a calçada é na verdade uma praça municipal.

Bem antes de sua edificação existia uma parede divisória que na época foi derrubada para dar lugar ao adro, surgindo assim a praça alusiva aquele que foi Vereador, Presidente da Câmara e vice-prefeito de Esperança.

Na época Seu Luiz Martins pretendeu homenagem a político denominando uma praça de Dorgival Costa. Uma placa foi mandada insculpir e colocada na parede da escola, quando de sua inauguração, à espera de um processo legislativo, que desse respaldo ao ato político.

A iniciativa foi logo após o falecimento de seu Dorgival Costa (1979), e por essa razão não houve tempo de se criar a legislação municipal. Porém, os circunvizinhos sempre a tem com aquela denominação, ratificando o desejo popular.

Nesse sentido, destaco o depoimento de seu neto Dogival Costa Curvelo:

“(...) na época foi colocada uma placa com o nome Praça Dogival Costa; e houve uma polêmica porque estava associada ao Grupo Irineu Jóffily, mas seu Luiz Martins na época inaugurou a praça, retirou as paredes da frente, fez uns canteiros com uns banquinhos, e remodelou o local, e nomeou como Praça Dogival Costa. E falou para a minha avó na época, foi lá em casa, eu me lembro disso, e falou a ‘única homenagem que eu vou dar para Dogival que era muito meu amigo é o nome dessa praça’; mas pelo que sei não teve registro nenhum... não sei se esqueceram ou se tem registro em cartório ou algo assim, mas eu me lembro da placa com o nome Praça Dogival Costa”.

O fato também foi historiado por Evaldo Brasil em seu “Reeditadas”, publicado em 09 de julho de 2020:

Mas o caso mais emblemático que temos é a praça Dogival Costa. Antigo pátio do Grupo Irineu Joffily, teve seus muros derrubados pelos acordos entre políticos do município com os do Estado, permitindo a instalação de bancos e canteiros para os moradores do setor e os estudantes se socializarem, homenageando uma ilustre figura nas esferas político-sociais, acabou por não ter sequer uma lei municipal que assegurasse o ato. Enorme, recentemente foi reformado junto à própria escola, de responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação, adro entregue ao município, uma santa é assentada e passa a servir de espaço para devotos. O Adro Dogival Costa é outro espaço de identidade questionável: praça do Irineu no popular, praça Dogival Costa inaugurada por Luiz Martins em ato público póstumo... assim como a praça Augusto Donato, tornada São Francisco por ato de Nino Pereira, ambas, sem lei que as regulamentem” (disponível em: https://reeditadas.blogspot.com/search?q=Um+passeio+pelas+pra%C3%A7as+de+Esperan%C3%A7a).

 

Não se tem ao certo se no final daquela gestão houve um esquecimento, ou se aguardou o administrador seguinte para se editar lei. O que temos é que feita a justificativa do projeto de lei não se chegou a sua edição:

“DOGIVAL BELARMINO COSTA, foi comerciante em Esperança de 1960 à 1972, suplente de Juiz de 1940 à 1953, diretor do Centro Artístico Operário e Beneficente de Esperança, vereador de 1963 à 1969, Vice-prefeito de nossa cidade, presidente desta ‘CASA LEGISLATIVA’, sendo ainda incentivador para a permanência do ‘SESP’ em Esperança.

Assim sendo, diante do exposto espero que os srs. Vereadores apreciem devidamente a mensagem e a aprovem como medida de inteira justiça e direito”. 

Com o tempo a placa cedeu e também caiu em desuso a denominação. Pessoas mais antigas ainda tem na mente essa lembrança e muitos ainda consideram-na pelo seu nome, reafirmando a tradição da Praça “Dogival Costa”.

 

Rau Ferreira


Comentários

  1. A postagem https://reeditadas.blogspot.com/2015/11/definindo-pracas.html é de 2015, como mostra o link anterior. Fato é que, como a virtualidade permite, sempre que posso, atualizo. A data a que te referes é de atualização recente, por força das reformas e das novas praças em obras em nossa cidade.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

O Mastodonte de Esperança

  Leon Clerot – em sua obra “30 Anos na Paraíba” – nos dá notícia de um mastodonte encontrado na Lagoa de Pedra, zona rural de Esperança (PB). Narra o historiador paraibano que em todo o Nordeste existem depressões nos grandes lajeados que afloram nos terrenos, conhecidas pelo nome de “tanques”, muitas vezes obstruídos pelo material aluvionar. Estes são utilizados para o abastecimento d’água na região aplacada pelas secas, servindo de reservatório para a população local. Não raras as vezes, quando se executa a limpeza, nos explica Clerot, aparecem “ restos fossilizados dos vertebrados gigantes da fauna do pleistoceno que povoou, abundante, a região do Nordeste e, aliás, todo o Brasil ”. Esqueletos de espécimes extintas foram encontradas em vários municípios, soterrados nessas condições, dentre os quais se destaca o de Esperança. A desobstrução dos tanques, necessária para a sobrevivência do rurícola, por vezes provocava a destruição do fóssil, como anota o professor Clerot: “ esf

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................