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Sol: O homem e a natureza


A Parahyba ainda não tinha se estabelecido em todos os seus sentidos acerca da impressão encantadora dos quadros de Amélia Theorga quando surge Balthazar Câmara com a sua vernissage paisagística.
À exposição compareceram Silvino Olavo, Eudes Barros e Antonio Fasanaro que se dirigiram ao salon onde os quadros repousavam no aguardo dos visitantes. Puseram-se os poetas divagar acerca da aquisição de alguma obra, elegendo apenas uma condição: se fossemos os novos ricos!
“Compraria aquela”, dizia Eudes. “E eu... aquela”, completava Silvino. Com efeito, recém formado, não reunia o autor de Cysnes as condições econômicas para adquirir algum dos exemplares; o mesmo, talvez, se possa dizer do seu colega Eudes Barros, que igualmente fantasiava aquela ilusão de riqueza.
Quando estavam os três de saída, depararam-se com o governador João Suassuna, que acabara de chegar na companhia de alguns auxiliares de Estado. Excursionaram os vates com o presidente estadual que demonstrava temperamento de requinte discorrendo acerca de suas predileções “por este ou aquele gênero pictural, por este ou aquele detalhe belo”, comentou Eudes.
As telas de Balthazar reproduziam a natureza do extremo norte, servindo-lhe o Estado do Pará de inspiração para o artista. Pintou, entre outros, o Christus, o Apache, Cabeça de mulher e a Cabeça de Criança todos com uma certa melancolia.
Os quadros permaneceram expostos de 21 à 24 de janeiro de 1924 em salão nobre da Paraíba e foi visitado pela distinta sociedade da sua capital.
O Presidente João Suassuna adquiriu a tela Nuvens da manhã para sua coleção privada; e Cainho florestal e Cabeça de Criança para o acervo do governo. O quaro Beira Mar foi comprado pelo Sr. José Guedes Pereira Filho, Maré Baixa pelo Deputado José Queiroga. A tela Cabeça de Apache foi adquirida por Antonio Fasanaro, enquanto que o Dr. João Maurício de Medeiros comprou o quadro Lavandeiras.
Balthazar da Câmara era natural de Pernambuco. Estudou na Escola Nacional de Artes com Carlos Chambelland. Ganhou menção honrosa no salão nacional em 1926, e medalhes de bronze e de prata em 1927 e 1930.
No detalhe da foto, a pintura “Rosto” de Balthazar. Óleo sobre tela, de 1931.
Rau Ferreira


Referências:           
- A UNIÃO, Jornal. Edições de 23 e 26 de janeiro. Parahyba do Norte: 1926.
- CATÁLOGO DAS ARTES, Site. Disponível em: https://www.catalogodasartes.com.br/obra/czzUB/, acesso em 22 de novembro de 2019.
- NETSABER, Site. Disponível em: http://biografias.netsaber.com.br/biografia-3604/biografia-de-baltazar-da-camara, acesso em 22 de novembro de 2019.

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