Pular para o conteúdo principal

Imagem de N. S. do Bom Conselho, por Ismaell Filipe


No dia 25 de janeiro de 1942 na cidade de Esperança, um evento fez a pequena cidade voltar suas atenções para o prédio mais alto, a Igreja Matriz. Recém reformada, a então igreja que ainda mantinha o modelo arquitetônico da antiga capela, agora apresentava uma imponente fachada que se destaca por sua imensa torre de 36 metros de altura, com o símbolo-mor do cristianismo em seu topo, o crucifixo.
            A festividade se tratava da entronização da imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho, padroeira da paróquia de Esperança, todavia essa entronização não aconteceria no altar, onde seria mais comum, mas sim na própria fachada da Igreja Matriz. Na fachada anterior a 1940 já era possível visualizar a imagem da padroeira, isso pode ser constatado graças a várias fotografias que se possui da Igreja local.   
            A imagem de N. S. do Bom Conselho foi entronizada pelo padre João Honório de Melo em ato solene. Em suas palavras: “O ato revestiu-se de grande solenidade e teve o comparecimento de toda a Cidade e de fieis vindos de toda a Paroquia” (Livro Tombo nº1, pág. 65v – SALES:1990). Esse relato pode ser encontrado no Livro Tombo 1 da Paróquia de Esperança, segundo o próprio padre João Honório o evento merecia registo no Livro Tombo por se tratar de “uma imagem histórica” (Livro Tombo nº1, pág. 65v – SALES: 1990).
            Essa histórica imagem da Virgem estava na paróquia desde os seus primórdios, muito antes do desmembramento com a paróquia de Alagoa Nova, sob invocação de Sant’Ana. O vigário local descreve da seguinte maneira:
“[...] se trata de uma imagem histórica, a qual se acha se acha vinculados, desde os seus primórdios, o aparecimento e a vida desta cidade, e a formação deste povo. Foi a primeira imagem venerada e entronisada na sua [...] primitiva, que aqui se levantou graças a piedade e a generosidade dos antepassados desta Terra. Assim referrem os mais velhos, que ainda hoje vivem, que foram os elementos plasmadores de Esperança, naquele tempo a aldeia de Banabuié.” (Livro Tombo nº1, pág. 65v – SALES: 1990.)

            Ainda hoje a imagem pode ser vista por todos os moradores e fieis da cidade, que ao levantar de suas frontes vislumbram a grande torre e em seu meio a pequena imagem da Virgem do Bom Conselho.

            Ismaell Filipe da Silva Bento. Graduando em História e Membro do IHGE.
Banabuyé, 13/08/2018


Referências:
SALES, José Borges (de). Alagôa Nova – Notícias para sua história. Fortaleza Gráfica e Editora: 1990.
PARÓQUIA, Livro de tombo (da). Paróquia de N. S. do Bom Conselho. Diocese de Campina Grande. Livro nº 01, 1908/1957. Esperança/PB.  
           

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

O Mastodonte de Esperança

  Leon Clerot – em sua obra “30 Anos na Paraíba” – nos dá notícia de um mastodonte encontrado na Lagoa de Pedra, zona rural de Esperança (PB). Narra o historiador paraibano que em todo o Nordeste existem depressões nos grandes lajeados que afloram nos terrenos, conhecidas pelo nome de “tanques”, muitas vezes obstruídos pelo material aluvionar. Estes são utilizados para o abastecimento d’água na região aplacada pelas secas, servindo de reservatório para a população local. Não raras as vezes, quando se executa a limpeza, nos explica Clerot, aparecem “ restos fossilizados dos vertebrados gigantes da fauna do pleistoceno que povoou, abundante, a região do Nordeste e, aliás, todo o Brasil ”. Esqueletos de espécimes extintas foram encontradas em vários municípios, soterrados nessas condições, dentre os quais se destaca o de Esperança. A desobstrução dos tanques, necessária para a sobrevivência do rurícola, por vezes provocava a destruição do fóssil, como anota o professor Clerot: “ esf

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................