O ciclo do algodão teve
uma grande importância em nosso Município. Aqui o apogeu fazia sentir-se em
vários setores, especialmente no agrícola e comercial. Este produto chegou a
competir com a própria batatinha, considerada nossa cultura principal.
O algodão herbáceo
outrora fora denominado de “ouro branco”. Antigamente, “Os algodoeiros
frondosos como grandes arbustos, davam boa safra” (Jornal Gazeta, 9/11/1888).
O mesmo acontecia em
Esperança, cuja produção tinha grande potencial. Nesse tempo havia quatro
vapores na cidade de descaroças algodão e prensas para enfardar o produto, de
onde seguiam para abastecer os armazéns de Campina Grande.
Nessas paragens, foram
muitos os que cultivaram a planta que serve entre muitas coisas para o tear,
sobremaneira nas décadas de 30/40. Mas a atenção comercial ainda estava voltada
para a criação de gado, chamada de a “mercadoria que anda”.
O Annuário da Parahyba
(1930) registra os seguintes produtores de algodão, os quais possuíam até marca
registrada: Francisco Bezerra da Silva (marca: Acary); Júlio Ribeiro da Silva
(marca: Mary); Sebastião Donato (marca: Donato) e Theotônio Rocha (marca: Fé).
O algodão chegou a
competir com os cereais e a própria batatinha, que foi por assim dizer a nossa
principal cultura. Nesse tempo havia quatro vapores de descaroçar algodão na
cidade e prensas para enfardar o produto, de onde seguiam para abastecer os
armazéns de Campina Grande. Na época, “era constante o tráfego, com vários
motores com significante número de burros pelas ruas e estradas de Esperança”
(Mobral: 1985).
Por aqui há uma lenda urbana
que, nos anos 30, um padre estava a celebrar uma missa, mas sentia-se
incomodado com o estrondo barulho das descaroçadeiras de algodão que funcionava
na rua principal. Pediu a um dos acólitos para solicitar do comerciante que
desligasse a máquina durante a celebração, recebendo esse uma grossa resposta. O
religioso não discutiu, apenas fez o “sinal” da cruz em direção ao edifício, e
por encanto o maquinário deixou de operar. Coincidência ou não, a
descaroçadeira teria quebrado passando alguns dias sem funcionar. Naquele tempo
os religiosos eram homens de muita fé e, se esta pode remover montanhas, o que não
se dirá de uma pequena máquina?
O algodão era
acondicionado em unidades de 70 quilos cada, sendo que cada caminhão carregava
24 fardos.
O Livro do Município
registra que: “Era constante o tráfego, com vários motores com significante
número de burros pelas ruas e estradas de Esperança”, até serem transportados
para Campina Grande para serem embarcados no trem para Pernambuco com destino
às fábricas.
O trem para o Recife
parte, alternadamente, num dia às 6:40 AM, e noutro às nove horas, afim de
combinar as correspondências com os combóios de Natal e João Pessoa.
Por ser um produto
perecível e altamente inflamável, havia certo cuidado no seu armazenamento.
Evitava-se que fumantes se aproximassem e até um pouco d´água era jogado sobre
os fardos em dias de calor. Todas essas precauções não foram suficientes para
evitar um grande incêndio que ocorreu em 1932, na estação de Campina. Muitos
produtores amargaram o prejuízo, enquanto outros tinha sua carga assegurada em
uma companhia de Londres.
Com a crise do algodão e
outros fatores, o cultivo desta planta perdeu terreno para outras culturas, e
hoje praticamente não há investimentos desta monocultura em nosso Município.
Rau
Ferreira
Referências:
- ALMEIDA, José Américo.
A Paraíba e seus problemas. Ed. União. Secretária do Estado da Paraíba. João
Pessoa/PB: 1980.
- ESPERANÇA, Livro do
Município de. Ed. Unigraf. Esperança/PB: 1985.
- FERREIRA, Rau. Silvino
Olavo. Epgraf. Esperança/PB: 2010.
- JOFFILY, Geraldo
Irineu. Um cronista do sertão no século
passado. Comissão Cultural do Município, Prefeitura Municipal de Campina
Grande: 1965, p. 15;
- JOFFILY, Irineu. Notas
sobre a Paraíba. Edição fac-similar de 1892. Ed. Thesaurus: 1977.
- MEDEIROS, Coriolando de. Dictionário corográfico do Estado da Paraíba. Ministério da
Educação e Saúde Pública. 2ª Ed. Departamento de Imprensa Nacional: 1950, p.
91/92.
- O COMMERCIO, Jornal. N.
3052. Edição de 09 de outubro. Parahyba do Norte: 1907.
- PARAHYBA, Annuário da.
Anuário Estatístico. Governo da Parahyba. João Pessoa/PB: 1930..
- RIBEIRO, Hortênsio de
Souza. A imprensa em Campina Grande. R.IHGP, Vol. 11. João Pessoa/PB: 1948.
- SOCIEDADE DE
GEOGRAPHIA, Revista da. Tomo XXXV, 1º Semestre. Rio de Janeiro/RJ: 1932
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