Pular para o conteúdo principal

Homenagem ao Professor Peixe

Professor Fernando Mota Peixe
Imagem: http://professorcobrha.blogspot.com.br/
Natural de Pernambuco, Fernando Mota Peixe chegou em Esperança através de José Luiz do Nascimento, que na época era professor de educação física e, surgindo a necessidade de se criar uma banda marcial no antigo Ginásio Diocesano, e tendo ele ouvido falar que em Areia havia um instrutor, falou com Manuel Vieira, à época diretor daquele educandário, que chamou o Professor Peixe para dar aulas de músicas aos alunos diocesanos.
Por esse tempo foram introduzidos em Esperança, pelo professor Peixe, o Handebol, modalidade esportiva semelhante ao futebol, mas que jogada com as mãos, além do futebol de Salão, através de Zé Luiz, tudo isso por volta de 1963.
O professor Peixe era autodidata e possuía uma técnica inconfundível de ensinar bandas marciais. Na cidade de Areia, onde vivia desde os anos 40, atuava junto ao Campus da UPFB, onde foi instrutor das Bandas Marciais das escolas Min. José Américo de Almeida e Carlota Barreira, além de professor de Educação Física.
Era uma pessoa rígida, mas compreensiva. Não gostava de palhaçada, nem exageros. Nas bandas que regia não permitia liras, nem evoluções esquisitas.
Em nosso município, implantou praticamente todas as modalidades de Atletismo. Ao lado direito das dependências do Ginásio Diocesano, idealizou a primeira quadra de futebol de salão da cidade com a colaboração dos alunos, aproveitando o terreno da escola, de chão batido, para construir, num espaço de 40 x 20 metros, rigorosamente nivelado, o local para aquela prática desportiva. Naquele espaço foram realizados vários jogos e torneios de futsal.
No lado esquerdo daquele educandário, o professor Peixe idealizou a pista de atletismo, com caixa de areia para o salto em distância.
Além do antigo ginásio, o professor Peixe também atuou junto ao colégio estadual, onde participou ativamente da formação da banda marcial, e instruiu os seus músicos.
Ele também foi professor de Educação do Instituto Monteiro Lobato na década de 70. Este educandário foi fundado por Delfino e Vânia. Chegou a funcionar onde hoje é a Biblioteca “Silvino Olavo”.
Em Areia formou um grupo de escotismo, chegando a organizar também uma equipe em Esperança, composta por Humberto Ferreira, Jailton, Edna, Fábio, Zezinho e outros esperancenses.
As reuniões eram na Escola Dom Palmeira, onde o professor Peixe passava para os meninos toda a filosofia de ensino do escotismo. Os garotos se vestiam à caráter, com fardamento, botas e chapéu. Também praticavam caminhadas, faziam acampamentos nos engenhos em Areia e apresentações em outras cidades. A cada evolução do escoteiro era entregue uma medalha.
A professora Morena Cerqueira nos conta um fato interessante do professor Peixe. Ela estava a frente da Banda Marcial no início da década de 80, quando foram convocadas para participar do 7 de setembro no Município de Remígio. Pela manhã, um dos componentes furou a pele do fuzileiro, instrumento da primeira fila da Banda, e ainda faltava o desfile em Esperança, que aconteceria a tarde.
O problema é que havia uma única pele reserva e feita a troca, no momento do teste do instrumento, a pele se furou. Todos ficaram apavorados, alguns componentes já se encontravam em forma na frente da Praça da Cultura. Foi quando entrou o professor Peixe, que vendo aquela situação de angústia ficou emocionado, se abraçou com a turma e disse que logo iria arrumar aquele instrumento. Pegou uma pele velha que havia depósito, colocou no chão, fez um fogo ali mesmo e começou a esticar o couro como só ele sabia fazer, deixando o fuzileiro pronto para o desfile. Depois, abraçou-se novamente com os alunos, que correram para a formação iniciando aquele 7 de setembro, numa belíssima apresentação.
O professor Peixe incentivou Epitácio Gomes a seguir a carreira de professor de educação física, e foi modelo, por assim dizer, de muitos outros, a exemplo de Joacil. O próprio Epitácio prestou uma homenagem ao velho mestre em uma das aberturas dos jogos estudantis municipais, contudo ele não lembra o ano.
Na opinião do professor Valmir Fernandes, “Ele era um professor com uma visão além do tempo, ou melhor do momento, exigia quando sabia o potencial humano que tinha em mãos”.
O Secretário João Delfino, em depoimento para esse trabalho, disse que foi um privilégio de trabalhar com prof. Peixe, “Amigo, competente e apaixonado pelo esporte e atividades físicas, ensinava várias modalidades esportivas e era um excelente educador.”, acrescentando que “Esperança deve muito a este mestre” que “além do magistério, era um exímio fabricante de alambique e tachos em bronze para os engenhos em Areia”.
Em Areia, o saudoso professor Peixe residia em frente ao Banco do Brasil, e segundo consta, sua esposa e uma filha ainda residem em Cipilho. Aposentou-se compulsoriamente do Campus da UFPB em Areia, em 24 de outubro de 1995 (D.O.U., n. 204, Seção 2, p. 8.047/1995).
Quero agradecer as pessoas aqui citadas, que colaboraram de alguma forma para essa homenagem prestada, Morena Cerqueira, Valmir Fernandes, João de Araújo, Humberto Ferreira, João Delfino e Zé Luiz, que me ajudaram a reconstruir assim uma parte da história municipal, prestando essa justa homenagem.


Rau Ferreira

Créditos da imagem: 
http://professorcobrha.blogspot.com.br/p/historias-de-ontem.html

Comentários

  1. Linda homenagem, ele foi meu professor na escola de agronomia, figura admirável. Parabéns Rau pela homenagem merecida.

    ResponderExcluir
  2. Eu sou ANTONIO BARBOSA FILHO - PROFESSOR COBRHA - Eu fui aluno do MAIOR INSTRUTOR DE BANDAS MARCIAIS DO MUNDO, O Sr. FERNANDO MOTA PEIXE. Foi uma das maiores alegria que eu conseguir em toda a minha vida, nos anos 60, quando ele veio fundar a banda marcial do GINÁSIO SÃO JOSÉ ( Hoje: Padre Hildon Bandeira ). Foram 4 anos de estudos,da melhor qualidade, Para mim, ele era uma UNIVERSIDADE, com os seus conhecimentos que só ele sabia passar para os seus alunos. Hoje, agradeço muito a ELE, por tudo o que eu passo para os meus alunos, a travez do que ele deixou em mim. OBRIGADO GRANDE MESTRE.

    ResponderExcluir
  3. Homenagem bem merecida. Professor Peixe deixou exemplos de seriedade, compromisso, disciplina, competência a muitos esperancenses. Jamais o esquecerei. Além dele, a professora Isaurinha teve grande participação na minha formação esportiva.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

Severino Costa e sua harpa "pianeira"

Severino Cândido Costa era “carapina”, e exercia esse ofício na pequena cidade de Esperança, porém sua grande paixão era a música. Conta-se que nas horas de folga dedilhava a sua viola com o pensamento distante, pensando em inventar um instrumento que, nem ele mesmo, sabia que existia. Certo dia, deparou-se com a gravura de uma harpa e, a partir de então, tudo passou a fazer sentido, pois era este instrumento que imaginara. Porém, o moço tinha um espírito inventivo e decidiu reinventá-la. Passou a procurar no comércio local as peças para a sua construção, porém não as encontrando fez uso do que encontrava. Com os “cobrinhos do minguado salário” foi adquirindo peças velhas de carro, de bicicleta e tudo o mais que poderia ser aproveitado. Juntou tudo e criou a sua “harpa pianeira”, como fora batizada. A coisa ficou meia esquisita, mas era funcional, como registrou a Revista do Globo: “Era um instrumento híbrido, meio veículo, meio arco de índio: uma chapa de ferro em forma de arc...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Administração Odaildo Taveira (1979)

Odaildo Taveira Rocha foi eleito pela ARENA 1, com apoio de seu Luiz Martins, numa eleição muito acirrada contra José (Zeca) Torres. Ele que já havia sido vice de seu Luiz (1973-1977), agora se elegia gestor do Município de Esperança, tendo como vice o Dr. Severino (Nino) Pereira. Ex-funcionário de banco, iniciou seus estudos no Externado “São José”, da professora Donatila Lemos. Odaildo também chegou a presidir o Conselho de Desenvolvimento de Esperança que, em parceria com o PIPMOI - Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra Industrial, organizava cursos de marceneiros, tratoristas, encanadores e eletricistas a serem ministradas pelo SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.   Com relação a sua administração, colhemos dados em uma publicação do parceiro e blogueiro Evaldo Brasil, em seu site “Reeditadas”, o qual publicou um calendário com o resumo do ano de 1979, que passo a reproduzir.   “ Poder Executivo Prefeito: Odaildo Taveira Rocha Vice-pre...

A Energia no Município de Esperança

A energia elétrica gerada pela CHESF chegou na Paraíba em 1956, sendo beneficiadas, inicialmente, João Pessoa, Campina Grande e Itabaiana. As linhas e subestações de 69 KV eram construídas e operadas pela companhia. No município de Esperança, este benefício chegou em 1959. Nessa mesma época, também foram contempladas Alagoa Nova, Alagoinha, Areia, Guarabira, Mamanguape e Remígio. Não podemos nos esquecer que, antes da chegada das linhas elétrica existia motores que produziam energia, estes porém eram de propriedade particular. Uma dessas estações funcionava em um galpão-garagem por trás do Banco do Brasil. O sistema consistia em um motor a óleo que fornecia luz para as principais ruas. As empresas de “força e luz” recebiam contrapartida do município para funcionar até às 22 horas e só veio atender o horário integral a partir de setembro de 1949. Um novo motor elétrico com potência de 200 HP foi instalado em 1952, por iniciativa do prefeito Francisco Bezerra, destinado a melhorar o ...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...