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Desmestificando a chã da bala

Esperança tem uma tradição de dar nomes populares as ruas. A rua Antenor Navarro é rua de Areia, a Senador Epitácio recebe o epíteto carinhoso de rua do Boi.
Mas o que poucos sabem, e talvez muitos desconheçam é que a Chã da bala (rua Manuel Rodrigues de Oliveira) não tem a sua origem naquele entrevero iniciado no hotel de seu Dedé e que culminou com a morte de dois cidadãos esperancenses.
Pois bem. Em conversa com Odaildo Taveira este me falava que essa artéria já era conhecida bem antes daquele confronto, quando Esperança ainda era uma pequena vila possuindo apenas a rua de Baixo (Silvino Olavo), a a rua do Sertão (Solon de Lucena), a rua Nova (João Pessoa) e a principal que seguia da frente da igreja cercada por avelozes e circundada por propriedades rurais.
Pesquisando no Jornal do Recife, encontrei uma nota informando que no dia 16 de junho de 1881, nove arruaceiros invadiram a povoação de Banabuyé. Com armas em punho, deram tiros para o alto, ordenando que se fechassem as portas e dando fim ao divertimento local.
Não temos como afirmar que a origem do nome está ligada a este evento, mas não há como negar que um tumulto deste vulto tenha passado desapercebido. Com efeito, se comemoravam os festejos juninos que naquele tempo era a festa da colheita que se realizava com fartura. O fato de alguns terem invadido a vila armados e atirando para o alto seria motivo suficiente para batizá-la de “Rua Chã da Bala”. Dessa mesma época data a rua do Sertão que assim foi denominada por ser o caminho para os sertões.
De toda sorte, acrescenta o periódico que os meliantes foram contidos pela autoridade policial, processados e pronunciados.

Rau Ferreira

Referências:
- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá - Recortes da Historiografia do Município de Esperança. No prelo.

- RECIFE, Jornal do. Edição de 15 de junho. Recife/PE: 1881.

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