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Vestígios do Padre Ibiapina em Esperança/PB

Casamento celebrado por Pe. Ibiapina (1881)

Segundo estudos de Coriolano de Medeiros, foi o Padre Ibiapina quem alterou o nome de Banabuyé para Esperança, sem motivo plausível, consoante critica Irineu Jóffily.
Esta versão apresenta algumas contradições. O próprio Jóffily não afirma qual o nome do missionário e considerando que este conhecera o padre mestre quando de sua participação na revolta do Quebra-quilos em Campina, não seria difícil para ele citar o nome de José António Maria Ibiapina em seu livro “Notas sobre a Parahyba” (1892), embora esses indícios não afastem a possibilidade.
Em 1860 vamos encontrar Padre Ibiapina em Taperoá, onde prega missão e funda um Cemitério. Os historiadores dizem que esta foi a primeira obra concreta realizada pelo pregador, após iniciar a sua peregrinação pela Paraíba.
Deparando-se com cadáveres das vítimas da Cholera fez um multirão para construir um cemitério em Soledade, conferindo-lhes um enterro digno.
Nesse mesmo período é hospedado em Alagoa Nova pelo Padre José Antunes Brandão, onde haveria construído uma casa de caridade. Documentos oficiais confirmam a presença do Padre Ibiapina em Areia e Alagoa Nova, na Paraíba, em 1862, por ocasião do segundo surto de cólera nessa província.
Ismaell Bento, pesquisador do IHGE – Instituto Histórico e Geográfico de Esperança, vasculhando os arquivos paroquiais de Alagoa Nova, deparou-se com um registro de casamento celebrado pelo Padre Ibiapina na povoação de Esperança, a seguir transcrito:

Aos Dezoito dias do mês de Novembro de Mil oitocentos e oitenta e um na Povoação de Esperança, Paróquia de Alagoa Nova, ao depois de feito as Denunciações do estilo na forma do Cont Ivid sendo confessados e examinadas, em Doutrina Christã, o Reverendíssimo Coadjutor Padre Ignácio Ibiapina Sobral assisti ao Sacramento do Matrimônio do meus parochianos Antonio Pereira dos Santos e Maria Avelina da Conceição, presentes as testemunhas Cassimiro Pereira e Manuel (...)”.

Também foram encontrados mais dois registros posteriores a estes, datados agora de 1882. 
Há quem diga que o topônimo atual de Esperança deve-se a participação de Frei Herculano, outro clérigo que andou por essas terras em missão.
A dúvida ainda persiste e à escassez de material histórico relevante, perdurará por algum tempo, até que se possa encontrar junto aos livros de Tombo da Paroquiais material que esclareça a questão.



Rau Ferreira




Referências:
- BENTO, Ismaell. Acervo Paroquial de Alagoa Nova, Pesquisa em 17 de abril. Paraíba: 2019.
- JOFFILY, Irineu. Notas sobre a Paraíba. Edição fac-similar de 1892. Ed. Thesaurus: 1977.
- JÚNIOR, Luiz Araújo Pinto. O Padre Ibiapina, precursor da opção pelos pobres na Igreja do Brasil. Revista Eclesiástica Brasileira. Vol. XLIII. Editora Vozes Ltda: 1983.
- SALES, José Borges de. Notícias sobre a trajetória de cearenses na Paraíba e paraibanos no Ceará. Expressão Gráfica e Editora: 2005.
- SOBRINHO, Reinaldo. Anotações para a história da Paraíba. Vol. I. Idéia: 2002.

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