O flagelo da seca
sempre assolou a nossa região, mas no longínquo Sertão é que este fenômeno se
faz sentir em maior intensidade. Na década de 50 muitos abandonaram a sua terra
e foram em busca de oportunidades no brejo, chegando até as nossas paragens.
Há 39 anos o jornal O
DIA de Curitiba/PR, estampava em sua edição de capa uma notícia alarmante:
Flagelados invadem uma cidade.
Assim é que em 05 de
março de 1953, o município de Esperança era tomado por uma legião de
sertanistas que caminhavam a pé fugindo da seca voraz.
O comércio tomado de
surpresa baixa as suas portas, enquanto muitas das senhoras acolhiam casais
servindo um pouco de água e alimento. As crianças como sempre eram as mais
sôfregas com aquela situação, e por isso mesmo mereciam uma atenção redobrada.
Às vésperas da feira
grande algumas lojas de secos e molhados deixavam balaios e caçoas com algo
para que fosse levado, poupando assim o já minguado rendimento.
Aquelas pessoas agiam sob
o impulso da fome – dizia a matéria veiculada. O gestor municipal tomava suas
providências socorrendo-se do governo estadual.
Assim complementa o
artigo: “O governador José Américo recebeu um comunicado do prefeito de
Esperança, informando que uma leva de flagelados invadiu a cidade. O comércio
local fechou as portas temendo assaltos”.
Na época as
providências eram contratar essas pessoas para trabalharem abrindo estradas e
cavando açudes na região, atividade que era chamada de “Cachorra magra”.
Hoje o presságio de
Antônio Conselheiro parece mais real. O Sertão se tornou um mar de providências
enquanto que o agreste padece às duras penas do sol causticante.
Rau Ferreira
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.