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Rescaldo

Ontem foi o lançamento do “Rescaldo”, segundo livro do poeta José Bezerra Cavalcante. O lugar não poderia ser mais propício: a sede social das Amigas do Lar de Esperança, antiga residência do autor. Parafraseando o adágio popular, retorna Zezinho ao convívio de seus conterrâneos em seu lyrio verdejante.
O evento foi prestigiado pela sociedade esperancense que escutou atentamente a preleção do autor, e registrado pelas optivas da TV Lirio Verde.
O livro guarda certa coerência com o seu primeiro trabalho poético – Baú de Lavras – que veio a lume em 2009, por ocasião dos cinqüenta anos do movimento literoartístico denominado “Geração 59” do qual participou. Todavia, apresenta uma maturidade e uma vivência poética bem mais acentuada.
Os versos dizem um pouco da sua trajetória de vida. Chamam a nossa atenção o poema-título “Rescaldo” (pág. 21), que com uma sutileza deslumbrante abre o ciclo do “Tempo insepulto”, e prossegue da “Onirogafia” até o “Fim” propriamente dito (pág. 112).
“Pavão desencantado” – segundo o autor – inspira-se na literatura de cordel que ele costumeiramente adquiria nas feiras livres. “Mas não vá querer que eu aqui desencante o pavão!”, brincou ao responder ao ativista cultural Evaldo Brasil.
A influencia deste gênero já se fizera sentir desde o Baú, no poema “Cordel de Queresa”. A capa em si, é o próprio pavão com seus encantamentos e mistérios.
A obra ainda nos mostra uma linguagem concisa, direta. É o que se observa da leitura de “Maneio”, “Regaço”, “Eclipse” e Partindo (págs. 23, 64, 110 e 111). Dizendo tudo em breves linhas, coisa que só a poesia pode fazer. Talvez por isso seja difícil para o autor concluir as suas prosas, embora ainda hoje seja ele cobrado pelo conto do “Ateu”, publicado na década de 60, e escondido no fundo do Baú em dois poemas homônimos.
De logo se vê que a sua elegia não acaba por aqui. Outros filhos literários hão de vir à luz.


Rau Ferreira

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