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Meu pai, poema de Rau Ferreira

Meu pai não me ensinou
A viver na contramão
Tinha pouco estudo
Mas era um grande cidadão
Tudo quanto aprendi, tudo que sei
Veio da boca daquele cristão.

Não queria que eu fosse
Brigar sem ter razão
Ficar na rua largado
Passar a hora da refeição
Pegar em coisa alheia
Pra não ser chamado de ladrão.

Era simples seu viver
Mas nos legou essa lição
Eu e minhas irmãs
Temos a mesma opinião
Papai nos deu a vida
E nós seguimos sua direção.

Estudar eu deveria
Era minha obrigação
Se não quisesse pegar no pesado
Sofrer no cabo do enxadão.

Tinha que se dá o respeito
Tratar todos com atenção
Falar “sim, senhor” e “não”
- quando fosse preciso –
Com um forte aperto de mão.

Ele era mesmo assim
E de uma suave expressão
Firme quando deveria ser firme
E amoroso, esse meu paizão.

Que saudades me dá
Que aperto no coração
Dá vontade de chorar
Sinto desaparecer o chão.

De volta à realidade
Sou pai também (e irmão)
Meu compromisso e dever
Que meus filhos seguirão.


Rau Ferreira

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