Por Hortênsio
Ribeiro (*)
Hortênsio
de Souza Ribeiro em seu livro “Vultos e Fatos” escreve sobre as “Comemorações
de 7 de setembro em Esperança”, no ditoso ano de 1936. Por esse tempo, a cidade
era governada por Theotônio Tertuliano da Costa que, reparando um erro do
passado, realizou a aposição do quadro do ex-Presidente João Suassuna, aquele
que tanto contribuiu para a nossa história. Com efeito, relata o escritor o
empenho do governante na emancipação política local, elevando não somente a
vila como também criando o termo judiciário.
Necessário
pois o registro deste texto, com as palavras emocionadas do autor que
transcrevi a seguir:
“A maior de todas as comemorações efetuadas
na Parahyba por ocasião da festa da Pátia, quando eu referir-me às solenidades
realizadas em homenagem à data da nossa emancipação política teve por teatro a
ridente e promissora vila de Esperança.
É que nesta localidade houve mais do
que uma consagração cívica: fez-se a reparação devida a mais inominável das
injustiças que já se praticaram em seguida à exaltação decorrente do movimento
de outubro.
O município de Esperança (honra lhe
seja!), o município de Esperança, no dia 7 de setembro de 1936, pelos seus
elementos de maior expressão política, social e econômica, por entre os júbilos
do dia da Independência, fez, solenemente, a reposição do retrato do
infortunado presidente João Suassuna, na mesma parede do salão do tribunal do
júri e fórum municipal, onde estupidamente o arrancara a iconoclastia
revolucionária.
Ao receber esta notícia, à noite, em
Esperança, da boca do coronel Manoel Rodrigues, um grande amigo do presidente
Suassuna, irreprimivelmente me afluíram lágrimas aos olhos, recordando-me de
tudo que pela terra de Silvino Olavo fizera o nosso grande conterrâneo tombado.
Ninguém mais do que o presidente João
Suassuna se empenhou tão vivamente em prol da emancipação comunal de Esperança.
No dia 22 de maio de 1925, ao ser inaugurado o serviço de Luz elétrica em
Esperança, o presidente Suassuna, que estava presente àquela solenidade, em
declaração pública prometeu ao povo de Esperança que a futurosa povoação de seu
Banabuié seria elevada à dignidade municipal dentro do seu governo.
A promessa solene caída duns lábios
que desadoravam a mentida, teve a sua confirmação inequívoca e estrondosa no
dia 4 de dezembro de 1925 com a assinatura do Dec. n° 1.490, que instalava para
todos os efeitos o município de Esperança.
Para que se possa julgar a luz dos
documentos os extremos da dedicação social de Suassuna pela futurosíssima
Esperança recapitulemos sumariamente a história de sua evolução política.
Só por esta forma se verá nitidamente
refletido do governo de todo Suassuna pela emancipação do antigo distrito de
Alagoa Nova.
O termo de Esperança foi criado pela
Lei n° 613, de 3 de dezembro de 1924. A lei n° 624 de 1° de dezembro de 1925,
vinha regular a alteração dos limites entre Areia e Esperança. A 7 de dezembro
de 1925, assinava Suassuna o Dec. n° 1415, convertendo o distrito de paz de
Esperança em circunscrição policial. Neste mesmo ano era estabelecida a Mesa de
Rendas de Esperança (Dec. n° 1418, de 29 de dezembro de 1925).
Por essas ligeiras indicações se
constata que os acontecimentos decisivos da vida municipal de Esperança se
processaram dentro do quadriênio Suassuna. Desde a criação do seu termo (o
presidente Suassuna tinha assumido o governo fazia um mês e dezenove dias) até
a elevação de Esperança ao quadro municipal, perpassa duma maneira evidente o
influxo ou a projeção do presidente Suassuna no drama da independência
municipal de Esperança.
Já se vê, pois, que ninguém amou com
amor igual ao do presidente Suassuna essa verde Esperança, que tem o doce nome
indígena de Banabuié.
Por conseguinte as comemorações do
dia 7 de Setembro de 1936 em Esperança, no modo de ver dos que veneram o
passado e o admiram através da história, assumiram um caráter imponente de
reparação social. Presidindo a sessão cívica do Conselho Municipal de
Esperança, na qual se fez tão digna reparação histórica, o prefeito Teotônio
Costa praticou um ato de iniludível justiça.”.
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Hortênsio
de Souza Ribeiro (1885/1961) nasceu em Campina Grande. Amante das letras tentou
ressurgir a Gazeta do Sertão de Irineu Jóffily, o que fez efetivamente em 1923.
Era afilhado de Cristiano Lauritzem, embora não comungasse com a sua ideologia
política. Após formado, monta um escritório de advocacia em sua terra natal,
que passa a ser referência para jovens leitores. Colaborou com diversos jornais
paraibanos, publicando crônicas e ensaios; e foi um dos fundadores da Academia
Paraibana de Letras. Se cogita de sua passagem por Esperança, onde tinha
grandes amizades e teria trabalhado por algum tempo no registro civil nos anos
30. Não sabemos ao certo e ainda estamos a investigar. Em todo caso, foi
Hortênsio quem recebeu o esperancense Epaminôndas Câmara na APL, com caloroso
discurso.
Rau
Ferreira
Referência:
- A
IMPRENSA, Jornal. Edição de 27 de setembro. João Pessoa/PB: 1936.
- RIBEIRO,
HORTENSIO DE SOUZA. Vultos e fatos. Governo do Estado. João Pessoa/PB: 1979.
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