Pular para o conteúdo principal

SOL: Pela ordem

Reportagem Especial

Em 1926 noticiava A União o avanço da Coluna Prestes na Paraíba. Os fatos, por esta folha, foram denominados sob o título geral “Pela Ordem e Contra a Revolta”, que se seguiram durante vários dias a partir do dia 05 de fevereiro daquele ano.
A nota tomou grande espaço na primeira página, e pode ser resumida assim em seu primeiro parágrafo:
Como é de domínio público,os rebeldes, ao mando de Prestes, Siqueira Campos e outros, rechachados no Maranhão e Piauí, internaram-separa Estado do Ceará, e, depois de uma série de correrias, ataques e sortida, rumaram para as fronteiras da Paraíba e Rio Grande do Norte” (A União: 5/02/1926).

A estes acontecimentos seguiram-se inúmeros votos de solidariedade ao chefe do executivo paraibano, que se empenhou na luta tendo o apoio militar do Cel. Elysio Sobreira, comandante da Força Policial.
A comunidade de Esperança, além deste filho ilustre, externava os seus préstimos. Anote-se daquele jornal “os aplausos e testemunhos de solidariedade recebidos pelo chefe do governo”, como se vê do telegrama seguinte:
Esperança, 7 – Caso necessite serviços ofereço pequenos préstimos defesa Estado e legalidade – Arthur Sobreira” (A União: 9/02/1926).

O cotejo que segue diz respeito ao discurso do Dr. Silvino Olavo, grande amigo do Presidente Suassuna, se confraternizando com o seu governo neste embate.
Feitas estas considerações, apresentamos pois a publicação da época:

Discurso parcial do Dr. Silvino Olavo da Costa

“(…) Senhor presidente – Se a forma de nossa Constituição implicasse uma solução desse problema, estamos cientes que estas fórmulas não garantiriam.
Precisamos de homens decididos como vossa exc., de homens que sabem respeitar a soberania que está nos canones da Constituição.
A mocidade vem hipotecar-vos toda a sua solidariedade.
Ela está conscienciosamente convencida que é pela energia que se há de levar à frente esta grande obra.
Essa mocidade está disposta a cingir as armas.” (Silvino Olavo).

A fala foi muito aplaudida e ao final o dr. Silvino Olavo uma mensagem ao dr. João Suassuna, que agradecendo o gesto enalteceu as qualidades do orador nestes termos:
“(...) Muito obrigado por esta manifestação eloquente e cordial, prestada com o concurso da palavra que acaba de nos encantar, repassada no vigor de uma mocidade em plena florescência, iluminada para um talento de escól e o que é mais para admirar, cheia de senso e ensinamentos, a propósito dos problemas mais graves de um povo.”.

Silvino privava do convívio com a família SUASSUNA, a quem em oportunos momentos sempre recitava o poema ÍCARO, dedicado ao amigo.

Rau Ferreira

Fonte:
- A UNIÃO, Jornal. Órgão oficial do Estado da Paraíba, edições de fevereiro de 1926. Parahyba do Norte: 1926;
- FERREIRA, Rau. Silvino Olavo. Esperança/PB: 2010.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Dom Manuel Palmeira da Rocha

Dom Palmeira. Foto: Esperança de Ouro Dom Manuel Palmeira da Rocha foi o padre que mais tempo permaneceu em nossa paróquia (29 anos). Um homem dinâmico e inquieto, preocupado com as questões sociais. Como grande empreendedor que era, sua administração não se resumiu as questões meramente paroquianas, excedendo em muito as suas tarefas espirituais para atender os mais pobres de nossa terra. Dono de uma personalidade forte e marcante, comenta-se que era uma pessoa bastante fechada. Nesta foto ao lado, uma rara oportunidade de vê-lo sorrindo. “Fiz ciente a paróquia que vim a serviço da obediência” (Padre Palmeira, Livro Tombo I, p. 130), enfatizou ele em seu discurso de posse. Nascido aos 02 de março de 1919, filho de Luiz José da Rocha e Ana Palmeira da Rocha, o padre Manuel Palmeira da Rocha assumiu a Paróquia em 25 de fevereiro de 1951, em substituição ao Monsenhor João Honório de Melo, e permaneceu até julho de 1980. A sua administração paroquial foi marcada por uma intensa at...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...