Escreveu Inácio Gonçalves de Souza, em sua “Seleção Nostalgia” para o jornal A Folha, sobre a Praça da Cultura. Entre outras coisas, exaltou as peculiaridades do lugar.
Devo, pois, complementar-lhe a idéia...
A praça era um local mágico, cheio de ilusão para sua época. E ponto de encontro dos estudantes do paroquial e estadual, nas aulas vagas.
Seus bancos de cimento, seus patamares, altos e baixos; o panteão da bandeira, e as árvores que circundavam na mesma direção que os carros seguiam, subindo pelo CAOBE e descendo pela biblioteca. Tudo era circunspecção, atitude.
Havia a “galera” do skate, liderados por Crisóstimo; e a turma da bicicros, com Sidney. Era a época do “break”, e um menino franzino contorcionava-se em movimentos rápidos e lentos. Este depois fundou um grupo chamado “Cultura de Rua”.
Os “nerds” ficavam junto à calçada da biblioteca, sempre com soluções prontas para tudo. E os galãs faziam ponto nas barracas de Ledo ou de Tité.
As moças passeavam, subindo e descendo a praça. Era uma efusão de sentimentos, olhares, e muito mais!
Ali surgiram lideranças políticas da minha juventude, um deles foi inclusive presidente da Câmara Municipal. E outro, fazendo versos, conseguiu igualmente a vereança.
Jogávamos xadrez e damas. Dessa turma, um foi ser médico no exército brasileiro e tem nome de santo; outro cirurgião dentista no Rio Grande, e um terceiro juiz naquele mesmo Estado, destacando-se como um dos maiores juristas do nosso tempo.
E sentimos a imensa perda de um irmão, bacharel em letras e acadêmico de direito, que sucumbiu à intolerância em Campina Grande.
Ali também aconteciam as corridas do professor Joacil e quase sempre desacelerávamos na esquina da casa de dona Celita. Voltávamos a correr em frente à praça, perto do bar de Gilson.
E na opinião precisa de Raimundo Viturino de Souza, um dos fundadores do antigo jornal estudantil: “A Praça era também o ponto de encontro dos ‘baladeiros’ da época a espera das festas no CAOBE. Isso depois de ter tomado todas no Bar do Gilson ou no Aconchego. As festas mais concorridas era as da Banda Show Feras e Tropicais. Tínhamos também os ‘santos de casa’, Estação da Luz e Chico de Pepê" (Via email, em 15/09/11).
Havia espaço para Madona e Elvis. Era um tempo lúdico que não volta mais.
Hoje a praça está moderna e não se conhece seus freqüentadores. A cidade também progrediu e uma nova geração tomou nosso lugar. Como dizia a velho João Benedito: “Nós pisamos nossos pais, nossos filhos pisarão em nós!”. Que seja!
Rau Ferreira
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.