Reportagem Especial
A história da cidade de Esperança inicia-se efetivamente em 1860, a partir da instituição da Fazenda Banaboié Cariá pertencente aos descendentes dos Oliveira Ledo. Contudo, as terras que compunham esta localidade já eram conhecidas desde 1757 quando, O Capitão-mór Clemente de Amorim e Souza por ordens do Governador da Capitania, percorreu a região descrevendo-as e anotando as suas distâncias. Esta carta existente na Torre do Tombo em Portugal apresentava o Sítio Banabuyé nas proximidades de Campina Grande, situado à beira de um açude.
Consta também que os Índios Tapuias quando habitaram estas terras haviam construído um reservatório d'água que chamou a atenção dos nossos colonizadores, denominado de Tanque do Araçá. Mas o Marinheiro Barbosa foi o primeiro homem civilizado a se utilizar desta água, construindo sua habitação nas suas proximidades. Porém, este não se demorou muito tempo
Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira.
Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié (1757), Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova.
O professor Leon Clerot escreve em sua obra corográfica que banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”.
Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani, teria sido mudado para o topônimo de Esperança por Frei Herculano, devido ao simbolismo que esta representa. Banabuyu, que na língua Tupi significa Brejo ou Pantanal das Borboletas. Uma outra versão porém é atribuída ao Padre Ibiapina. Conta-se que este clérigo teria nomeado algumas cidades da região, segundo as três virtudes teologais: Fé (Santa Fé, atual município de Arara), Caridade (Soledade ou Pocinhos, não se sabe ao certo), e, para Banabuié o de Esperança. Esta narrativa guarda certo sentido devido a grande influência exercida por este vigário em nossa região. Ele mesmo teria fundado em 1862 o cemitério local, motivado pelo surto de Cólera Morbidus.
O fato é que até 1860 não existiam cemitérios na região. Os ricos eram sepultados nas Igrejas, enquanto os pobres eram enterrados nos campos. Segundo documentos históricos, Pe. Ibiapina teria resolvido o problema construindo os cemitérios de Arara, Pocinhos e Alagoa Nova; e se supõe que ele teria edificado também o de Esperança.
Já o ano de 1862 marca a fundação da Capela de Nossa Senhora do Bom Conselho, onde hoje é a Igreja matriz, por orientação do Frei Venâncio, primeiro missionário a chegar nestas terras e a celebrar missa. Segundo a tradição, a devoção à Mãe do Bom Conselho no Brasil teria se iniciado em 1785, pelas mãos do padre jesuíta José de Campos Lara.
Em 20 de Maio de 1908, o Bispo da Paraíba Dom Adauto criou e erigiu a freguesia de Esperança, sendo o Padre Francisco Gonçalves de Almeida seu primeiro pároco.
Em 1885 foi instalada a agência dos Correios e Telégrafos de Esperança, cujo agente era Antônio Albuquerque Lima.
Em maio de 1925 iniciou-se um levante em prol da emancipação política do município. Esse movimento ganhou força no inflamado discurso de Silvino Olavo, que declamava: “Esperança – Lírio Verde da Borborema”. A idéia foi ganhando novos adeptos, entre eles, o Coronel Elísio Sobreira, Chefe de Polícia do Estado, e o Deputado Antônio Guedes, que apresentou o Projeto de Lei nº 13, que criava a cidade de Esperança.
Após terceira discussão em plenário, o projeto foi votado e aprovado e, no dia 1o de Dezembro de 1925, era publicada no jornal A União, a Lei nº 624, dando origem ao Município de Esperança, que se instalou no dia 31 daquele mês e ano.
Assumiram o governo mirim Manuel Rodrigues de Oliveira na condição de Prefeito e Teotônio Tertuliano da Costa, na posição de Vice-Prefeito, prestando compromisso no Paço Municipal junto ao Dr. João Marinho da Silva, Juiz do Termo.
Ainda naquele ano era construído a Capelinha de N. S. do Perpétuo Socorro, em vista de uma promessa feita pela Sra. Esther Rodrigues de Oliveira, cuja graça foi alcançada.
A primeira Câmara Municipal era constituída pelos seguintes vereadores: Manoel Pessoa de Melo Leitão, José da Cunha Neto, José de Araújo Souto, Francisco Rodrigues da Silva, Anísio Evangelista dos Santos, José Carolino Delgado e Cassimiro Jesuíno de Lima. Muito embora, oficialmente, só se tenha constituído em 31 de outubro de 1947.
Após as eleições de 12 de outubro de 1947, tomaram posse: Francisco Bezerra da Silva (Presidente), Manoel Rodrigues de Oliveira (Vice-presidente), sendo Severino de Alcântara Torres e Manuel Luis Pereira 1º e 2º Secretários, respectivamente. O Legislativo-mirim daquele ano também foi composto pelos seguintes Vereadores: Eustáquio Luiz de Aquino, Severino Felix da Costa e José Ferino dos Santos.
A primeira sessão ordinária dessa gestão ocorreu em 05 de dezembro de 1947, no pavimento superior do edifício nº 02, da Rua Senador Epitácio Pessoa (Rua do Boi), porque o Sr.Prefeito Municipal não cedeu o prédio da Biblioteca Pública para a sede da Câmara. Consta em ata, que o chefe do executivo municipal escolheu os fundos da Prefeitura para o funcionamento da Câmara, o que foi considerado inconveniente pelos vereadores.
Enquanto que a justiça local deu seus primeiros passos com a instituição do Segundo Juizado de Paz da Povoação de Esperança em 1896, a qual pertencia ao Juizado de Alagoa Nova da Comarca de Areia, tendo como primeiro Juiz Thomaz Rodrigues de Oliveira e Escrivão, o Sr. José Pereira Brandão, conhecido por “Santos Cacheiro".
Mas o Termo Judiciário de Esperança somente em 31 de Dezembro de 1925, agregado à Comarca de Areia, assumindo o juízo municipal o Dr. João Marinho da Silva, sendo Teotônio Cerqueira Rocha o primeiro Adjunto de Promotor.
No cargo de Oficial de Justiça, assumiu o Sr. João Gonçalves de Lima, enquanto que Inácio Rodrigues de Oliveira prestou compromisso na função de Delegado de Polícia em 20 de Janeiro de 1926. Nesse mesmo ano foi inaugurada a Cadeia Pública local.
Atualmente a cidade de Esperança se destaca entre as mais desenvolvidas do compartimento da Borborema, polarizando a região. E a cada dia aumentam os índices de arrecadação provando que o município possui um grande potencial.
No detalhe da foto a Igreja do Bom Conselho antes e depois.
Rau Ferreira
Fonte:
- ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf. Esperança/PB: 1985;
- CLEROT, Leon Francisco R. 30 [i. e. Trinta] anos na Paraíba: memórias corográficas e outras memórias. Editora Pongetti: 1969;
- SOBRINHO, Reinaldo de Oliveira. Esboço de monografia do Município de Areia. Coleção Arquivos Paraibanos. Imp. Official. João Pessoa/PB: 1958;
- JOFFILY, Irineu. Notas sobre a Parahyba. Ed. Typographia do "Jornal do Commercio": 1892;
- SOARES, Francisco de Assis. Boa Vista de Sancta Roza: de fazenda à municipalidade. Ed. Unigraf. Campina Grande/PB: 2003;
- MEDEIRO, Tarcízio Dinoá. Freguesia do Cariri de Fora. São Paulo/SP: 1990.
- MELO, João de Deus. Esperança e seus primórdios. Jornal “Novo Tempo”. Edição Especial. Ano IV, nº 23. Esperança/PB: 1995.
Mídia eletrônica:
- Site http://www.virgulino.com/;
- Esperança, wikipédia (http//pt.wikipedia.org).
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