Pular para o conteúdo principal

Esperança: Elementos corográficos

A corografia estuda os aspectos geográficos de uma região ou de um país, notadamente a demografia e antropologia. Introduzida por Ptolomeu essa ciência estava em voga no Século XIX (Wikipédia/Dicio).
Muitos historiadores lançaram mão de suas técnicas para justificarem o surgimento de povoados e vilas; lugares e espaços habitáveis do nosso rincão. A seguir apresentamos alguns elementos corográficos mais usuais na antiga Banabuyé:
Araçá: fruto que possui um olho, alusão à mirtáceas cuja coroa parece uma pupila. Tanque de pedra removido pelos indígenas, cujo lajedo aflora na “Beleza dos Campos”, onde está assentada a segunda menor capela do mundo dedicada a N. S. do Perpétuo Socorro.
Araçagy: literalmente, “rio dos araçás”. Citada na Sesmaria nº 930 de 16 de outubro de 1789. Nas suas ilhargas, pegando do nascente para o poente, situava-se a “Data do  Riachão de Banaboié”, conhecida na língua do gentio bravo por “Tanque Grande”. O Araçagy é um dos afluentes do Mamanguape. Em 1725 corria para o sul com as terras de João de Moraes Valcácer.
Banabuié: corruptela de Paná-bebui (borboletas fervilhando). Em que pese as diversas grafias, de onde surgem definições diversas, para o Prof. Clerot “nome dado aos lugares areados, limpos de vegetação onde a água das chuvas conserva-se por muito tempo umedecendo o terreno onde enxame de borboletas brancas e amarelas (...) acodem para beber”.
Cabeço: fazenda de criar gados, localizada na região curimatauzeira de Esperança. Fez parte do espólio do inventário de dona Maria da Penha França, a quem sucedeu Francisca Celina Brandão e Deodato Francisco de Sales Pessoa.
Gravatazinho: nome vulgar e diminutivo de Gravatá (o coroá, rijo), da família das bromélias citado na Sesmaria nº 955 de 24 de janeiro de 1791, onde corria um riacho de mesmo nome.
Lagoa de Pedra: nas proximidades de Esperança, constituía a sesmaria concedida em 1713 a Mateus de Araújo Rocha (Tombo nº 107). Era uma fazenda de criação de gados pertencente ao espólio de Maria da Penha França e que foi adquirida em 1909, pelo Cônego José Antunes Brandão.                                            Lagoa Verde: divisa dos municípios de Esperança-Alagoa Nova. Esta sesmaria do “sertão do Paó” foi concedida em 1725, a Matias Soares Taveira (Tombo nº 199); Logradouro: divisa dos municípios de Esperança-Remígio, pertenceu ao Capitão Matias Francisco Fernandes.
Mamanguape: vale fechado ou vale cercado. Essa sesmaria estava situada nas testadas dos herdeiros de Domingos da Rocha (o Banabuié), concedida em 03 de agosto de 1714 e anotada por Epaminondas Câmara no “sertão do Paó, ribeira do Mamanguape (Hoje município de Esperança)”.
Maniçoba: folha da mani (mandioca) e çoba (rosto). Possui um afloramento que vai até o Sítio Araras (Areial). Na década de 80 foi alvo de disputas de terras. É uma planta da flora esperancense.
Riachão: pertencia ao Capitão Manoel de Christo Pereira da Costa, sogro de Joaquim Virgolino. Consta dos anais da BN que nascia “na povoação de Banabuié no Município d’ Alagoa Nova e correndo de poente a nascente serve de limite entre os municípios daquela vila e da cidade, vai, transpondo a serra a atirar-se no Mamanguape no Município de Alagôa Grande”.
Timbaúba: árvore do timbó (que dá branco ou cinzento), planta da família das sapindáceas e que tem propriedades ictiotóxicas sob os peixes quando lançado nas águas. A viúva Anna de Oliveira e seu filho adjudicaram metade do sítio em 07 de novembro de 1742 (Tombo nº 305), que confinava pelo nascente com o Riacho do Padre e pelo poente com Cosma Tavares (Badallo).

Rau Ferreira

Fontes consultadas:
- CÂMARA, Epaminondas. Os alicerces de Campina Grande: esboço hitórico-social do povoado e da vida, 1697-1864. Edição 3ª. Oficinas Gráficas da Livraria Moderna: 1943.

- TAVARES, João de Lyra, Apontamentos para a historia territorial da Parahyba. Vol. 1. Imp. Official: 1910.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

Silvino Olavo e Mário de Andrade no interior da Paraíba (1929)

“O Turista Aprendiz” é um dos mais importantes livros de Mário de Andrade, há muito esgotado e reeditado em 2015, através do Projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Os relatos de viagens registram manifestações culturais e religiosas coletadas pelo folclorista em todo o Brasil. Este “diário” escrito com humor elevado e recurso prosaico narra as inusitadas visitas de Mário ao Nordeste brasileiro. O seu iter inclui Estados como Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Paraíba. Mário havia deixado o Rio em 3 dezembro de 1928. Embarcou no vapor “Manaus”, com destino ao Recife, onde permaneceu dois dias; e dali seguiu de trem para o Rio Grande do Norte, chegando dia 14 ao Tirol, bairro onde residia Câmara Cascudo (1898-1986), que foi um de seus companheiros de viagem nesse Estado, junto com o jornalista, poeta e crítico de arte Antônio Bento de Araújo Lima (1902-1988). O Álbum de Fotografias (Viagem ao Nordeste Brasileiro 1928-29), pertencen...

Clube CAOBE

O Centro Artístico Operário Beneficente de Esperança – CAOBE foi fundado em 16 de março de 1954. Ao longo de mais de meio século proporcionou lazer e descontração a toda sociedade esperancense. A sua primeira sede social foi em uma garagem alugada na antiga Praça da Bandeira (Praça José Pessoa Filho) onde hoje se situa o Batalhão da Polícia Militar. O sodalício foi idealizado por comerciantes, na sua maioria sapateiros, liderados por Antônio Roque dos Santos (Michelo). Escreve o Dr. João Batista Bastos, ex-Procurador Jurídico Municipal, que: “ o CAOBE nasceu com o objetivo de ser um centro de acolhimento, de lazer, com cunho educativo, onde os filhos e as famílias dos operários, sapateiros, pudessem ter um ambiente, de encontro e de vida social ” (Revivendo Esperança). No local funcionava uma escola para os filhos dos operários, sendo professoras as Sra. Noca e Dilma; com a mudança para a nova sede, a escola foi transferida. A professora Glória Ferreira ensinou para jovens e ad...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...