Nasci na cidade de Esperança, brejo paraibano, de clima
frio, chamada, no princípio de sua fundação, de Banabuié. Aconteceu na rua da
Areia, nº 70.
Fui batizada pelo Padre João Honório, na Igreja Nossa
Senhora do Bom Conselho, recebendo, na pia batismal, o nome de Miriam Celi. Meu
pai queria colocar Magna Celi, como ele já havia registrado, mas o padre não
aceitou. E assim fiquei com dois nomes, sendo que o do registro é o que
acompanha até hoje. Somente, na ocasião do meu matrimônio, o padre me chamou de
Miriam Coeli.
Para os estudos iniciais, meu pai me matriculou no
Externato São José, cuja diretora e proprietária era a professora renomada
Donatila Melo, de didática rígida, usando a palmatória para que os alunos
apresentassem sempre os deveres feitos, além de aprenderem a obedecer aos mais
velhos e a respeitá-los.
[...] Meu pai, José Meira Barbosa, era comerciante de
classe média, com loja de tecido colchões, chapéus, sombrinhas, capotes (capas
grosseiras de chuva) e roupas de carregação feitas por costureiras da
periferia, para serem vendidas à gente de menor poder aquisitivo. O nome da
loja era “O Barateiro”. [...] Minha mãe, Maria Duarte, era professora do Curso
Primário no Grupo Escolar Irineu Jóffily cuja diretora era Dona Lídia [...].
Muito religiosa, minha mãe era franciscana e diria os cânticos das cerimônias
da igreja acompanhando-os com a serafina. Exerceu esta atividade religiosa
durante sessenta anos.
[...] Nós éramos sete irmãs e um irmão: Magna Celi, Lúcia
Maria Benigna Consolata, Terezinha de Jesus, Maria das Graças, Maria de Fátiima
e Paula Francinete e João Bosco.
...
Morávamos em frente à casa do Sr. Antônio Coelho (na
época, Prefeito de Esperança). [...]. Tinham melhor condição financeira que meu
pai. [...]. Meu pai era muito alvo. Chamavam-no alguns de “alemão”.
...
No dia em que [minha mãe] nasceu, em Esperança, os
cangaceiros de Antônio Silvino atacaram a cidade e foram ter seu repasto no
hotel de meu avô, local de morada dele. Vovô os acolheu bem, e vovó, nas suas
agonias, no quarto, sozinha, deu à luz minha mãe. Os cangaceiros respeitaram
todos no hotel, deixando logo a cidade.
...
Havia duas pessoas por quem minha mãe tinha grande
admiração e estima: uma delas era o tio Samuel Duarte, irmão do vovô, meu
tio-avô. Ele era Deputado Federal, uma figura influente no meio político e uma
pessoa de grande coração, que amparou muitos parentes, com empregos públicos. [...];
a outra pessoa querida por minha mãe era Francisco Souto, a quem minha mãe chamava
de “Chiquinho”, casado com Dona Cila. Ele fora dono do cartório com seu nome em
Esperança.
Magna Celi
Referências:
-
CELI, Magna. Saudade, um lugar dentro de mim (memórias). Mídia
Gráfica e Editora. João Pessoa/PB: 2018.
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