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Francisco Tancredo Torres

Francisco Tancredo Torres

 Francisco Tancredo Torres nasceu no município de Esperança, Estado da Paraíba, no dia 17 de abril de 1928, embora conste em seu registro o dia 18 como sendo o seu natalício. Era filho único do casal Joaquim Vitório Torres (seu Quincas) e Leonélia de Gouveia Torres (dona Nely). Foram seus padrinhos Antônio D’Ávila e Yayá, sua tia paterna.

O seu pai era proprietário de uma fazenda na Lagoa de Pedra até que, em meados de 1913, foi nomeado Guarda Civil e, em 1918, foi trabalhar em uma estrada que estava sendo construída entre Soledade e Santa Luzia do Sabugi. Retorna nos anos 20 do Século passado para a Lagoa do Remígio, se estabelecendo no comércio de tecidos e miudezas em geral, com a loja “Flor da Serra”. Mas devido a violência, transfere-a para Esperança. É o próprio Dr. Tancredo quem relata:

“Não teve vida longa, foi efêmera a sua existência. Germinou em Remígio, transplantou-se para Esperança [...]. Era uma das mais destacadas casas comerciais da florescente cidade ‘Lírio da Borborema’ (Diário da Borborema: 10/04/1992).

Depois de passar um tempo na capital, após ter instalado a sua loja, seu Quincas volta para a Fazenda Tanques, dedicando-se à agricultura e pecuária. Casa-se aos 41 anos de idade (1927) com dona Nely e, no ano seguinte, nasceu seu único filho.

O pequeno Francisco foi alfabetizado pela mãe, e após se matricular, destacou-se nas atividades culturais de sua escola primária, escrevendo para o jornalzinho “O Escolar”, da professora remigense Maria Auxiliadora (Dorinha) de Carvalho e Silva, publicando aos nove anos de idade os seguintes textos: A Ronda, Versos Futuristas e Um Sonho. Ele gostava de desenhar, pintar aquarelas e fazer letras góticas.

A família mudou-se para Areia em 1945, tendo Francisco concluído o curso de Técnico Agrícola em 28 de novembro de 1948. Ingressa no serviço público federal no ano seguinte (1949) como Técnico do Posto de Defesa de Fortaleza-CE sendo transferido três anos depois (1951) para a Escola Agrícola João Coimbra, no município de Barreiros-PE, onde também residiu. Foi nessa cidade que ele fundou o jornal “O Labor” (1958).

Além desse, foi responsável pelos seguintes jornais comemorativos: Jubileu de Ouro da religiosa de Madre Iluminaris Allger (1969); jornal dos 30 anos da chegada das Irmãs Alemãs Franciscanas de Dillingen (1977); dos 30 anos de Paroquiato em Areia do Padre Ruy Barreira Vieira (1979), do jubileu de ouro da vida religiosa de Madre Justitia Kaether (1981), do jubileu de ouro das Ciências Agrárias da UFPB (1986).

Idealizou e fundou o jornal paroquial “O Areiense”, e publicou trabalhos nos jornais locais “A Cidade” e “O Jubilar”, como tmbém no Diário da Borborema, n’A União, O Norte e O Momento.

Prestou concurso para o Departamento Administrativo do Serviço Social (DASP), sendo aprovado em 1º lugar, e depois transferido para a EAN (Decreto nº 4.451/58), onde se aposentou após trina anos de serviços prestados.

Tancredo era sócio efetivo do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica; Instituto Histórico de Campina Grande, sócio correspondente da Academia de Letras de Mossoró-RN e da Academia de Letras de Campina Grande e sócio benemérito da Sociedade de Cultura Musical da Paraíba.

Foi diplomado pelas Amigas do Lar de Esperança como um dos destacados esperancenses em vários campos da atividade humana.

Publicou diversos livros e plaquetas, dentre os quais destacamos: Lampejos de uma vida sacerdotal (1994), em cooperação com Dom Epaminondas José de Araújo e Professora Maria das Vitórias Silva; Meio século de música em Areia” 1938 – 1988, 1995; 60 anos da ex-Escola de Agronomia do Nordeste (1996); Homenagem ao Cônego Odilon Benvindo de Almeida e Albuquerque – 150 anos de nascimento (1996); Areia – Paróquia e Pároco – 40 anos (1991); Pedro Américo, (2001); Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques – Educação e Episcopado (1990); Areia e a Abolição da Escravatura (1992) e Manoel da Silva – O Apóstolo da Abolição (1998).

Faleceu em 1º de junho de 1994.

 

Rau Ferreira

 

Referências:

- OLIVEIRA, Júccia nathielle do Nascimento. Véu do tempo: informação e mem´ria no espólio de Francisco Tancredo Torres. Tese apresentada para obtenção do grau de Doutor. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa/PB: 2004.

- SALES, José Borges de. Alagoa Nova: Notícias para sua história. Fortaleza, Gráfica e Editora. 1990.

- SANTOS, Valter Araújo dos. São Sebastião de Lagoa de Roça: Anotações para a sua história. Gráfica Fabrício: 2001.

- SERAFIM, Péricles Vitório. Remígio: Brejos e carrascais. Editora Universitária: 1992.

- Fonte da imagem: https://ccaufpb.wordpress.com/2014/07/01/nota-de-falecimento-tancredo-torres/, acesso em 14/02/2024.

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