Em artigo para o jornal “O Rebate” responde o esperancense Epaminondas Câmara a pergunta “Quantos padres nasceram em Campina Grande”, isso considerado à época da publicação, e sua pesquisa nos idos de 1957.
Ao
início do artigo, nos chama a atenção por ser a cidade rainha a que mais conta
com filhos titulados nas escolas superiores. De fato, Campina possui centros
universitários, e não era de se estranhar, que esse Município se destacasse no
seio acadêmico. E prossegue fazendo um contraponto com o seu objetivo: “Seria
enfadonho se fossemos nomeá-los. Se é grande o número de doutores, é pequeno o
de padres e frades”.
Lembra
o articulista que nos tempos do Império ordenava-se um ou dois membros de cada
família abastarda, “em cuja casa grande havia capela e sacerdotes para os
ofícios divinos; hoje não há mais tal demonstração de fé que tanto brilho
emprestou ao culto público”.
Durante
a monarquia, o Seminário de Olinda, o único no gênero até 1854, conferia as
ordens maiores a inúmeros moços, sem qualquer vocação ou preparo espiritual.
Muitos deles, após certo tempo, abandonavam a batina.
Na
nossa era não é muito diferente. Se voltarmos alguns anos atrás, podemos
observar que os rapazes de famílias carentes viam nesse ofício uma forma de
adquirir instrução e, quando se formavam (ou antes disso), se dedicavam ao
ensino religioso ou partiam para outras profissões.
Em
nossa cidade temos alguns exemplos, porém não citaremos aqui por zelo aos tais.
Epaminondas
defende que à medida que os seminários foram se formando, tais como os de
Fortaleza (1854) e da Paraíba (1894), os seus dirigentes preferiram à qualidade
à quantidade, diminuindo o número de padres ordenados, porém conferindo-lhes
genuína e profunda vocação. Pondera também um certo desinteresse dos jovens
ricos, com raríssimas exceções; e dos carentes, os quais se ordenam, na sua
maioria, mantidos pela benemérita OVS – Obra das Vocações Sacerdotais.
Assim,
inicia o escritor a sua lista justificando eventual omissão “ou pelo fato de
algum deles não ter nascido no município, notadamente os de Pocinhos, hoje
cidade e comarca, e que talvez os seus filhos não mais se considerem
campinenses, apesar do desmembramento ter ocorrido há poucos anos”.
Vejamos
o rol de padre campinenses, na pena de Epaminondas Câmara: João Jóffily; Manoel
Pereira da Costa; João da Silva Coutinho; Francisco Alves Pequeno; João Gomes
Maranhão; Oscar Cavalcanti; Antônio Muniz da Silva; João Gomes da Silveira
Marreca; João Barbosa Camelo; José Gonçalves Ouriques; José Joaquim Xavier
Sobreira, Graciliano de Melo Leitão; Santino Maciel de Araíde; Bento Maria
Pereira de Barros; Moisés Ferreira dos Santos; Francisco Torres Brasil; Afonso
Rodrigues da Silva; Epitácio Dias de Araújo; Cornélio Belo; Manoel Palmeira da
Rocha; José Aires; José Bonifácio de Araújo; Antônio Nóbrega; Torquato Catão;
João Batista Vilar; Manoel Gabínio de Carvalho e João Batista Pereira da Costa.
João
Irineu Jóffily (1878/1950) foi Arcebispo de Belém do Pará-PA de 1925 à 1931,
tendo como lema episcopal “In domino confido”. Era filho de Irineu
Ceciliano Pereira Jóffily e Raquel Olegária Torres Jóffily.
Manoel
Pereira da Costa foi Bispo de Campina Grande-PB de 1962 à 1981. Embora natural
de Pocinhos-PB, foi contado como filho de Campina, pois à época esse município
ainda não havia sido emancipado, como ressalva o próprio Epaminondas. O seu
lema episcopal era “ignem amoris accende”. Era filho de Libânio Pereira
da Costa e Vicência Pereira da Costa. Lecionou Filosofia e Teologia e foi
vice-reitor do Seminário de João Pessoa-PB.
Dos
padres nascidos em Campina Grande, pelo menos um foi vigários em nossa cidade:
Manoel Palmeira da Rocha, que dispensa qualquer apresentação e comentários.
Rau
Ferreira
-
CÂMARA, Epaminondas. Evolução do Catolicismo na Paraíba – aos 500 anos da
descoberta do Brasil. Edições Caravela. Secretaria de Educação. Campina
Grane/PB: 2000.
-
O REBATE, Jornal. Edição de 04 de outubro. Campina Grande-PB: 1957.
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