Pular para o conteúdo principal

Celeiro de cantadores

Esses dias me deparei com a notícia de Arnaldo Cipriano, cantador afamado que participou do VI Congresso de Nacional de Violeiros acontecido entre os dias 6 a 9 de setembro 1979, no Município de Campina Grande, produzido pela Associação de Repentistas e Poetas Nordestinos com o apoio da Furne.
O poeta estava inscrito como representante de Esperança, para exibição de quatro minutos, sem contagem de ponto, para declarar um dos gêneros sorteados na competição (Rojão Pernambucano, Meia quadra, Toada alagoana, Gabinete, Quadrão perguntado e Martelo alagoano). Dentre os participantes, Otacílio Batista, Palmirinha, Fenelon Dantas, João Paraibano, Louro Branco entre outros.
Arnaldo tocou muito em Esperança no “hotel de Dona Bina, no antigo beco de Chico Bezerra” (Inácio Gonçalves), pois lá tinha “um repente... no beco aos sábados... muitos paravam para ver” (Sandro Andrade). Com efeito, muitos cantadores adotaram Esperança como morada, passando a residir neste Município que era muito acolhedor para os poetas.
As melhores cordas eram vendidas aqui, na miudeza de seu Patrício; e também havia os afinadores de viola, que também praticavam o conserto do instrumento que era o ganha pão dos repentistas.
Não é demais lembrar que Esperança é o berço dos cantadores, pois aqui nasceu o precursor da poesia matuta João Benedito, cujos veros inéditos trago a seguir:
Sou por João conhecido
A cantoria é quem me faz
Benedito o destemido
Homem de guerra e de paz”.

Também me deparei, nessa mesma pesquisa, com outro cantador, natural de Esperança: AURÉLIO CARNEIRO DO NASCIMENTO. Poeta repentista nascido em 15 de outubro de 1925, filho de Manoel Carneiro do Nascimento e Maria da Conceição do Nascimento. Casou-se com Olindina dos Santos, fixando morada em Currais Novos/RN.
Em sua biografia consta os seguintes trabalhos: “O Vaqueiro no Passado”; “Palestra Linda” e “O Xote de Moda Nova”.

Rau Ferreira

Referências:
- COSTA, Gutemberg. Dicionário de poetas cordelistas do RN: poetas populares, folhetos, xilógrafos, biografias, iconografia, glossário e assuntos afins. Vol. XXI da Coleção Queima Bucha. Ed. Queima Bucha: 2004.
- DIÁRIO DE PERNAMBUCO, Jornal. Edição de 31 de agosto de 1979.

- TERRA MÃE, Esperança. Grupo Fechado. Facebook. Comentários: Ônio Lyra, Inácio Gonçalves e Sandro Andrade. Em 09/12/2017.

Comentários

  1. Acompanho, como bem sabes, toda a sua luta por estes temas (cultura, Esperança...) na qual firmamos parceria, formamos pareia. Por isso me sinto a vontade e sugiro aqui pequena revisão, substituindo o artigo definido "o" pelo indefinido "um" na afirmação que se segue "Não é demais lembrar que Esperança é o berço dos cantadores, pois aqui nasceu o precursor da poesia matuta João Benedito..." passando a incluir o poeta em pauta no rol dos precursores, já que neste trabalho não se apresenta elementos que confirmem João Benedito como "o" precursor.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco

Esperança: Sítios e Fazendas

Pequena relação dos Sítios e Fazendas do nosso Município. Caso o leitor tenha alguma correção a fazer, por favor utilize a nossa caixa de comentários . Sítios, fazendas e propriedades rurais do município Alto dos Pintos Arara Arara Baixa Verde Barra do Camará Benefício Boa Vista Boa Vista Cabeça Cacimba de Baixo Cacimba de baixo Caeira Cajueiro Caldeirão Caldeiro Caldeiro Campo Formoso Campo Santo Capeba Capeba Carrasco Cinzas Coeiro Covão Cruz Queimada Furnas Granja Korivitu Gravatazinho Jacinto José Lopes Junco Lages Lagoa Comprida Lagoa da Marcela Lagoa de Cinza Lagoa de Pedra Lagoa do Sapo Lagoa dos Cavalos Lagoa Verde Lagoa Verde Lagoinha das Pedras Logradouro Malhada da Serra Manguape Maniçoba Massabielle Meia Pataca Monte Santo Mulatinha Pau Ferro Pedra Pintada Pedrinha D'água Pintado Punaré Quebra Pé Quixaba Riachão Riacho Am