Pular para o conteúdo principal

Pedro Pichaco e a venda garantida

Pedro Pichaco sempre aprontava das suas, conseguindo se desvencilhar graças a sua sagacidade. Esta é mais uma daquelas histórias que permeiam o imaginário popular, não obstante já tenha o mandrião consagrado grandes façanhas como “O homem que vira macaco”.
Pois bem. Certa feita apareceu Pedro na feira de troca em Esperança, espaço conhecido pela comercialização de coisas usadas.
Lá você encontra de tudo, de bicicleta a furadeira; de pneu de carroça a disco de vinil. Bem perto há uma barraca de cachaça, uns  meninos jogando peão e as “damas” chegadas da noite que vão em busca de velhos agricultores angariando algum tostão pobre.
Nesse cenário chega Pedro com uma vitrola oferecendo-a a pouco réis. O produto era vistoso: rádio e toca-discos, armário de madeira, alto-falante de 12 polegadas, com tampa e tudo. Zé de Facheiro que frequentava o ambiente, logo se interessa pra fazer um agrado a mulher. Ajustado o preço, coloca Zé a radiola num carro de mão e vai prá casa todo satisfeito.
Ao chegar em sua residência, qual não fora a surpresa, pois o eletro não deu sinal de vida. Quando muito dava uns chiados, com as estações fora de sintonia. O toca-discos nem se mexia, para a decepção de Zé. Após levar uns breques da mulher, Zé correu de volta a feira onde encontra Pedro tomando umas bicadas:
- Pedro seu ladrão! Esse troço é imprestável, quero meu dinheiro de volta.
- Espere aí, aqui não existe devolução não! Você comprou foi coisa boa, garantida!!
- É por isso que exijo meu dinheiro de volta! Quero fazer valer minha garantia.
- Espere aí, Zé. Garantia não te dei. Eu disse que a radiola era garantida, e se você observar bem, pode ver que essa é a marca dela. Agora se você quer um produto com garantia, vá comprar lá em Campina, que o lojista pode lhe dar a carta.
É que Pedro tinha essa mania de jogar com as palavras, levando o desavisado a erro. Nesse caso, havia colocado uma placa com o nome “Garantida” na radiola para enganar qualquer inocente. Quando Zé se deu por conta da safadeza a confusão já estava feita, o resultado não fora outro senão acabar Pedro na prisão. Ao chegar no xilindró, foi recebido por Melão:
- Você de novo Pedro?!
- O que eu posso fazer, seu poliça se o povo  não entende de negócio. Eles compram, depois a mulher desmancha e quem paga o pato sou eu!


Rau Ferreira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

História de Massabielle

Capela de Massabiele Massabielle fica a cerca de 12 Km do centro de Esperança, sendo uma das comunidades mais afastadas da nossa zona urbana. Na sua história há duas pessoas de suma importância: José Vieira e Padre Palmeira. José Vieira foi um dos primeiros moradores a residir na localidade e durante muitos anos constituiu a força política da região. Vereador por seis legislaturas (1963, 1968, 1972, 1976, 1982 e 1988) e duas suplências, foi ele quem cedeu um terreno para a construção da Capela de Nossa Senhora de Lourdes. Padre Palmeira dispensa qualquer apresentação. Foi o vigário que administrou por mais tempo a nossa paróquia (1951-1980), sendo responsável pela construção de escolas, capelas, conclusão dos trabalhos do Ginásio Diocesano e fundação da Maternidade, além de diversas obras sociais. Conta a tradição que Monsenhor Palmeira celebrou uma missa campal no Sítio Benefício, com a colaboração de seu Zé Vieira, que era Irmão do Santíssimo. O encontro religioso reuniu muitas...